Janeiro é o mês internacionalmente dedicado à conscientização sobre o câncer de colo de útero. A doença, que no mundo mata 300 mil mulheres por ano, é evitável e pode ser tratada antes mesmo de se desenvolver. O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de colo de útero é a infecção pelo Papilomavírus Humano, o HPV.
Conceito
O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 90% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (cerca de 10% dos casos).
É uma doença de desenvolvimento lento, que pode cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.
Magnitude
Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, excetuando-se os casos de pele não melanoma. Ele é responsável por 265 mil óbitos por ano, sendo a quarta causa mais freqüente de morte por câncer em mulheres.
No Brasil, são esperados 16.370 casos novos, com um risco estimado de 17,11 casos a cada 100 mil mulheres. É a terceira localização primária de incidência e de mortalidade por câncer em mulheres no país, excluído pele não melanoma. Em 2015, ocorreram 5.727 óbitos por esta neoplasia, representando uma taxa de mortalidade ajustada para a população mundial de 5,13 óbitos para cada 100 mil mulheres.
As taxas de incidência estimada e de mortalidade no Brasil apresentam valores intermediários em relação aos países em desenvolvimento, porém são elevadas quando comparadas às de países desenvolvidos com programas de detecção precoce bem estruturados. Países europeus, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália apresentam as menores taxas, enquanto países da América Latina e, sobretudo, de regiões mais pobres da África, apresentam valores bastante elevados. Segundo o Globocan, cerca de 85% dos casos de câncer do colo do útero ocorrem nos países menos desenvolvidos e a mortalidade por este câncer varia em até 18 vezes entre as diferentes regiões do mundo, com taxas de menos de 2 por 100.000 mulheres, na Ásia Ocidental e de 27,6 na África oriental.
Na análise regional, o câncer do colo do útero se destaca como o primeiro mais incidente na região Norte do Brasil, com 23,97 casos por 100.000 mulheres. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, ele ocupa a segunda posição, com taxas de 20,72/100 mil e 19,49/100 mil, respectivamente, e é o terceiro mais incidente na região Sudeste (11,3/100 mil) e quarto na Sul (15,17/100 mil).
Quanto à mortalidade, é também na região Norte que se evidenciam as maiores taxas do país, sendo a única com nítida tendência temporal de crescimento (figura 1). Em 2015, a taxa padronizada pela população mundial foi de 12,2 mortes por 100.000 mulheres, representando a primeira causa de óbito por câncer feminino nesta região. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, onde este câncer representou a terceira causa, as taxas de mortalidade foram de 6,15/100 mil e 6,62/100 mil. As regiões Sul e Sudeste tiveram as menores taxas (4,85/100 mil e 3,68/100 mil) representando a sexta colocação entre os óbitos por câncer em mulheres.
O câncer do colo do útero é raro em mulheres até 30 anos e o pico de sua incidência se dá na faixa etária de 45 a 50 anos. A mortalidade aumenta progressivamente a partir da quarta década de vida, com expressivas diferenças regionais.
Exames
Quando o resultado do exame para detecção do vírus HPV é positivo, significa que a pessoa possui o vírus, mas não necessariamente possui câncer ou sintomas, podendo não ser necessária a realização de tratamento. Quando o exame para HPV é negativo, significa que a pessoa não está infectada pelo Papiloma Vírus Humano.
O exame mais solicitado para diagnóstico da presença do vírus HPV na mulher é o Papanicolau, em que é realizada uma raspagem do colo do útero, com auxílio de um instrumento semelhante a um cotonete, e o material é enviado para o laboratório para análise. Apesar de ser um exame fundamental para avaliar a saúde da mulher, o Papanicolau não é suficiente para diagnosticar o câncer de colo de útero, por exemplo, e nem determinar os subtipos do vírus HPV, sendo necessário realizar outros exames, como por exemplo:
- Exame clínico, em que o ginecologista a região íntima da mulher para identificar qualquer verruga, lesão ou alteração possivelmente causada pelo vírus HPV;
- Captura híbrida, que é um exame molecular que consiste em retirar pequenas amostras das paredes da vagina e do colo do útero, para analisar a presença de DNA do HPV na célula. Este teste ajuda a identificar o HPV de baixo ou alto risco, quando há alterações no papanicolau. Saiba mais sobre a Captura híbrida.
- Colposcopia, que é um exame também considerado preventivo e consiste em realizar a biópsia do tecido do colo uterino que tenha lesão vista pelo colposcópio. Normalmente esse exame é indicado quando há visualização de células alteradas no microscópio;
- Exames de sangue, que podem ser úteis para identificar infecções e a presença de vírus dentro das células. Normalmente antes da realização do exame se sangue para HPV, o médico solicita abstinência sexual por 3 dias.
Os exames para HPV feminino é importante para iniciar o tratamento da doença e diminuir as chances de câncer do colo do útero. Saiba como é feito o tratamento para HPV.