A Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou nessa sexta-feira, 18, que 6 países africanos foram selecionados para criar centros de produção de vacinas de RNA mensageiro:
Egito, Quênia, Nigéria, Senegal, África do Sul e Tunísia serão os primeiros a receber a tecnologia do centro global de vacinas de RNA mensageiro da OMS. A medida visa a assegurar que o continente tenha vacinas suficientes para lutar contra a pandemia e outras futuras doenças.
A entidade afirmou que trabalhará com os seis países selecionados para planejar um programa de treinamento e apoio para que possam começar a produzir vacinas o mais rápido possível. A formação começará em março.
O centro sul-africano já está produzindo vacinas de RNA mensageiro em escala de laboratório e está ampliando a medida para escala comercial.
Embora tenha sido concebido inicialmente para combater a pandemia de Covid-19, o polo na África do Sul pode ampliar sua capacidade para fabricar outros produtos para saúde, como insulina, remédios contra o câncer ou vacinas contra a malária, tuberculose ou HIV.
“Nenhum outro fato como a pandemia de Covid-19 mostrou que a dependência de algumas empresas para fornecer bens públicos globais é perigosa”, afirmou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“A melhor forma de abordar emergências de saúde e alcançar uma cobertura sanitária universal é aumentar significativamente a capacidade de todas as regiões para produzir os produtos necessários”, acrescentou.
Acesso desigual
O diretor da OMS pediu mais uma vez acesso igualitário às vacinas para acabar com a pandemia e criticou os países ricos que estocaram doses, deixando a África muito longe do percentual necessário de imunização.
O objetivo da OMS era vacinar 40% da população mundial até o final de 2021 – mas só 8 países africanos ultrapassaram esse percentual até agora: Ilhas Seychelles, Ilhas Maurício, Marrocos, Ruanda, Tunísia, Cabo Verde, Botsuana e Timor Leste, segundo monitoramento da plataforma “Our World in Data”, ligada à Universidade de Oxford (veja gráfico abaixo).
Atualmente, apenas 1% das vacinas aplicadas na África são produzidas no continente, que tem 1,3 bilhão de habitantes.
No ano passado, a OMS instalou um centro de tecnologia de RNA mensageiro na África do Sul para respaldar a produção de vacinas de fabricantes em países de renda baixa e média, além de garantir que tenham acesso ao conhecimento sobre a técnica.
Utilizada nas vacinas da Pfizer e da Moderna, a tecnologia de RNA mensageiro provoca uma resposta imunológica ao entregar às células humanas moléculas genéticas que contêm o código de partes chave do patogenio.