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Polêmica na UFT: Professor é acusado de ofender aluna de Jornalismo; alunos e coordenação do curso repudiam

Brener Nunes – Gazeta do Cerrado

O Centro Acadêmico do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT) publicou nas redes sociais na tarde desta terça-feira, 24, uma nota de repúdio contra uma ação do professor do curso, Carlos Franco. Segundo o CA, ele teria se dirigido a uma aluna com uma frase ofensiva e machista. Logo após o ato, a acadêmica que não quis ser identificada, denunciou Carlos a ouvidoria da instituição.

Na nota, o centro acadêmico conta que, os alunos também denunciaram o ato do professor por meio de fanzines e cartazes. Porém, outra professora do curso, Adriana Tigre, teria retirado os cartazes das paredes do bloco, alegando que ficaria feio para curso, pois estava acontecendo um congresso a nível federal na universidade.

O CA ainda informa que repudia as falas preconceituosas, e a censura realizadas pelos professores envolvidos.

A Gazeta conversou com a coordenadora do curso, professora Alice Agnes, e afirmou que a coordenação não concorda com qualquer tipo de preconceito, seja ele, machista, homofóbico, religioso, ou racista. “Nós da coordenação já intermediamos, vamos realizar assembleia hoje para ouvir os alunos sobre essa ou qualquer outra situação semelhante”, contou Alice.

“No momento, o caso está na ouvidoria. O prazo para o feedback é até dia 30 de abril. A coordenação dará uma resposta após ouvir todos os envolvidos”, esclareceu.

Nossa equipe também entrou em contato com o professor Carlos Franco, que afirmou que já está tudo resolvido entre ele e a aluna. “Não há mais nada a ser dito. A aluna já me desculpou, tivemos aula ontem. Já está tudo bem”, disse o professor.

Uma assembleia entre alunos e professores foi marcada para esta terça-feira, 24, às 18 horas, no auditório do Caleidoscópio, na UFT.

Retratação

O professor Carlos, divulgou boa e-mail e grupos do Facebook, uma retratação alegando ser de uma geração em que certos comentários descontraídos mal-estar, e por pertencer outra geração, muitas vezes não sabe se expressar de forma descontraída. “Muitas vezes sou inconveniente, mas acreditem, não é por mal”, afirmou Franco.

Confira a retração na íntegra:

Hoje pela manhã fiquei sabendo de um mal estar que provoquei ao fazer um comentário descontraído com uma de minha alunas de telejornalismo II (dia 16/04). Ontem não pude ir à roda de conversa, pois minha esposa está em processo de progressão no Estado e fiquei ajudando-a na organização da documentação.

Gostaria que este e-mail fosse divulgado não só para o colegiado como, se possível, para os alunos que se sentiram atingidos.

Como todos sabem, sou de uma geração em que certos comentários descontraídos não causavam mal-estar e, por pertencer a ela, muitas vezes fico sem saber o que dizer de forma descontraída, com o intuito de brincar, de modo “politicamente correto”. Muitas vezes sou inconveniente, mas, acreditem, não é por mal.

Trabalho nesta instituição desde 2003 e, obviamente, já tive alguns episódios nos quais fui mal interpretado, mas sempre tudo foi esclarecido.

Desta forma, humildemente, estou à disposição para assumir toda e qualquer responsabilidade pelo ocorrido e me comprometo a medir mais minhas palavras. Venho através deste pedir desculpas a todos que se sentiram ofendidos.

Não mais a dizer,

Respeitosamente,
Carlos F. M. Franco

Confira a nota do CA de Jornalismo na íntegra:

Na semana passada a uma aluna do curso de jornalismo, denunciou o professor Carlos Franco membro do colegiado de jornalismo, à ouvidoria da universidade por ter dirigido a ela uma frase ofensiva e machista. A denuncia foi realizada também por meio de cartazes produzidos na fanzine que ocorreu na I Jornada comunica, Calango! Infelizmente esses cartazes foram retirados pela professora Adriana Tigre, que, segundo um aluno de jornalismo, argumentou que a presença dos cartazes durante um evento nacional “ficaria feio para o curso”.

Os alunos/as em resposta a atitude da professora, confeccionaram e colaram mais cartazes no bloco, denunciando a ação da docente Adriana Tigre e algumas falas do professor Carlos, dirigidas não apenas à aluna, mas também a outros/as alunos/as, e outras falas do professor Lauro, também membro do colegiado.
O CAlangos (gestão O Rolê é nosso) vem por meio desta postagem se desculpar pela demora na explicação e divulgação dessas situações e declarar sua total repudia as falas preconceituosas feitas pelos já citados professores e a censura feita pela professora Adriana Tigre. Informamos também que embora tenhamos demorado a divulgar a situação, não ficamos alheios a ela, conversando durante todo o processo com a coordenadora Alice para que a situação fosse resolvida.

Trazemos no fim desta postagem a retratação feita pelo professor Carlos à já refirida aluna e reconhecemos o seu esforço em leva-la em consideração assumindo seu erro e prometendo não repeti-lo. Enfatizamos porém que o recomendado para que o erro não seja cometido com outros alunos/as vai além da simples cautela e necessita de uma formação em relação ao machismo, a homofobia e o racismo, visto que como o próprio professor afirma as gerações passadas não tinham tanta sensibilidade nem conhecimento acerca dessas pautas, e para desenraizar o preconceito é preciso reconhecê-lo para que assim a descontração não se transfigure em violência.

A preocupação em relação as atitudes preconceituosas resultou em uma nova convocação de reunião entre alunos/as e professores/as que ocorrerá hoje às 18:00 no mini auditório do Caleidoscópio.

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