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Polêmica: Deputado do Tocantins repudia escola de samba por crítica ao agronegócio

O samba-enredo ‘Xingu, o clamor que vem da floresta‘, da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro (RJ), recebeu críticas do deputado federal do Tocantins César Halum (PRB) nesta segunda-feira (16). Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Halum diz repudiar “o total desconhecimento da escola de samba, que não sabe o que representa o agronegócio brasileiro”.

A letra do samba da escola carioca vem recebendo críticas de diversas entidades ligadas ao agronegócio pelo país. Segundo Halum, o agronegócio é responsável por com 22% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gera em torno de 37% dos empregos. (Veja o vídeo)

“Gostaria de saber quem está financiando essa escola de samba. Certamente são aqueles que chegaram em um restaurante e pediram um file mignon com fritas ou um peixe a belle meuniere, uma sopa de legumes, mas que não reconhecem o trabalho do homem do campo brasileiro. Nós até entendemos que eles possam não gostar do agronegócio, mas eles precisam aprender a respeitar os que trabalham e alavancam o progresso do brasil”, afirma.

No enredo, a usina hidrelétrica de Belo Monte, que fica na bacia do rio Ximgu, em Altamira (PA), é chamada de “Belo Monstro”. A letra trata das consequências da exploração da região pelo Caraíba (homem branco).

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O carnavalesco responsável pelo enredo, Cahê Rodrigues, disse em uma rede social que seu propósito foi dar um alerta para a necessidade de se respeitar o índio.

Outro lado
Por meio de nota assinada pelo presidente da Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drumond, a escola de samba afirma que o enredo, de autoria do carnavalesco Cahê Rodrigues, fala sobre a “rica contribuição dos povos indígenas do Xingu a cultura brasileira e tenta transmitir uma mensagem de preservação e respeito a natureza e a biodiversidade”.

Segundo Drumond, “relatos da própria população que vive na região do Xingu mostram que o povo ainda é alvo de disputas e constantes conflitos. A produção, muitas vezes sem controle, as derrubadas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do progresso e do desenvolvimento afetam de forma drástica o meio ambiente, além de comprometerem o futuro de gerações vindouras”.

Outro ponto ressaltado pela agremiação é que não teve a intenção de generalizar e que pesquisas científicas apontam os diversos males que o agrotóxico traz ao solo, ao alimento e para a saúde.

“Esclarecemos que no trecho de nosso samba ‘o Belo Monstro rouba a terra de seus filhos, destrói a mata e seca os rios’ estamos nos juntando às populações ribeirinhas, às etnias indígenas ameaçadas, aos ambientalistas e importantes setores da sociedade que se posicionaram contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Não é uma referência direta, portanto, ao agronegócio, como alguns difundiram. Os impactos negativos desta obra ao meio ambiente serão imensuráveis, estão constantemente nas pautas de debates, são temas de discussões recorrentes em audiências públicas e foram amplamente divulgados pela imprensa nacional e estrangeira. A nossa mensagem é de preservação, respeito, tolerância e paz. Todos os que acreditam nesses valores estão convidados a celebrar conosco”, diz a nota.

Entenda
O samba-enredo da escola de samba também foi alvo de uma nota de repúdio de entidadesde classe que representam o setor sucroenergético na região de Piracicaba (SP), na última semana. Para as entidades, a escola faz crítica equivocada ao agronegócio.

Na mensagem, o Centro Canagro José Coral afirma que a agremiação mostra um cenário distorcido e irresponsável ao criar alas que generalizam as más práticas agrícolas e o desrespeito ao meio ambiente.

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