Barroso disse que conversou sobre o inquérito na manhã desta segunda-feira com o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Rolando Alexandre de Souza. “Pedi a ele a investigação que se justifica nesse caso, uma investigação séria e ampla”, afirmou.
Barroso disse que, segundo o serviço de tecnologia da informação do TSE, a origem do problema na totalização dos votos — que provocou demora de pelo menos duas horas na divulgação dos resultados da apuração — foi a demora da chegada de um supercomputador.
De acordo com o ministro, o TSE contratou os serviços da empresa Oracle de fornecimento do supercomputador para uma nova tarefa: a totalização dos votos centralizada no TSE — e não mais descentralizada pelos tribunais regionais eleitorais (TREs).
Até a eleição anterior, os boletins das urnas eram transmitidos para os computadores dos TREs, que totalizavam os votos e enviavam o resultado para o TSE. Neste ano, o tribunal mudou o procedimento e centralizou a totalização dos votos em Brasília. A opção pela totalização centralizada foi recomendada pela Polícia Federal por razões de segurança, informou o ministro.
O serviço do supercomputador foi contratado em março, mas, em razão da pandemia de Covid-19, o equipamento só chegou em agosto, disse Barroso. A demora impediu que a equipe técnica do tribunal realizasse todos os testes necessários para que o software aprendesse a calcular os dados com a velocidade e volume necessários.
“Em razão das limitações nos testes prévios, no dia da eleição, a inteligência artificial demorou a realizar o aprendizado para processar os dados no volume e velocidade com que chegavam. Daí sua lentidão e travamento, que exigiu que a totalização fosse interrompida e iniciada. A detecção e solução do problema gerou atraso de aproximadamente duas horas”, afirmou.
Recomendação de segurança
O secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral, Giuseppe Janino, afirmou que peritos da PF identificaram que o risco de ataque ao sistema eleitoral seria maior com a totalização nos TREs porque seriam 27 alvos possíveis. A centralização diminui para um o número de alvos, e o TSE tem uma capacidade maior de se proteger.
“A passagem da totalização para o TSE se deveu a uma recomendação de medida de segurança da Polícia Federal. Eu comentei ontem que não tinha simpatia pela medida, mas depois fui informado que era uma questão importante de segurança”, declarou o ministro Luís Roberto Barroso.
“Se eu tivesse as mesmas informações que as gestões anteriores tiveram, eu tomaria a mesma decisão que eles tomaram. Quando disse que não tinha simpatia, era sobre administrar essa mudança”, complementou o ministro.
O presidente do TSE disse que a equipe de tecnologia do tribunal ainda analisa se os problemas apresentados pelo aplicativo de smartphone e-Título foi relacionado ao sistema ou de suporte.
Segundo Barroso, houve uma grande quantidade de downloads em pouco tempo, o que pode ter sobrecarregado os servidores.
O e-Título foi o documento mais utilizado no primeiro turno, disse o presidente.
De acordo com o ministro, até domingo, o aplicativo teve mais de 13 milhões de downloads e 600 mil justificativas feitas pelo app.
Nesta segunda (16), outras 460 mil pessoas justificaram a ausência na eleição pelo e-Título. Foram contabilizados 700 mil downloads.
Brancos, nulos e abstenção
O TSE divulgou um balanço do primeiro turno das eleições.
- A taxa de abstenção ficou em 23,14% — em 2016 a porcentagem de eleitores que não compareceram foi 25,33%.
- Os estados com menor índice de abstenção foram Piauí (15,42%); Paraíba (15,79%) e Ceará (16,93%).
- De acordo com o tribunal, os votos brancos para prefeito totalizaram 3.909.362 e os nulos, 7.044.774.
- Na eleição para vereador, 4.465.261 eleitores votaram em branco e 5.663.728 anularam os votos.
Fonte: G1