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Para especialista, regimento da AL precisa ser atualizado para prosseguir com possível processo de impeachment de Carlesse

Carlesse é considerado suspeito em duas operações da Polícia Federal que ocorreram simultaneamente no dia 20 de outubro. As ações foram chamadas de Éris e Hygea – Foto – Tharson Lopes

Brener Nunes – Gazeta do Cerrado

O Tocantins passa por um momento político delicado com o possível impeachment do governador afastado Mauro Carlesse (PSL). Dois pedidos já foram protocolados junto à Assembleia Legislativa (AL): um do deputado estadual Júnior Geo (PROS), e outro do presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Tocantins (Sisepe), Cleiton Pinheiro.

A Casa de Leis já se movimenta neste final de ano para analisar o impeachment do governador afastado.

Para esclarecer todas as dúvidas, a Gazeta conversou com o pós-graduado em Direito Administrativo pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e em Estado de Direito e Combate à Corrupção pela Escola Superior da Magistratura do Estado do Tocantins (ESMAT), Jorgam Soares. Primeiro, o especialista explica que o Regimento Interno da AL deve ser modificado. Mas por que?

Segundo o advogado, o artigo 79, da Lei Federal nº 1.079/50, estabelece que o Regimento Interno da AL pode ser utilizado subsidiariamente no que se refere ao rito do pedido de impeachment. Porém, o Regimento Interno da Casa, encontra-se incompatível com a Constituição Federal e a Lei Federal n. 1.079/50, ou seja, o impeachment não pode ser aplicado enquanto o Regimento da AL não for revisado para se adequar aos parâmetros estabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Jorgam esclarece que diversos pontos devem ser modificados. “Dentre às principais modificações a serem efetivadas, destacam-se o estabelecimento de votações abertas e formação de um Tribunal Misto, composto por cinco deputados estaduais e cinco desembargadores”, afirma.

Duração do processo de impeachment

Sobre quanto tempo pode durar todo o processo de impeachment, o advogado afirma que é imprevisível, e não há como dimensionar devido a desatualização do Regimento da Assembleia.

Desta forma, o especialista exemplifica com o caso do impeachment do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e com o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés.

Ele conta que a tramitação do protocolo do pedido de impeachment ao julgamento final de Witzel, estava prevista para ocorrer em 6 meses. Mas, em decorrência de algumas intercorrências, levaram 10 meses.

No caso do Governador de Santa Catarina, a tramitação entre o protocolo do primeiro pedido de impeachment protocolizado em desfavor dele e o julgamento final do Chefe do Poder Executivo, levou 4 meses.

Afastamento e investigação

Carlesse é considerado suspeito em duas operações da Polícia Federal que ocorreram simultaneamente no dia 20 de outubro. As ações foram chamadas de Éris e Hygea.

Uma delas é para a apuração de um suposto esquema de propinas relacionado ao plano de saúde dos servidores públicos, na época chamado de Plansaúde. A segunda operação investiga suposta interferência do governador em investigações da Polícia Civil que poderiam prejudicar aliados e o próprio governo.

No dia em que as operações foram deflagradas, além do afastamento foram realizadas ainda buscas na casa do governador e em endereços de outras pessoas consideradas suspeitas. Além de Carlesse, vários integrantes da equipe dele também foram afastados judicialmente, incluindo toda a cúpula da Secretaria de Segurança Pública.

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