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Quatro em cada dez mulheres já foram vítimas de golpes de romance online ou conhecem alguém que foi

Quatro em cada dez mulheres já foram vítimas de golpes de romance online ou conhecem alguém que foi, aponta pesquisa obtida exclusivamente pelo g1 da organização “Era Golpe, Não Amor”, uma parceria da empresa Hibou, da Associação Brasileira de EMDR e o Ministério Público de São Paulo.

Um desses golpes é o “romance scammer” ou estelionato sentimental virtual. Nele, grupos de estelionatários estrangeiros se aproximam das vítimas pelas redes sociais, fazem com que se apaixonem e pedem dinheiro emprestado – o valor nunca é devolvido.

Por ser um crime em escala internacional, é difícil para a vítima conseguir recuperar o dinheiro roubado, mas existem algumas dicas que podem auxiliar no processo.

Para denunciar, é preciso:

O que diz a lei

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O estelionato é um crime tipificado no artigo 171 do Código Penal. É considerado estelionato sentimental quando o relacionamento é usado para extorquir dinheiro da vítima.

O artigo diz ainda que: “A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo”.

Por ter um princípio semelhante, o “romance scammer” também pode ser enquadrado nesta lei. Mas, por envolver quadrilhas internacionais, fica mais complicado punir o acusado. Primeiramente, porque, muitas vezes, a vítima não sabe a identidade real da pessoa com quem tem conversado.

Mas punir o crime somente como estelionato sentimental não é suficiente, afirma Glauce Lima, caçadora de golpistas e fundadora do Instituto GKScanOnline, de apoio a vítimas de crimes cibernéticos.

Ela começou a procurar os bandidos online após uma amiga ser vítima do golpe em 2011. Em 1 ano, ela conseguiu remover 1.600 perfis falsos de rede social e em 2013 conseguiu prender o golpista que roubou sua amiga, em parceria com a polícia nigeriana, onde vivia o bandido.

“Ele não é só estelionato, ele é uma formação de quadrilha. O dinheiro do “romance scammer”, a gente tem prova que ele acaba sendo desviado para o tráfico internacional de drogas”, diz.

Por isso, para ter alguma chance de encontrar os bandidos, é necessário que a Polícia Federal auxilie nos procedimentos e identifique em qual país está o bandido. Isso pode ser feito rastreando o IP, que é o número identificador do computador, ou ainda refazendo o caminho do dinheiro das vítimas até o grupo golpista.

Quando a vítima é mulher, simular um relacionamento para obter vantagens financeiras também pode ser considerado uma violência doméstica financeira e, portanto, ser enquadrado na lei Maria da Penha, explica o promotor Thiago Pieronom do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF).

Caso o estelionatário possa ser identificado, a vítima pode receber indenização também por danos morais e materiais.

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