A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira 19, no Tocantins, a Operação Catilinárias. O trabalho, realizado em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), tem como objetivo investigar irregularidades em contratos de transporte escolar executados em municípios tocantinenses. Conforme a investigação, o esquema envolvia rotas fantasmas e acréscimo de quilometragem como forma de levantar dinheiro para o pagamento de propina a políticos. O valor pode chegar a R$ 5milhões.
Tudo foi desvendado depois que um empresário fez um acordo de delação com o Ministério Público Federal.
Ex- gestores de Araguaína, Araguatins, Babaçulândia, Filadélfia, Goiatins, Nova Olinda, Riachinho, São Bento e Xambioá são os alvos.
Estão sendo cumpridos 73 mandados de busca e apreensão em 9 cidades do Tocantins, além de 5 medidas de afastamento da função pública e proibição de acesso a órgãos públicos. Os trabalhos contam com a participação de 260 policiais federais e de 11 auditores da CGU.
Além de Ronaldo Dimas, também foram alvos de mandado de busca e apreensão os ex-prefeitos José Pedro Sobrinho (Nova Olinda); Antônio Luiz Pereira Silveira (Goiatins); Francisco da Rocha Miranda (Araguatins), Lindomar Lisboa Madalena (Araguatins); Edenilson da Silva e Sousa (Filadélfia), Ivanilzo Gonçalves de Alencar – Mizô (Filadélfia); Claudivan da Silva Tavares (São Bento); Silvia Ferreira Chaves Machado (Xambioá); Diva Ribeiro de Melo (Riachinho).
As irregularidades foram identificadas pela CGU durante apurações realizadas em 2017 nos municípios de Araguaína e Gurupi, no âmbito do 4º Ciclo do Programa de Fiscalização em Entes Federativos. Os auditores da CGU identificaram indícios de montagem processual, simulação de pesquisas de preços e restrição à competitividade nos processos licitatórios analisados. Gurupi não é alvo da operação.
No decorrer das investigações, a PF identificou que a empresa responsável pelo transporte escolar dos nove municípios teria desviado, no período de 2013 a 2018, mais de R$ 23 milhões do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE). Os indícios foram reforçados através de provas obtidas por meio de acordo de colaboração premiada firmado entre a empresa e o Ministério Público Federal (MPF).
Os investigadores revelaram a existência de rotas fantasmas e adulteração de documentos nos processos para permitir o recebimento de recursos por serviços não prestados, assim como o pagamento de mais de R$ 5 milhões em vantagem indevida a ex-prefeitos e ex-secretários.
A empresa envolvida recebeu mais de R$ 105 milhões dos cofres públicos municipais entre os exercícios de 2013 a 2018. A má aplicação desses recursos restringe o direito de acesso à educação de alunos da educação básica residentes em área rural. Somente em 2018, 5.835 alunos estavam matriculados nas escolas municipais rurais dos municípios investigados.
Os investigados poderão responder pelos crimes de fraude à licitação (art. 90 da lei 8.666/93), desvio de recursos públicos (art.1º, I e II do decreto-lei 201/67), organização criminosa (art.2º da lei 12.850/13), falsidade ideológica (art. 299 do CP), corrupção ativa (art. 333 do CP), corrupção passiva (art. 317 do CP) e lavagem de dinheiro (art.1º da lei 9.613/98) cujas penas máximas somam até 63 anos de pena privativa de liberdade.
Catilinárias são uma série de quatro discursos célebres de Cícero, o cônsul romano Marco Túlio Cícero, pronunciados em 63 a.C. Os discursos são um ato de denúncia contra a conspiração pretendida pelo senador Lúcio Sérgio Catilina, que logo de início destila: “Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?”
O que diz Ronaldo Dimas
Em relação a operação realizada na manhã desta quinta-feira em Araguaína, esclarecemos que, pelas primeiras informações apuradas, a decisão não aponta qualquer conduta ilegal do ex-prefeito Ronaldo Dimas.
Houve pedido de busca e apreensão de documentos em seu escritório. Os advogados estão acompanhando e colaborando com as autoridades.
Conforme consta na decisao, a investigação se refere a suposta conduta irregular de servidores da Secretaria de Educação entre os anos 2013 e 2018.
Não há nenhuma outra medida cautelar, nem mesmo pedido, contra o ex-prefeito Ronaldo Dimas.
Atenciosamente,
Assessoria de Imprensa de Ronaldo Dimas
A Gazeta do Cerrado tenta contato com os outros citados na reportagem e ressalta que o espaço está aberto para posicionamento caso haja interesse.
O que a Prefeitura de Xambioá
Prefeitura Municipal de Xambioá, comprometida com uma gestão eficiente e transparente, em respeito à sociedade xambioaense, esclarece que a Operação da Polícia Federal ocorrida no dia de hoje no Município, apura supostos desvios de recursos públicos no âmbito do transporte escolar e, no caso especifico de Xambioá, o período objeto da investigação é de 2013 a 2016, ou seja, na gestão da ex-Prefeita do Município.
Esclarecemos, ainda, que os atuais gestores e demais servidores, no momento da operação, se colocaram à disposição da Autoridade Policial, contribuindo com a disponibilização de documentos e informações requisitadas.
Xambioá/TO, 19 de maio de 2.022.