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MAJU COTRIM: Com estrutura antes nunca vista, Festa da Rapadura fortalece protagonismo raiz e mostra que o Tocantins dos quilombos não pode ser tratado como “invisível”

Foto: Marco Jacob/Gazeta do Cerrado

Do Prata- Maju Cotrim

Quantas comunidades quilombolas no Tocantins? O que são quilombos? Qual a importância destas comunidades para a cultura e sociedade? Perguntas simples que talvez muitos não vão saber responder porque desconhecem ainda em pleno 2022 os efeitos e história do protagonismo quilombola num Estado 74% negro, segundo o próprio IBGE.

Há oito anos as tradições e raizes culturais quilombolas são festejadas através da Festa da Rapadura na comunidade Prata, que fica no município de São Félix. A festa, que geralmente dura três dias, é na verdade uma exposição e troca cultural não só do processo de fazer a rapadura mas principalmente da cultura da comunidade. Este ano o festejo ocorreu de 1º a 3 de julho e a Gazeta foi o único veículo do Estado a cobrir a festa com produção de conteúdo especial.

Após dois anos sem o evento, que é o principal da comunidade, este ano a festa voltou com tudo. Logo na entrada placa grande bilíngue informando o nome e serviços oferecidos na comunidade. Acredite: nos anos anteriores não tinha.

Uma comunidade organizada, sedenta por mostrar seu trabalho e receber bem os turistas abriu as portas para a interação cultural. Este ano a festa teve uma estrutura nunca vista com barracas montadas para cada iguaria gastronômica. Tudo isso foi possível através do projeto “Energia para crescer” da Enegisa e do SEBRAE que além de cuidar da estrutura do evento para a comunidade, foi o responsável por capacitar e melhorar os produtos.

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Conforme a presidente da Associação Comunitária Quilombola dos Extrativistas Artesãos e Pequenos Produtores do Povoado do Prata, Luzia Passos, este ano a comunidade conseguiu ampliar as vendas dos produtos.

Foto: Marco Jacob/Gazeta do Cerrado

As agências de turismo levaram os visitantes que se encantaram com o turismo de base comunitária, com Sr Juracy que faz rapadura desde os 10 anos de idade e que faz questão de receber todos bem na sua casa que é um restaurante e também uma fábrica de rapadura.

O movimento na comunidade este ano foi intenso, o artesanato com fluxo de vendas, a alimentação um sucesso total e a programação cultural que animou com forró e muita música tocantinense boa. O prefeito Carlão, que tem forte ligação com o quilombo e apoiador do evento , estava lá cumprimentando todos e fazendo questão de mostrar que não se faz gestão sem fortalecer o quilombo.

Foto: Marco Jacob/Gazeta do Cerrado

O protagonismo da festa é dos quilombos mas cabe ao Tocantins oferecer as políticas de valorização de respeito á história e tradição. O “Energia para crescer” já gera frutos no empoderamento econômico comunitário mostrando que com oportunidade e políticas é possível gerar renda e melhorar a economia das comunidades tradicionais.

Foto: Marco Jacob/Gazeta do Cerrado

Estamos em ano eleitoral e quase nenhum pré-candidato que se propõe a governar o Tocantins foi prestigiar a festa. Fica o alerta que não existe um Estado forte sem celebrar a cultura quilombola e sem apoiar e divulgar este aspecto.

O Tocantins cultural dos quilombos não é invisível e precisa ter a atenção institucional que merece!

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