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No Tocantins, 29% dos habitantes receberam auxílio emergencial em razão da pandemia

Um levantamento feito pelo G1 revela que pelo menos 1/4 dos habitantes de 3.547 dos 5.570 municípios do Brasil recebeu o Auxílio Emergencial criado durante a pandemia do novo coronavírus. A primeira parcela do benefício de R$ 600 (ou R$ 1.200 para mães solteiras) foi paga a 48.720.875 pessoas em abril e 5.198.765 em maio deste ano.

Os dados são resultado de um cruzamento da base de dados de pagamentos do auxílio emergencial, disponível no Portal da Transparência desde quinta-feira (4), e a mais recente estimativa populacional do IBGE por município (de 2019).

A metade desses municípios com taxas mais altas de beneficiários está localizada no Nordeste (1.780 de 3.547). Ainda nessa região, em sete estados pelo menos 1/3 dos habitantes recebeu o benefício: Piauí (35%), Bahia (34%), Maranhão (34%), Ceará (34%), Paraíba (33%), Sergipe (33%) e Pernambuco (33%).

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Já os estados com os menores índices de beneficiários por habitantes são Santa Catarina (16%), Rio Grande do Sul (18%), São Paulo (21%) e Paraná (21%). O Distrito Federal também teve um percentual menor: 19%.

Percentual de habitantes que receberam o auxílio

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UF Habitantes Benefícios Percentual
PI 3.273.227 1.161.197 35%
BA 14.873.064 5.063.679 34%
MA 7.075.181 2.384.724 34%
CE 9.132.078 3.060.250 34%
PB 4.018.127 1.342.407 33%
SE 2.298.696 758.444 33%
PA 8.602.865 2.836.789 33%
PE 9.557.071 3.136.033 33%
AL 3.337.357 1.065.914 32%
RN 3.506.853 1.102.658 31%
AP 845.731 264.364 31%
AC 881.935 274.545 31%
AM 4.144.597 1.268.420 31%
RR 605.761 183.974 30%
TO 1.572.866 449.549 29%
RO 1.777.225 470.754 26%
RJ 17.264.943 4.304.747 25%
MT 3.484.466 867.639 25%
ES 4.018.650 989.632 25%
GO 7.018.354 1.724.620 25%
MS 2.778.986 658.276 24%
MG 21.168.791 4.954.629 23%
PR 11.433.957 2.421.280 21%
SP 45.919.049 9.419.128 21%
DF 3.015.268 563.192 19%
RS 11.377.239 2.024.853 18%
SC 7.164.788 1.167.670 16%

Entre os municípios, o maior percentual de beneficiários foi registrado em Severiano Melo (RN). Há 2.658 benefícios na cidade que tem estimativa de 2.440 habitantes (o número do IBGE é uma estimativa e, por isso, pode haver diferença). As pessoas receberam, em média, R$ 718.

Já em segundo lugar o município com mais beneficiários é Maetinga (BA), onde 2.929 dos 3.161 habitantes receberam o auxílio emergencial. O valor médio do benefício foi de R$ 593.

Em seguida, Campos Verdes (GO) teve o terceiro maior índice: 1.897 dos 2.141 habitantes conseguiram o auxílio emergencial. O benefício foi, em média, de R$ 648.

A base de dados do Portal da Transparência não informa o município nem a unidade federativa quanto a 273 beneficiários do auxílio emergencial.

Veja os 10 municípios com as taxas mais altas:

Percentual de habitantes que receberam o auxílio

Município Habitantes Benefícios Percentual
Severiano Melo (RN) 2.440 2.658 109%
Maetinga (BA) 3.161 2.929 93%
Campos Verdes (GO) 2141 1.897 89%
Amapá (AP) 9.109 7.935 87%
Lajedo do Tabocal (BA) 3.783 3.294 87%
Japurá (AM) 2.755 2.082 76%
Jacareacanga (PA) 8.239 5.675 69%
Junco do Maranhão (MA) 3.432 2.321 68%
Altamira do Paraná (PR) 1.942 1.222 63%
Assis Brasil (AC) 7.417 4.565 62%

‘Auxílio necessário’

A cientista política Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da USP e diretora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), afirma que o auxílio emergencial é muito importante durante a pandemia, quando o isolamento social é necessário para evitar a disseminação do novo coronavírus. Para ela, porém, faltava um “ajuste muito mais fino no desenho do programa” ao considerar, por exemplo, também as condições de cada família, como o número de filhos.

“Para muitas pessoas, que tinham renda superior a R$ 600 e ficaram sem renda, esse auxílio é insuficiente, porque ele é 60% do salário mínimo [R$ 1.045 em 2020]. É um valor bem pequeno. De qualquer maneira, seria pior sem ele. É um auxílio necessário e deveria ser mantido enquanto nós tivermos os efeitos econômicos da pandemia em andamento”, diz.

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A cientista política destaca ainda que essa é uma oportunidade de repensar a estratégia brasileira de transferência de renda. “Temos benefícios pulverizados que poderiam ser repensados em uma estratégia única. Há um debate de uma renda básica, mas, passada a emergência da pandemia, que não sabemos quanto tempo vai durar, seria necessário repensar a estratégia de transferência de renda [Bolsa Família, abono salarial, seguro-desemprego].”

Fonte: G1 Nacional

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