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Professora da UFT repudia ataque cibernético durante evento contra o racismo e caso é denunciado

Evento acontecia em uma sala virtual quando foi invadido – Foto – Reprodução Instagram

Lucas Eurilio, Gazeta do Cerrado

A professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT),  Solange Nascimento, publicou nesta quinta-feira, 23, uma nota de repúdio contra ataques racistas cibernéticos durante um evento que debatia online o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial e o dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas.

Conforme o documento publicado pela docente nas redes sociais, o debate seguia normalmente, quando a sala foi interceptada e começaram os xingamentos, publicação de vários vídeos pornográficos e ameaças.

Para Solange, o ataque não é um caso isolado, tendo em vista que vem acontecendo em outras atividades acadêmicas virtuais em universidades brasileiras.

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Ela disse ainda que foi uma forma de constituir tentativas recorrentes de silenciamento e intimidação de intelectuais negros e negras.

Por fim a professora afirmou que uma denúncia foi formalizada junto à Reitoria da Universidade como também na Polícia Federal.

Veja abaixo a nota na íntegra

Na condição de docente da Universidade Federal do Tocantins e organizadora do evento em alusão ao Dia Internacional Contra a Discriminação Racial e o dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas manifesto meu total REPÚDIO ao desrespeito à liberdade de cátedra garantida na Constituição Federal, aos ataques contra profissionais da educação e ativistas dos movimentos sociais, em seus legítimos exercícios do pensamento crítico.

A sala virtual na qual acontecia o evento foi interceptada, havendo inserção progressiva e coordenada de barulhos, xingamentos, ameaças e vídeos diversos com conteúdo pornográfico.

Esse ataque cibernético não é um caso isolado, dado que se assemelha a outros ocorridos em atividades acadêmicas virtuais de universidades pelo país. Em comum, estão a forma e o
conteúdo desses ataques. Reitero a gravidade do ocorrido por se constituírem tentativas recorrentes de intimidar a produção científica de intelectuais negros e negras e deslegitimar nossas pautas e bandeiras de luta.

Os crimes de racismo estão previstos na Lei 7.716/1989.

Também constitui crime previsto no artigo 10 da Lei 9.296, de 1996, a invasão e interrupção de comunicação de informática com objetivos não previstos em lei. São inadmissíveis as práticas de silenciamento frente ao racismo estrutural e religioso que ficaram evidentes nesse episódio e o descumprimento da Lei 10639/03 e da Lei 11.645/2008, as quais estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional e inclui no currículo a obrigatoriedade do debate sobre a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

Mesmo diante das adversidades seguimos na luta em defesa das liberdades constitucionais e a diversidade cultural, por uma universidade plural, diversa, inclusiva e livre de discursos e práticas de silenciamento e no enfrentamento à intolerância religiosa, ao racismo, ao machismo e às diversas formas de violência que inferiorizam e minoram a dimensão humana.

Frente ao exposto será formalizada denúncia junto ao Gabinete da Reitoria e a Polícia Federal para que o ocorrido seja investigado e sejam tomadas as devidas providências legais.

Solange Nascimento

Palmas, 23 de março de 202

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