A Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta sexta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que cerca de 5,8% da população tocantinense vivia em extrema pobreza em 2020, ou seja, com menos de R$ 155 reais por mês. Ainda de acordo com os dados, 30,2% dos tocantinenses vivia em situação de pobreza, com menos de R$ 450 por mês, no ano passado.
O Instituto utilizou nessa análise os parâmetros do Banco Mundial de US$1,90 para extrema pobreza e US$ 5,50 para a pobreza. “Quando falamos de pobreza, nesse estudo, estamos nos referindo à pobreza monetária, ou seja, por insuficiência de renda, sem considerar outras dimensões, como acesso à educação, saúde e moradia adequada”, explicou Barbara Cobo, analista do IBGE.
A incidência de extrema pobreza em 2020 ficou estável quando comparada a 2012, início da série, pois atingia 5,7% da população tocantinense. Frente a 2019, ano com maior nível no indicador (8,3%), houve queda. Os anos de 2017 e 2014 registraram os menores percentuais (5,4%). Já a proporção de pessoas em situação de pobreza em 2020 caiu em relação a 2012 (39,5%), ano com maior índice; e a 2019 (34,2%). O menor nível foi registrado no ano passado (30,2%).
Pela primeira vez, o IBGE avaliou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza no país. Em um cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, de 2012 a 2019, a proporção de pessoas nessas condições estaria num patamar de 2 a 4 pontos percentuais mais elevado, mas o comportamento do indicador seria o mesmo.
Entretanto, em 2020, ano afetado pela pandemia do coronavírus, o impacto da concessão de programas sociais se intensifica: a diferença de patamar com e sem os benefícios seria de 8,3 pontos percentuais para extrema pobreza e 9,9 pontos percentuais para pobreza. Além disso, haveria uma inversão no comportamento do indicador em relação ao ano anterior, e a proporção de pessoas em extrema pobreza e pobreza teria aumentado ao invés de diminuído.
Conforme a pesquisadora, isso mostra que, os benefícios emergenciais serviram de “colchão de amortecimento” para os impactos mais severos da crise sobre a população mais vulnerável, incorporando os beneficiários do Bolsa-Família e ampliando o público-alvo elegível ao recebimento. “O valor inicial do Auxílio Emergencial de R$600, por exemplo, foi três vezes superior ao valor médio do benefício do Bolsa-Família praticado logo antes da pandemia e, por isso, o impacto no rendimento domiciliar foi muito maior”.
Rendimento
De acordo com a pesquisa, o rendimento médio domiciliar per capita de 2020 no Tocantins foi de R$1.019. Com isso, houve crescimento de 11,7% em relação a 2012 (R$912) e queda de 2,5% em comparação com 2019 (R$1.045).
Em 2020, caso não houvesse programas sociais, esse rendimento teria sido 8,6% menor (R$931), diferença mais intensa do que as observadas em 2012 (3,4% menor) e em 2019 (2,8% menor). Sem os benefícios, o rendimento médio domiciliar per capita de 2020 teria caído 8,7% em relação a 2019 (R$1.016) e aumentado 5,7% frente a 2012 (R$881).
Cenário Nacional
Cerca de 12 milhões de pessoas (5,7%) viviam em extrema pobreza no Brasil, no ano passado, e mais de 50 milhões, ou 1 em cada 4 brasileiros, viviam em situação de pobreza. Na comparação com 2019, a incidência da extrema pobreza caiu nas regiões Norte (de 11,9% para 8,5%), Nordeste (de 14,2% para 10,4%), ficou estável no Sudeste (de 3,3% para 3,6%) e Centro-Oeste (de 2,8% para 2,9%) e aumentou na região Sul (de 2,3% para 2,8%).
Quando se observa o nível geográfico de Unidades da Federação, destaca-se o Maranhão com 14,4% da população em situação de extrema pobreza, seguido por Amazonas (12,5%), Alagoas e Pernambuco (ambos com 11,8%). Tocantins (5,8%) ocupa a 14º posição. Já a nível regional, o estado registrou o segundo menor índice, ficando atrás somente de Rondônia (4,3%).
Mercado de trabalho
A Síntese de Indicadores Sociais também apresenta dados do mercado de trabalho. No primeiro ano da pandemia do coronavírus, o nível de ocupação no Tocantins, que corresponde ao percentual de pessoas em idade para trabalhar que estavam ocupadas, atingiu 49,1%, o menor valor da série histórica. A proporção de trabalhadores pretos ou pardos (77,6%) ocupados foi bem maior que a de brancos (21,3%); e o percentual de homens (61,4%) superou o de mulheres (38,6%).
Cerca de 54,1% da população preta ou parda estava em ocupações informais, no ano passado, ante 51,9% da população branca. Cerca de 56,6% eram homens e 48,6% mulheres. Do total de tocantinenses ocupados, 53,5% trabalhavam informalmente. Em 2019, o percentual era maior (55,2%), bem como em 2012, início da série histórica (55,9%).
almas, 03 de dezembro de 2021
Unidade Estadual do IBGE no Tocantins
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