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Mergulhos para procurar vítimas são retomados após instalação de sensores em pilares de ponte que caiu na divisa entre TO e MA

Dnit informou que conduzirá medições a cada meia hora para acompanhar a situação. Suspensão aconteceu após órgão identificar risco de desabamento.

As operações de mergulho próximo aos pilares da ponte que desabou entre o Tocantins e o Maranhão foram retomadas neste sábado (28). As buscas pelos corpos das vítimas submersas haviam sido parcialmente suspensas, após o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) identificar movimentação da estrutura dos dois lados da ponte, causando risco de novos desabamentos.

Conforme a Marinha do Brasil informou na manhã deste sábado (28), 10 mortes foram confirmadas até o momento e sete pessoas continuam desaparecidas. Além destas vítimas, um homem foi resgatado com vida.

Foram instalados equipamentos nos pilares para medir possíveis abalos na estrutura e garantir a segurança dos mergulhadores. O Dnit informou que conduzirá medições a cada meia hora para acompanhar a situação.

Conforme o Almirante Coelho Rangel, coordenador das operações de busca e resgate e Chefe do Estado-Maior do 4º Distrito Naval da Marinha, a operação foi suspensa na manhã de sexta-feira (27), na área próxima aos pilares da ponte. Mas equipes continuaram os trabalhos com lanchas, jet skis e por terra, seguindo o leito do rio, até que fosse considerado seguro retomar os mergulhos próximo aos escombros.

O centro de Coordenação de Busca e Resgate retomou as ações de mergulho às 07h50 deste sábado, segundo a Marinha.

 


Equipamentos instalados em pilares da ponte entre TO e MA para medir risco de desabamento da estrutura — Foto: Sirley Freitas

 

Equipamentos para mergulho em águas profundas

 

Segundo o Almirante Coelho Rangel, após a delimitação do raio de segurança a equipe de busca fará uso de uma câmara hiperbárica para auxiliar em casos de acidente em águas profundas. Os aparelhos foram montados na manhã desta sexta-feira. A profundidade do Rio Tocantins, que tem cerca de 48 metros, têm dificultado as buscas.

O equipamento foi trazido do Rio de Janeiro para o local do acidente por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na quinta-feira (26). A câmara é utilizada em casos de mergulho em águas profundas, quando ocorre a chamada doença descompressiva.

“Em águas profundas, nós colocamos o equipamento de mergulho dependente com suprimento de ar em mangueiras em um capacete. Então, a gente otimiza muito o uso do mergulhador lá embaixo. Quando ele volta à superfície, precisa fazer as descompressões. Mas caso ele passe mal lá embaixo, não vai conseguir passar pelas etapas. Então, ele é colocado dentro da câmara hiperbárica e vai fazer essas etapas de compressão nas pressões estabelecidas. Isso traz total segurança para o mergulho”, explicou o almirante.
Em mergulho de águas profundas, o oxigênio é distribuído por meio de mangueiras acopladas no capacete do mergulhador, o que garante mais tempo submerso em comparação às ampolas de oxigênio que são utilizadas em águas rasas.

Além disso, no também chamado de mergulho dependente, a equipe de supervisão consegue ter acesso às imagens aquáticas em tempo real e pode guiar o mergulhador durante a submersão. A estratégia será utilizada para localizar os corpos das vítimas.

“Nossa prioridade desde que chegamos é a busca dos desaparecidos. Nós encontramos dois corpos que estão lá embaixo, mas não conseguimos removê-los, porque precisamos de mais tempo lá pra poder fazer a movimentação dos escombros que estão comprimindo o carro. Então, esse equipamento vai permitir colocar o mergulhador mais tempo lá, no fundo do rio”, diz o almirante.

Os veículos submersos devem ser retirados após os corpos das vítimas serem resgatados.

 

Desabamento

 

A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira desabou na BR-226, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Nas imagens feitas com um drone e divulgadas nas redes sociais, é possível ver o estrago causado com o desabamento. A Polícia Federal apura as responsabilidades pela queda da estrutura.

O momento em que a estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista, ele contou que está em choque e que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias do local.

Entre os veículos que caíram da ponte estão quatro caminhões, sendo que dois carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico, outro 22 mil litros de defensivos agrícolas e um estava transportando madeirite.

Uma força-tarefa foi criada para identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.

O DNIT informou que, entre novembro de 2021 e novembro de 2023, manteve um contrato de manutenção das vigas, laje, passeios e pilares de estrutura no valor de R$ 3,5 milhões. Já outro contrato, com vigência até julho de 2026, “prevê a execução de serviços para melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança”. O departamento disse que, em maio de 2024, lançou um edital de quase R$ 13 milhões para contratação de empresa para obras de reabilitação da ponte, mas nenhuma empresa venceu o certame.

O ministro dos Transportes Renan Filho anunciou a reconstrução da ponte no prazo de um ano, com investimento entre R$ 100 a R$ 150 milhões. Também foi decretada situação de emergência para facilitar os trâmites burocráticos para a atuação das equipes, incluindo a demolição da estrutura existente.

 

Vítimas

 

Vítimas da queda da ponte JK – Foto: Reprodução

 

Jairo Silva Rodrigues, 36 anos – resgatado com vida após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, ele foi levado para um hospital em Estreito (MA) com uma fratura na perna

Lorena Rodrigues Ribeiro, 25 anos – corpo resgatado no domingo, 22, encaminhado para Núcleo de Medicina Legal de Araguatins e liberado no mesmo dia

Lohanny Cidronio de Jesus, 11 anos – corpo resgatado na terça-feira, 24, e encaminhado para o IML do Maranhão

Kecio Francisco Santos Lopes, 42 anos – resgatado na terça-feira, 24, encaminhado para Núcleo de Medicina Legal de Tocantinópolis e já liberado aos familiares

Andreia Maria de Sousa, 45 anos – corpo resgatado na terça-feira, 24, encaminhado para Núcleo de Medicina Legal de Tocantinópolis e já liberado aos familiares

Anísio Padilha Soares, 43 anos – corpo resgatado na quarta-feira, 25, encaminhado para a estrutura do Núcleo de Medicina Legal de Tocantinópolis, montada em Aguiarnópolis e já liberado aos familiares

Silvana dos Santos Rocha Soares, 53 anos – corpo resgatado na quarta-feira, 25, encaminhado para a estrutura do Núcleo de Medicina Legal de Tocantinópolis, montada em Aguiarnópolis e já liberado aos familiares

Rosimarina da Silva Carvalho, 48 anos – corpo localizado na noite de quinta-feira, 26, encaminhado para a estrutura do Núcleo de Medicina Legal de Tocantinópolis e já liberado aos familiares

Elisangela Santos das Chagas, 50 anos – corpo localizado na noite de sexta-feira, 27, encaminhado para IML do Maranhão

 

Desaparecidos

 

 

– Beroaldo dos Santos, 51 anos

– Alessandra do Socorro Ribeiro, 50 anos

– Salmon Alves Santos, 65 anos

– Felipe Giuvannucci Ribeiro, 10 anos

– Cássia de Sousa Tavares, 34 anos

– Cecília Tavares Rodrigues, 3 anos

– Marçon Gley Ferreira

– Gessimar Ferreira, 38 anos

– Ailson Gomes Carneiro, 57 anos

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