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Operação Acrônimo: Após depôr na PF, Eduardo Siqueira diz que acusações são infundadas

Após prestar esclarecimentos na superintendência da Polícia Federal em Palmas, nesta quarta-feira, 30, o deputado Eduardo Siqueira Campos (DEM) reafirmou que não foi acusado de ter recebido diretamente qualquer vantagem indevida e que também não crê que qualquer pessoa que tenha com ele trabalhado como agente publico o tenha feito. O parlamentar acredita que a acusação às pessoas citadas são infundadas e que as investigações provarão isso. O deputado disse também que não existem acusações diretas a ele.

Eduardo Siqueira afirmou também que, enquanto homem público, entende ter a obrigação de prestar esclarecimentos sempre que for solicitado. O deputado  disse que dispensou o acompanhamento de advogado durante o depoimento e que não utilizou o direito de permanecer em silêncio, respondendo prontamente a todos os questionamentos.

O parlamentar disse que o fato não o incomoda e que concedeu acesso irrestrito à sua residência, inclusive fornecendo senhas de seu computador e de seu aparelho celular, para que os policiais pudessem realizar seu trabalho. Os agentes também tiveram acesso a todos os documentos mantidos em sua residência.
No Tocantins foram cumpridos quatro mandados de condução coercitiva e cinco de busca e apreensão contra suspeitos de cometer irregularidades em licitações do Departamento de Trânsito (Detran) do estado. Os mandados, expedidos pelo Tribunal de Justiça de Tocantins, também são cumpridos em Brasília (DF).

O outro alvo da operação é o ex-diretor do Detran coronel Julio Cesar Mamede. Os policiais também estiveram na casa dele pela manhã para cumprir um mandado de condução coercitiva. Ele foi levado para a sede da delegacia e presta depoimento.

Os dois foram citados na delação premiada do empresário Benedito Oliveira. Bené disse que pagou propina para Eduardo em 2012, quando o pai dele, José Wilson Siqueira Campos, era governador do Tocantins. O valor teria sido dividido com Mamede.

Em um trecho da delação, o empresário afirma que a propina foi referente a um contrato para confeccionar cartilha para educação de trânsito. “Depois das eleições de 2011, foi apresentado um projeto que tramitava no Departamento de Trânsito do Tocantins (Detran) desde 2009, que envolvia o fornecimento de cartilha de educação de trânsito para o ensino fundamental para um projeto de governo. Foi elaborado projeto básico para distribuição desse material em 2012 e 2013”, disse.

Em nota, o ex-governador Siqueira Campos disse que essa investigação é relativa ao governo de Minas Gerais e não diz respeito à sua administração. “A ligação com o Tocantins vem de uma empresa investigada junto com o governador de Minas Gerais, que também venceu uma licitação no Tocantins.”

O advogado de Julio Cesar Mamede disse que o coronel prestou depoimento como testemunha, já foi liberado e está à disposição da Justiça.

Operação

As investigações começaram com a apreensão de R$ 113 mil com três passageiros de um jatinho que pousou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek em outubro de 2014: Marcier Trombiere Moreira, ex-chefe de comunicação do Ministério da Saúde e membro da campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, mais conhecido como Bené, dono de uma gráfica que também prestou serviço para o petista; e um homem identificado como Pedro Medeiros.

A primeira fase da operação foi deflagrada em maio de 2015, em Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e DF. Documentos foram apreendidos no apartamento da primeira-dama do governo de MG, Carolina de Oliveira. Na ocasião, Pimentel declarou que o envolvimento da mulher na investigação se tratava de “equívoco”.

As etapas posteriores da Acrônimo continuaram investigando pessoas ligadas à campanha do petista. Em setembro, a PF indiciou Pimentel e o empresário Marcelo Odebrecht pelo suposto esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos para financiamento de campanhas. Na época, o governo de MG afirmou que a operação foi feita com base em “deduções fantasiosas” e que o político e a mulher estavam à disposição para esclarecimentos.

A última etapa da operação ocorreu no dia 27 de outubro, tendo novamente como alvos o empresário Benedito Oliveira, também conhecido como Bené, e o ex-chefe de comunicação do Ministério da Saúde Maercier Trombiere Moreira.

Na ocasião, o empresário, que cumpre prisão domiciliar, foi levado a depor por supostamente estar escondendo informações, mesmo após ter fechado acordo de delação premiada. A suspeita era de que Bené intermediava facilidades para uma empresa de comunicação junto ao Ministério da Saúde. O contato de Bené no ministério, segundo as investigações, era  Trombiere.

A Polícia Federal informou ter desconfiado de contradições nas informações do empresário após ouvir, em delação premiada, a empresária Daniele Fonteles, da Agência Pepper, também investigada na operação. A 11ª fase da Acrônimo cumpriu dez mandados de busca e apreensão e dez de condução coercitiva no DF, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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