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Prontuário menciona “oxigênio insuficiente” no dia da morte do jornalista Nilo Alves, mas secretaria nega; Sindjor quer apuração

Nilo Alves - Foto - Arquivo Pessoal

Reportagem Gazeta do Cerrado


O prontuário da morte do cantor, jornalistas e escritor, Nilo Alves, circulou na manhã deste sábado, 13, nas redes sociais e causou preocupações aos tocantinenses. De acordo com o documento, o cantor teria morrido em função da redução de oxigênio.

Conhecido artista no Tocantins e em Goiás (sua terra natal), Nilo veio a óbito na manhã desta sexta-feira, 12, em decorrência da Covid-19, após implorar para que amigos seus (sobretudo artistas e jornalistas) lhe conseguissem um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral de Palmas (HGP).

De acordo com o documento, amplamente divulgado nas redes, Nilo teria morrido “em grande sofrimento” em decorrência da falta (ou economia) de oxigênio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região Sul de Palmas.

“Rede de O2 (Oxigênio) insuficiente na unidade [de saúde]. Isso significa rede de oxigênio insuficiente para a quantidade de paciente internados”, diz o documento, segundo o qual Nilo teria sido submetido a “grande sofrimento” entre as 7h30 e 10 horas falta de oxigênio.

A consequência, conclui o documento, foi uma parada cardiorespitória que levou causou a morte do artista-jornalista. Mais um a perder a luta para o novo coronavírus.

 

Áudios

Antes da morte, ele enviou áudios por aplicativos de mensagem em que relatava problemas na estrutura de atendimento.

“Os recursos daqui são muito fracos, Aline… muito fracos. Já cheguei num ponto que eu preciso sair daqui”, chegou a dizer. Outros áudios dele antes de morrer também foram encaminhados á nossa equipe e mostra a agonia e preocupação dele com a situação.

A UPA Sul chegou a operar com 112,5% da capacidade na sexta-feira, de acordo com o próprio boletim epidemiológico da prefeitura.

Secretária nega

A secretaria de saúde encaminhou no início da tarde uma Nota á Gazeta sobre o assunto. Apesar da informação constar no prontuário e da reclamação registrada pelo paciente antes de morrer, a Prefeitura de Palmas negou que haja falta de oxigênio na unidade e disse que Nilo Alves não ficou desassistido.

Veja a íntegra da nota encaminhada á nossa equipe:

A Secretaria Municipal da Saúde de Palmas (Semus) informa  que o paciente Marcionilo Alvez Silva (Nilo Alves) deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento Sul (UPA Sul) no dia 08 deste mês, com sintomas moderados da Covid-19.

No mesmo dia, diante da evolução dos sintomas e a necessidade do paciente receber suporte mais avançado, a pasta o inseriu no Sistema Estadual de Regulação (SER-TO), porém o paciente veio a óbito antes que houvesse a liberação de uma vaga de leito no sistema.

Cabe destacar que em nenhum momento o paciente ficou desassistido pela equipe médica e que recebeu oxigênio adequado para o seu caso. A Semus abrirá sindicância interna e registrará boletim de ocorrência junto à polícia, para apurar a divulgação de prontuário médico de paciente, uma vez que trata-se de crime previsto em lei, passível de responsabilização.

Sindicato se manifesta

Preocupado com o assunto é procurado pela Gazeta, o Sindicato dos jornalistas profissionais do Tocantins também se manifestou sobre o assunto.

Veja o que diz o Sindicato:

Segue a nota conforme solicitada.

O Sindjor recebeu com preocupação a notícia sobre possível falha no atendimento ao jornalista Nilo Alves que pode ter incorrido na morte precoce. Sabemos que as unidades estão superlotadas, os profissionais exaustos, assim como a falta de insumos e equipamentos que possam atender a demanda crescente, mas não podemos deixar de exigir que todos os envolvidos na linha de frente recebam condições técnicas para desenvolver o trabalho e salvar vidas. Nada vai trazer de volta o nosso colega de profissão, mas a investigação do ocorrido, os ajustes nas condições das unidades de saúde podem contribuir para que outras vidas não sejam perdidas.

Sindjor-TO

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