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Os desafios da mulher na política em espaços comandados por homens

Por Dulce Miranda

Neste Domingo, 8 de Março, será comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data poderá ser lembrada de várias formas, a minha é para fazer um chamamento às mulheres para a participação efetiva delas nos debates político-partidários e não apenas como eleitoras. Mas sim, colocando os seus nomes para serem votados, uma vez que em outubro teremos eleição aos cargos de prefeitas/prefeitos e vereadoras e vereadores.

Participo com mais deputadas de uma frente parlamentar no Congresso Nacional, onde discutimos o papel da mulher nos debates políticos, bem como meios e estratégias para trazê-las para esses espaços com poder de voto. Paralelamente, nas cidades do Tocantins, o meu partido tem visitado os municípios e feito conscientização explicando a elas da importância da participação feminina nas políticas públicas. O trabalho em Brasília e no Estado é de resiliência, mas é somente com esforço coletivo que conseguiremos fazer a transformação que a sociedade almeja.

Apesar de sermos a maioria da população brasileira, 51,7% contra 48,3% de homens, de acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua), de 2018, em pleno século XXI somos vozes inaudíveis em espaço sumariamente dominados por homens, no que concerne à política.

O Tocantins segue um “alinhamento” dessa realidade brasileira. Dos 1.464 cargos eletivos, apenas 239 deles estão no comando feminino, representando 16% contra 84%. Esses dados são baixíssimos, mas na contramão das estatísticas existem vários seguimentos da sociedade clamando pela participação das mulheres na política brasileira. Só para citar, palavras como, sororidade, empoderamento feminino, espaços iguais e respeito têm sido uma realidade cotidiana. Somam-se a elas, uma infinidade de outras frentes de Instituições que também legislam em nossa causa.

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A exemplo do Supremo Tribunal Federal que alterou em 2010, uma palavra na Lei de Cotas, de “deverá preencher” para “preencher”. Se analisarmos bem, o nosso poder de força é demonstrado aqui e respaldado por Lei: ou seja: ou os partidos destinam 30% das vagas para nós ou ninguém entra na disputa. Nos foi concedido o poder de embargo!

No Brasil, a ONU Mulheres também lançou o projeto 50-50, que tem como objetivo pôr em prática um plano de ação com datas e estratégias bem definidas para que em 2050 os cargos eletivos sejam 50% femininos e 50% masculinos. É um desafio ousado? Sim. Porém plausível.

Todavia, é necessário que a mulher compreenda na essência o que é a política e o quão importante ela é para a vida de toda Nação. O Brasil só será transformado por meio de políticas públicas, e disso não há como fugir. São opiniões diferentes, com vozes e experiências também diferentes que caminharemos para as mudanças construtivas que a população merece.

Eu acredito na habilidade, sabedoria e sensibilidade feminina. De todo modo, é da natureza da mulher fazer política, seja ao dialogar com os filhos, marido, família, médico, professor, etc., o que é preciso é institucionalizar essa política inerente a nós.

A história tem registrado os degraus que as mulheres conseguiram subir, mesmo que para isso algumas delas foram assassinadas, torturadas, mutiladas, desqualificadas e uma série de outros absurdos que sofreram para que fossem alcançadas algumas conquistas que desfrutamos na atualidade, como o direito ao voto e também de ser votadas.

Até o ex-presidente Barack Obama defende a importância do nosso papel ao afirmar que se governássemos todos os países, o mundo seria melhor.  O reconhecimento é muito bom, mas não queremos superioridade, mesmo sendo 51% da população e termos dado à luz aos outros 49%.  Queremos sim, espaços iguais!

*Dulce Miranda é Deputada Federal pelo Tocantins

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