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Operação Catarse: Justiça proíbe advogados de ficarem a menos de 100 metros de testemunhas

Assembleia Legislativa do Tocantins - Divulgação

Especial Gazeta do Cerrado

O desembargador João Rigo Guimarães, negou o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil do Tocantins contra os advogados Zenil Sousa Drumond, Kesley Matias Pirett e Antônio Lanowich Filho que foram contratados para defender testemunhas/vítimas da Operação Catarse, mas determinou que os advogados fiquem no mínimo a 100 metros de distância da testemunha Cremilda Nascimento da Silva e seu marido Diego Rodrigues da Silva.

No pedido a Polícia Civil relata Cremilda disse em depoimento ter assinado um contrato de honorários no valor de R$ 30 mil, valor bem acima do que poderia pagar e que teria sido repreendida pelos advogados, apesar de ter permanecido calada durante o depoimento, como orientada, por ter dito estar arrependida e que se sentia coagida pelos advogados.

Diego, esposo de Cremilda teria confessado integralmente a prática delituosa de devolução do salário de assessor parlamentar e ainda que os advogados de Cremilda chegaram a dizer que caso ele contasse a verdade sua vida correria risco.

Entenda o caso

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A Polícia Civil instaurou Inquérito Policial visando apurar a suspeita de prática do suposto crime de patrocínio infiel ilícito imputado aos advogados Zenil Sousa Drumond e Kesley Matias Pirett, que estariam traindo interesse de seus assistidos. O pedido é assinado pelos delegados Cassiano Ribeiro Oyama, Wanderson Chaves e Gregory Almeida Alves do Monte.

Nos autos constam que uma pessoa teria feito uma denúncia anônima á Polícia sobre a Operação que investiga o gabinete do deputado estadual Valdemar Júnior. “A interlocutora afirmava, saber sobre investigações em trâmite nesta Delegacia, sobre “funcionários fantasmas” do Gabinete do Deputado Valdemar Junior e estaria disposta a passar informações importantes se tivesse sua identidade preservada. Em seguida, a interlocutora afirmou que o Advogado Antonio Ianowich Filho estaria procurando escritórios de advocacia da capital para angariar advogados para “assistirem” os investigados deste caso. Segundo a denunciante o citado causídico estaria antecipando que haveria investigados com interesses conflitantes e por isso não poderiam ser defendidos por membros do mesmo escritório”, consta no depoimento do delegado. A Gazeta teve acesso ao inquérito.

A denunciante afirmou ainda que a proposta era de R$ 30 mil por “cliente’’, pagos pelo próprio advogado citado e que a única obrigação dos demais contratados era ‘‘obrigar” seus assistidos a manterem-se calados durante o interrogatório. A denunciante finalizou afirmando que outro advogado já teria aceitado a proposta e atuado desta forma nos interrogatórios que acompanhou, mesmo sabendo não ser esta a melhor defesa para seus clientes. Duas servidoras foram intimadas para depor sobre as suspeitas.

O Delegado Geral Rossílio Souza designou Wanderson Chaves de Queiroz e Gregory Almeida Alves para auxiliar nas investigações.

Confusão na Delegacia

Uma das investigadas no caso e que trabalha na ATM foi ouvida na Polícia e teve confusão no momento do depoimento. O advogado não pôde acompanhar a oitiva e se indignou por isso tendo trocado até empurrão com um agente, conforme versão da Polícia. Em outro momento a alteração de ânimo foi do advogado Antônio Ianowich Filho, também investigado, que, segundo a Polícia, ameaçava invadir, à força, o gabinete em tela. “O Delegado Gregory alertou sobre o ilícito que o advogado estava por cometer enquanto o Sr. Antonio Ianowich gritava “a Polícia Civil sequestrou e está coagindo minha cliente” e questionava a atuação do relator afirmando tratar-se de um Delegado que “já responde por homicídio”, consta no inquérito.

A OAB teve que intervir e o advogado Kesley Matias Piretti, a representante das prerrogativas da OAB, Larissa DUZZUONI, bem como o corregedor adjunto de polícia, Márcio Girotto, sendo esclarecido a estes dois últimos os fatos sobre a investigação, segundo a Polícia.

Advogados

A Gazeta do Cerrado procurou ouvir os advogados citados.

Advogado Antonio Ianowich – Divulgalção

Antônio Ianowich: “Conheço a situação mas não vou me manifestar sobre o assunto. Sobre o inquérito, no momento oportuno eu vou prestar todos os esclarecimentos. Qualquer criminalista vai orientar os seus clientes a ficarem calados. Estão querendo criminalizar a advocacia”, disse.

O advogado Zenil também falou à nossa equipe sobre o caso. Ele explicou sua versão: “Na manhã de ontem (10/01) fui até a delegacia a fim de encontrar com minha cliente, pois recebi a notícia que o delegado havia apresentado um mandado de prisão e a conduzido até a delegacia, ao chegar no local, fui arbitrariamente impedido pela autoridade policial de falar com ela, acionei a comissão de prerrogativas, sustentei que aguardaria o representante da Ordem chegar, neste momento fui agredido por um agente chamado Charles, este me empurrou e torceu meu braço, momento em que o Dr Alex Coimbra interviu, pois configurou-se uma agressão física. Acredito que a instauração do inquérito é uma represália por eu ter resistido à ofensa as prerrogativas, tenho muito orgulho de ser advogado e exercer meu ofício com dignidade, o presente caso será objeto de desagravo públuco,  a Ordem dos Advogados do Brasil tomará todas as medidas necessárias em minha defesa!”, afirmou.

As investigações continuam e a Gazeta acompanha o caso.

Operação Catarse

A nova fase da Operalçao Cartese foi deflagrada no dia 7 de janeiro, no gabinelte do deputado estadual Valdemar Júnior (MDB) apreendido documentos e celulares do parlamentar e da ex-esposa Flaviene Maria Bueno Coelho.

Dois endereços de propriedade de Valdemar foram os alvos da operação. Uma chácara na região norte de Palmas e uma casa no plano diretor da capital. Os celulares apreendidos são de uso pessoal do deputado e de sua ex-esposa.

Tudo começou após denúncias anônimas e ainda de acordo com o delegado Gregore, já existem indícios da prática de contratação de funcionários fantasmas, com devolução de parte dos salários, em outros gabinetes. Informação que também foi confirmada pelo delegado Cassiano Oyama. “Esta investigação começou com uma denúncia simples e já alcança outros gabinetes da Assembleia, não necessariamente outros deputados, mas sem dúvidas outros gabinetes”, afirmou Cassiano Oyama.

Oyama disse ainda que os servidores fantasmas recebiam R$ 2.3 mil , ficavam com apenas R$ 300,00 e devolviam o restante. Ele aponta a ex-esposa do deputado como operadora do esquema. Ao final do inquérito o deputado vai ser “convidado” a prestar esclarecimentos, segundo os delegados.

Gregore Almeida Alves Dumont, delegado da Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial Contra Administração Pública do TO (Dracma), as investigações chegaram primeiramente ao gabinete do deputado, assessores de Valdemar chegaram a ser presos em dezembro passado e agora chegam diretamente a ele. A polícia chegou a pedir a prisão preventiva do deputado, mas o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça.

Os mandados de busca e apreensão foram emitidos pelo Tribunal de Justiça do Tocantins, já que o deputado tem foro privilegiado e as investigações correm em segredo de justiça. O pedido de prisão preventiva contra o deputado foi feito porque ele estaria determinando a destruição de provas por parte dos demais investigados.

 

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