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Para proteger comunidade indígena, Aldeia Krahô cancela festas tradicionais

O povo Krahô é reconhecido como o mais sorridente entre as etnias indígenas brasileiras. “Amji kin” é a expressão que traduz este estado de felicidade, vivenciado ao longo do ano por meio de várias festas e rituais para celebrar a colheita, o crescimento das crianças, os antepassados e outros momentos. Porém, em 2020, todas as atividades festivas da Aldeia Manoel Alves estão canceladas, em função da pandemia do novo Coronavírus, decisão que vem sendo adotada por outras aldeias.

De acordo com o cacique Roberto Krahô Cahxêt, a primeira morte provocada pela Covid-19 no Estado, nesta semana, trouxe muita apreensão aos indígenas, que já estavam montando guaritas para impedir o fluxo de pessoas não autorizadas na Reserva Indígena Krahô, localizada entre os municípios de Itacajá e Goiatins.

A restrição do acesso segue a orientação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), como forma de evitar a disseminação do vírus nas aldeias do País, uma vez que essas populações se encontram no grupo de risco de contaminação. Também impede a entrada de bebidas alcoólicas, de tentativas de prostituição de jovens, de roubo de madeira e outros ilícitos. Vale lembrar que a terra Krahô representa a maior área contínua de cerrado preservada do Brasil.

A Aldeia Manoel Alves fica localizada a apenas 8 km do centro urbano de Itacajá, sendo a única a desenvolver atividade de etnoturismo de forma organizada. Neste final de semana ocorreria o Ritual Ketuwayê, que marca o início da educação tradicional para as crianças. Um grupo de turistas iria participar da festa, quando as crianças são emplumadas e realizam desfiles em torno da aldeia.

De acordo com o cacique Roberto Krahô Cahxêt, outras duas festas, o Pemp’kahàc e a Feira Tradicional de Sementes também não ocorrerão em 2020. “Vamos programar os Amji kins para o próximo ano”, completa.

O secretário da Indústria, Comércio e Serviços (Sics) e presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc), Tom Lyra, lembra que o etnoturismo é uma das bandeiras da gestão, mas que o momento é de cautela, seguindo a determinação do governador Mauro Carlesse de proteção aos mais de 12,5 mil pessoas representadas por 12 grupos étnicos. “Este cuidado do Governador levou o Estado a ser um dos primeiros a inserir os indígenas no Plano de Contingência do novo Coronavírus”, lembra.

Texto: Seleucia Fontes/Governo do Tocantins

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