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Registro da Doença de Haff na região Norte do Brasil preocupa população e produtores

Por Antônio Neves

O momento é de apreensão para o setor produtivo de pescado. Não bastasse a febre da vaca louca, o risco iminente da aftosa e a gripe aviária, produtores, frigoríficos e o comércio do setor pesqueiro devem enfrentar uma batalha nos próximos meses com a descoberta da Doença de Haff. A enfermidade está relacionada ao consumo de peixe que não foi guardado e acondicionado de maneira adequada. A maior parte das espécies que podem causar o mal estão na bacia amazônica, como o Pacu e o Tambaqui – nativos ou cultivados em tanques escavados e redes, por exemplo.

Só na última semana, a doença foi diagnosticada em moradores de diversas partes do Brasil. As Secretarias de Saúde dos Estados da Bahia, Ceará, Pará e Amazonas estão monitorando 91 casos registrados, só no último final de semana. O Amazonas identificou seis novos casos e já somam 61 casos confirmados no Estado, o qual também já registrou dois óbitos com suspeitas da doença – ainda em investigação.

Os sintomas da doença de Haff vão desde a sensação de fraqueza, dor muscular e até mudança na cor da urina. A contaminação, segundo especialistas, pode ocorrer por causa da estiagem principalmente na região do baixo amazonas. Com a redução do volume de água dos rios, há um aumento da proliferação de algas, que liberam toxinas consumidas pelos peixes e crustáceos.

Apesar do peixe ser considerado uma das carnes mais saudáveis, o surgimento da doença de Haff, pode provocar uma fuga dos consumidores em busca de alternativa proteica e provocar queda no consumo. Isso pode impactar os produtores com a queda nas vendas.

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Substituir espécie

De acordo com o contabilista e consultor, Sérgio Aragão, os estados do Amazonas e Pará juntos, possuem uma gama muito grande de peixes. O Pacu e o Tambaqui estão entre os mais consumidos, mas diante desta diversidade, os consumidores têm uma infinidade de opções para fazerem a substituição. “Nesses estados o impacto não será muito grande diante da grande diversidade de espécies existentes nas bacias principalmente no Rio Amazonas. Além disso, não acredito que a causa da doença provoque nos moradores a mudança de hábito de consumir peixes”, disse.

Ainda segundo o consultor, no restante do País não será diferente, uma vez que a carne de peixe consumida nos grandes centros, são provenientes de criatórios com certificação de origem. “Poderá sim haver uma maior demanda por outros tipos de carne como a suína e de aves, mas o impacto será pequeno porque são produtos de menor ou igual valor ao da carne de peixe. “Sinceramente eu vejo mais como um problema de saúde pública do que econômico que poderá acometer o restante do Brasil e esse fato precisa ser mais esclarecido para não causar pânico a população”, destacou Aragão.

Fake News

Na terça-feira (14/09), a vereadora Iolanda Castro (PROS/TO), usou a tribuna da Câmara Municipal de Palmas, para chamar a atenção ao fato. No entendimento da parlamentar, o Estado do Tocantins faz parte da Amazônia Legal, onde está concentrado o maior número de casos e a entrada do pescado sem um selo de origem pode colocar em risco a saúde dos consumidores. Para ela, a desinformação também pode afetar parte da economia, principalmente a quem produz e vende os peixes.

A vereadora informou que busca junto aos setores de saúde e de vigilância sanitária, mais informações que vão poder traçar ações de prevenção e evitar que a doença se propague. “Vejo o surgimento da doença de Haff com preocupação. Estamos vencendo uma pandemia pela Covid-19 e agora precisamos nos antecipar para evitar que o mau aconteça com a nossa gente. Precisamos nos municiar e passar as informações corretas para combatermos as ‘Fake News’ o maior dos males nesses tempos modernos”, enfatizou Iolanda.

Tocantins Isento
Informações da área de Vigilância das Doenças de Veiculação Hídrica e Alimentar, da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES/TO) é que não há registros de casos suspeitos ou confirmados com a doença em todo o Estado.

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