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Promotor pede liminar ao CNJ para suspender ato do TJ sobre desinstalação da comarca de Tocantínia

Moradores de Tocantinia fizeram protestto contra desinstalação da Comarca nesta terça, 03

Equipe Gazeta do Cerrado

O Ministério Público Estadual recorreu ao CNJ onde solicitou um pedido de liminar contra a desinstalação da comarca de Tocantínia através da resolução que determinou a decisão. A decisão foi tomada pelo Tribunal de Justiça e também desagradou a população.

O pedido é assinado pelo Promotor de Justiça João Edson de Souza.

“Diante da realidade exposta a este e. Conselho Nacional de Justiça, com fundamento na dignidade da pessoa humana e ainda sobre os preceitos da Declaração da Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, requer, liminarmente, nos termos do art. 25, inciso XI, do RICNJ, é dado ao Relator deferir medidas urgentes e acauteladoras, motivadamente, desde que presentes, concomitante, o fumus boni iuris (plausibilidade jurídica) e o periculum in mora (perigo na demora), a suspensão dos efeitos da Resolução no 53/2019 Presidência/ASPRE, originada do Tribuna Pleno do TJTO, para manter o funcionamento integral da comarca de Tocantínia, até decisão definitiva deste e. Conselho
Nacional de Justiça”, pediu o MPE.

O Ministério Público argumenta ainda: “Destacamos que, embora o Tribunal tenha anunciado que o processo de desinstalação ocorreria em 60 dias, todos os feitos já foram remetidos às comarcas e nesta quarta-feira, 04 de agosto, foi realizada as duas últimas audiências na sede da comarca. Diante disso, a sede da Promotoria de Justiça de Justiça24 e da Defensoria Pública que ainda funcionam na localidade, podem ser desinstaladas nos próximos dias, demonstrando a
urgência da intervenção pelo CNJ”, alega.

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O MO alega que na localidade vivem a comunidade indígena Xerente, com uma população4 estimada próxima de 4.000 indivíduos. Com efeito, na realidade o território Xerente abriga o município de Tocantínia, pois este tem sua área territorial quase que
totalmente abrangida pela reserva Funil.

“Este povo possui uma história de grande importância para o Estado do Tocantins, que abriga inúmeras etnias. A relevância da comunidade indígena em nosso Estado é tão expressiva que a capital Palmas recebeu em 2017 os Jogos Mundiais dos Povos
Indígenas. Com efeito, o atendimento à comunidade indígena em casos de divórcio, alimentos, registro tardio de nascimento e falecimento, adoção, guarda, responsabilidade penal e crimes contra a comunidade em geral, é todo realizado e resolvido
perante a Justiça Estadual.
Merece destaque ainda o trabalho desenvolvido junta as crianças e adolescente indígenas, que vão desde o acompanhamento da evasão escolar a garantia do
transporte escolar, pois muitos adolescentes indígenas optam por estudar na cidade”, alega o MPE.

A desinstalação da comarca de Tocantínia deveria ser efetivada em até 60 dias, mas os feitos eletrônicos já foram remetidos as novas comarcas e as novas lotações
devem ser publicadas ainda esta semana, diz o MPE.

Outro argumento ao CNJ: “Do ponto de vista geográfico a reorganização parece adequada, ocorre que é necessário vislumbrar as dificuldades financeiras dessa comunidade, o agrupamento indígena Xerente e o fato de que a comarca de Miracema do Tocantins recebeu 3.453 processos, sem que seja lá instalada outra Vara Cível, que parece fundamental em nosso
sentir”, alega.

TJ explica

A assessoria do TJ explicou esta semana em texto à imprensa que na última etapa da desinstalação da Comarca de Tocantínia, o órgão concluiu a remoção de 4.437 processos para as Comarcas de Miracema do Tocantins e Novo Acordo, como reza a Resolução nº 53, aprovada pelo Pleno e publicada no dia 5 de agosto, no Diário da Justiça Eletrônico, com foco na readequação da força de trabalho e no aumento da produtividade para atender melhor o jurisdicionado.

A Assessoria do órgão explicou ainda que a Comarca de Miracema recebeu 3.453 processos, oriundos dos acervos de Tocantínia e do distrito judicial de Lajeado que, assim como Lizarda e Rio Sono, fazia parte da comarca desinstalada. Desse total, 1.996 foram para a 1ª Vara Cível; 743 para a 1ª Vara Criminal; e 774 para o Juizado Cível e Criminal. Já a Comarca de Novo Acordo absorveu 984 processos de Lizarda e Rio Sono – 797 pela 1ª Escrivania Cível e 187 pela 1ª Escrivania Criminal.

“Somando os processos de Miracema e Tocantínia, o juiz ainda terá uma distribuição média de processo inferior a 70 processos/mês, o que é ainda muito abaixo da média”, lembrou o juiz auxiliar da Presidência, Océlio Nobre, à época da publicação da resolução.

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