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Opinião: Novos sentidos para UFT

(Foto: Elias Oliveira)

No dia 15 de maio de 2017 a UFT completou 14 anos de existência. Nessa sua curta trajetória, se comparada às universidades federais dos demais estados da federação, os caminhos percorridos foram os de sua consolidação enquanto instituição de Educação Superior, que precisa ofertar à sociedade ensino (graduado e pós-graduado), pesquisa, ação extensionista e inovação. Vencida praticamente uma década e meia, novos desafios se apresentam como prementes aos rumos que a universidade deve seguir.

Instituída em sete câmpus distribuídos estrategicamente no Estado (Tocantinópolis, Araguaína, Miracema, Palmas, Porto Nacional, Gurupi e Arraias), a UFT oferece mais de 50 cursos de graduação, possui 31 cursos de mestrado e 6 doutorados; conta com diversos cursos de pós-graduação lato sensu (especializações) e tem um contingente de quase 20 mil alunos e algo próximo de 2 mil servidores, entre docentes e técnico-administrativos. Não resta dúvidas de que ainda muito jovem a UFT atingiu um grau de maturidade muito significativo, o que lhe rende hoje já a terceira posição entre as melhores universidades da Região Norte, sendo ela a mais nova de todas. Isso se deve por um esforço coletivo, tanto de sua comunidade acadêmica, quanto da sociedade em geral, envolvendo obviamente os seus dirigentes: os 4 reitores (com as suas respectivas equipes) e os governos (executivo e legislativos estadual e federal) do/no Estado.

Mas apesar da grandeza que a universidade demonstra hoje com os seus números, há problemas que foram surgindo ao longo de sua trajetória e que hoje não podem mais deixar de ser observados, e um dos principais é a assimetria entre os câmpus, resultado das desigualdades regionais que caracterizam o Estado. Assim, é preciso chamar a atenção para o primeiro e o último dos 6 valores presentes no

Planejamento Estratégico 2014-2022 da instituição: 1) respeito à vida e à diversidade; e 6) equidade. O Estado do Tocantins se sedimenta sobre uma base sócio-territorial muito diversa, articulando grupos étnico-sociais e regiões muito distintos e próprios daqui. Não obstante, frente à reprodução da história de segregação do país, grupos e regiões tocantinenses foram sendo marginalizados e isso passou a ter reflexos na existência da UFT.

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Encarar o desafio de permitir que esta jovem universidade cresça daqui para frente com equidade implica em se investir especialmente no segundo de seus quatro pilares estratégicos, que diz respeito à “articulação com a sociedade”. É preciso que se tenha a coragem e a ousadia de criar mecanismos que lhe aproximem mais do povo do Estado e de suas instituições, apresentando todo o conhecimento produzido e acumulado por seus pesquisadores e extensionistas como fundamento para as ações sócio-produtivas e para a superação das desigualdades regionais. A universidade não pode cumprir o seu papel no desenvolvimento regional se ela se “encastelar numa ilha”.

Da mesma forma, é preciso cuidar mais das necessidades estruturais do exercício docente. A garantia de salas de aula ambientadas; de laboratórios equipados; de mobilidade inter-cursos e inter-campus; de uma política de fomento à pesquisa e à ação extensionista perene, com regularidade no pagamento das bolsas; de melhor distribuição das oportunidades de ação de nossos pesquisadores e grupos de pesquisa, via recursos que chegam de demandas identificadas; dentre outras ações, são prementes para a produção e a reprodução do conhecimento regional e para a solidez acadêmica pretendida.

Não obstante, é preciso consolidar a política de assistência estudantil para cuidar também dos alunos, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade social, notadamente os indígenas, os quilombolas, os camponeses e os ribeirinhos, tão presentes na composição social tocantinense. Nessa mesma perspectiva, encontrar as melhores respostas para um desafio que se avoluma a cada semestre: a moradia estudantil.

É certo que a luta de toda a comunidade acadêmica é para que tenhamos novamente regularizado a política nacional de Educação Superior e de desenvolvimento científico e tecnológico. Essa é a estratégia para a garantia da universidade que queremos. Mas taticamente, num contexto de contingenciamento e de crise, a universidade não pode parar e o estabelecimento de parcerias com setores

públicos e privados é uma boa saída. Com toda certeza, temos pesquisas e conhecimentos que interessam a amplas iniciativas e cabe à universidade criar o arranjo institucional que mediará nossas atividades aos interesses da sociedade civil e política, capitalizando soluções alternativas ao conjunto de nossas demandas.

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Adão Francisco de Oliveira é historiador e sociólogo, doutor em Geografia, professor-pesquisador da UFT/Porto Nacional e ex-secretário de Educação do Tocantins.

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