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Pesquisadores afirmam que pausa em testes de vacina para Covid é importante para comprovar segurança

Vacina: proteção da Pfizer é uma das opções que estão em fase de testes (Dado Ruvic/Reuters)

Pesquisadores afirmam que a pausa anunciada pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca nos testes de sua vacina contra a Covid é importante para comprovar segurança.

Era melhor que não tivesse acontecido, mas cientistas brasileiros que acompanham o desenvolvimento de vacinas dizem que a suspensão mostra a seriedade dos testes.

“É um processo necessário e comum. Toda vez que a gente tem um quadro grave relacionado temporalmente com a vacina que está sendo testada, é importante que isso seja investigado para que a gente possa ter certeza que não tem relação com a vacina”, destaca Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

É exatamente para saber o que acontece na vida fora dos laboratórios que as vacinas precisam ser testadas em milhares de voluntários.

“Os efeitos adversos graves e raros a gente só consegue observar testando muitas pessoas, infelizmente. E é por isso que é importante a gente aguardar esses resultados. É importante entender que estudos que envolvem 30 mil, 40 mil voluntários eventualmente por uma chance você pode ter um evento raro que ocorra num paciente que está participando do estudo. Isso não necessariamente está ligado à vacina e é preciso investigar”, analisa Júlio Croda, infectologista da Fiocruz.

Problemas autoimunes, aqueles em que as células de defesa passam a atacar o próprio corpo, são os efeitos adversos raros e mais graves que podem acontecer num teste de vacina, mas vírus também causam reações autoimunes.

“Se essa pessoa que está tendo essa complicação testar positivo para outro vírus, como herpes, HPV, que pode ser um vírus que desperta esse tipo de resposta, aí começa a se desconfiar, ‘que bom, pode ter sido outra coisa, não necessariamente foi pelo teste que a gente está fazendo’. Mas, de novo: se for algo despertado pela vacina, para isso que serve tanta gente sendo testada e a gente deve ver esse tipo de resposta acontecer em outras pessoas”, afirma Átila Iamarino, doutor em microbiologia.

No Brasil, 4.600 voluntários em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador receberam a vacina e pelo menos 960 já tomaram a segunda dose. A Rede D’Or e a Universidade Federal de São Paulo informaram que, até agora, nenhum deles apresentou reações adversas fortes. As aplicações foram suspensas, mas, como acontece em outros países, os voluntários continuam sendo acompanhados de perto.

Órgãos de vigilância e controle do Brasil foram comunicados e estão acompanhando as investigações feitas pelo comitê independente de pesquisadores.

“Esse comitê independente é obrigação de todos estudos regulatórios aprovados pela Anvisa e, na verdade, aprovados por qualquer agência reguladora global. O mais importante agora para gente é saber: esse evento adverso grave foi causado pela vacina ou não? Uma série de fatores pode impactar nessa questão. Por exemplo: o histórico do voluntário, se ele já tinha uma pré-disposição para um evento adverso grave como esse. Então tudo isso precisa ser avaliado por esse comitê independente para que o comitê decida se esse estudo pode continuar ou não”, explica Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos da Anvisa.

Font: Jornal Nacional

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