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Poeta tocantinense, Gilson Cavalcante, vence em 1º lugar de concurso na Feira Literária Anapolina

O poeta tocantinense, Gilson Cavalcante, venceu em primeiro lugar o I Concurso da Feira Literária Anapolina (Flana), em Anápolis (GO), no último final de semana. (Veja poema no final).

A Comissão Julgadora, formada por Natalina Fernandes, escritora e poetisa – presidente da União Literária Anapolina – ULA; André Kondo, escritor e editor da Telucazu Edições; Lilly Araújo, poeta, artista plástica e editora da Alcaçuz; se reuniu no dia 14 de abril de 2022 e deliberou o seguinte resultado:

Prêmio Marieta Jayme (Poesia)

1º lugar: Gilson Carlos Cavalcante

Descompássaro – A sinfonia solitária dos abismos

2º lugar: Theo Mariano Martins

Apartado

3º lugar: Thiago Damasceno Pinto

Desterro

Menção Honrosa: Fabricio Carlos Clemente

Notas sobre o desaparecimento do poeta JuliplumaBlume: canção em quatro sonetos

Prêmio Paulo Nunes Batista (Prosa)

1º lugar: Bruno Ribeiro Pereira

Dona Democracia

2º lugar: Jose Eduardo Mendonça Umbelino Filho

Noite cálida de domingo

3º lugar: Olisomar Pereira Pires

Em cartaz

Menção Honrosa: Claudio Braga Lima

Herói de Guerra

Este projeto foi contemplado pelo Edital de Festivais e Eventos de Arte Aldir Blanc – Concurso nº 19/2021-SECULT-GOIÁS – Secretaria de Cultura – Governo Federal.

Veja poema vencedor na íntegra

Descompássaro – A sinfonia solitária dos abismos

I – O intervalo entre o grito e o silêncio
A tentação dos abismos não são vertigens,
mas o que reveste meu corpo com a carne dos anjos,
o concerto dos violinos desafinados tocados pelos ventos
diluvianos e frios de outono.
Meu corpo nasceu dos intervalos entre o grito e o silêncio
e o que me rege, senão som, é a linha que me tangue o voo
para a sinfonia solitária dos abismos.

O bico aceso da poesia furou os meus olhos de arar poemas
nos campos minados de papoula,
essa analgésica dor flor-ida in ópium.

Sou só gemido e sopro

II – espaço e fôlego
Esse volume pesado a mesurar o espaço
e de que sopro vem a matéria do voo?
A solidão de ser alado é que tece
o bolero do descompássaro
desesperado atrás do crepúsculo,
antes da antítese do alado.

Passo a pássaro que a vida passa por cima
das nuvens, acasalada, e se evolui efêmera
na textura monogâmica das araras.

III – rascunhos definitivos
Nada que não voo foi
definitivamente rascunho fosco
rabiscado pela respiração do compasso,
inclusive a anatomia do gesto do fogo
dos pássaros suspensos nos jardins do tempo
por um fio de cansaço na voz preso à pedra da memória
e todas as metáforas que dela medra hidra-medusa.
Só sabe as alturas quem se preparou para a queda
e, às vezes, o que sobra é borracha de apagar o itinerário da aflição.
Vivemos o plágio da repetição até não mais ser alçapão.
Deixe-me medir as distâncias
pelo conteúdo elástico dos silêncios
e o barulho das ausências e suas esferas.

 

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