Para Dandara, referências são importantes – Foto – Arquivo Pessoal
Lucas Eurilio
A importância de se ter minorias sociais – mulheres, pretos, índigenas, LGBTQIA+ – em espaços de lideranças é cada vez um desafio e se faz necessário. O Mundo segue evoluindo, mas algumas classes ainda continuam tendo suas necessidades básicas retiradas pelo sistema patriarcal machista e racista.
Além do racismo, mulheres, sobre tudo as negras, são as que estão em maior situação de vulnerabilidade e desigualdade social.
Buscando lutar a favor dessas minorias, a jovem Jornalista, Periférica e Preta, Dandara Maria Barbosa é ciberativista, engajada na militância a favor do povo negro e é a única tocantinense selecionada para fazer um intercâmbio internacional, difundindo o Jornalismo Antirracista e de Direitos Humanos.
Da região Norte, apenas a jornalista e outro jovem do Pará foram selecionados.
Ela e outras lideranças participaram do Edital Caminhos da Fundação Tide Setubal através do Fundo de Apoio ao Desenvenolvimento de Lideranças Negras (Fundo Alas) com parceria do Instituto Ibirapitanga e da Porticus América Latina. No total, foram 31 selecionados e as ações do projeto poderão ser executadas em diversas áreas.
O objetivo do projeto é fomentar a promoção da equidade e apoio à pessoas negras, para que estes, ocupem mais espaços de poder e de decisão.
As lideranças negras selecionadas vão receber a quantia de R$ 15 mil para desenvolver o trabalho. O projeto de Dandara será executado em quatro meses.
Em uma entrevista ao Gazeta do Cerrado nesta sexta-feira, 18, Dandara contou que escolheu o México para desenvolver suas ações. Elas estão ligados aos povos indígenas do país.
“Estou entrando em contato com ONGs de alguns países, e eu encontrei um projeto no México para as causas indígenas. É pra trabalhar na Secretaria de Estado de Monterrey (Nuevo León).
Dandara falou ainda sobre as expectativas de começar o projeto e da importância da representatividade.
Veja e entrevista na íntegra
Fale um pouco sobre a importância da representatividade, principalmente para meninas e mulheres negras:
Pra mim serve de inspiração. Da mesma forma que tenho inspirações de referências negras, eu percebi que sou para muitas jovens negras, sobretudo oriundas de periferias . Infelizmente nós mulheres negras não temos uma representatividade nos espaços de poder, na mídia. As referências que temos nos agarramos e saudamos, porque não é fácil ocupar espaços majoritariamente ocupados por brancos .
A Falta de representatividade afeta nossa identidade e até mesmo nosso auto estima intelecto e até mesmo do auto amor.
Qual foi a sensação de saber que foi selecionada no edital?
Esse edital vem com um propósito muito bacana de potencializar lideranças negras que vieram de periferias . Vai ajudar a combater a desigualdade racial presente nos espaços de poder . O Programa valoriza a trajetória de lideranças negras. O sentimento é de que estou realizando um sonho, e que nós mulheres negras, periféricas, jovens negros nortistas podemos tudo. Estou muito ansiosa.
O que espera daqui pra frente?
Eu vou poder estudar a área que mais desejo: jornalismo que defenda os direitos humanos . A comunicação tem que ser uma ferramenta de luta. Além disso vou aprimorar outra língua, conhecer nova cultura, e entender como funcionam as organizações sociais, instituições sociais.
Falta de representatividade na ONU
Meu sonho é trabalhar em alguma organização internacional, quem sabe a ONU. Até mesmo nesses espaços a gente não vê negros, há uma ausência do nosso povo.