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Sete fatos sobre Maya Angelou, ativista do movimento negro norte-americano

MAYA ANGELOU VISITA A YORK COLLEGE, EM 2013 (FOTO: YORK COLLEGE/WIKIMEDIA COMMONS)

Você pode me fuzilar com palavras / E me retalhar com seu olhar / Pode me matar com seu ódio / Ainda assim, como ar, vou me levantar”, diz Maya Angelou em um trecho de seu poema mais famoso, Still I Rise, sobre a luta pela igualdade racial, causa defendida pela ativista ao longo de toda a sua vida.

Nascida em 4 de abril de 1928, em St. Louis (no estado do Missouri), a norte-americana viveu até 28 de maio de 2014, quando tinha 86 anos.

Para conhecer um pouco mais sobre como sua trajetória continua repercutindo até hoje, foram selecionadas sete curiosidades sobre a escritora. Confira:

1. Livros renomados

Em 1969, a ativista publicou seu primeiro livro, Eu Sei Por que o Pássaro Canta na Gaiola, cuja última edição brasileira é da extinta Editora José Olympio, de 1996.

Essa foi a primeira obra de uma série de autobiografias que seriam lançadas pela autora por três décadas. Em sua estreia como escritora, Angelou mescla relatos de sua infância com a sua visão sobre a segregação racial nos Estados Unidos. Na década de 1970, o livro foi indicado ao National Book Award, prestigioso prêmio literário dos Estados Unidos. Apesar de não o ter ganhado na época, Maya Angelou recebeu o Literarian Award em 2013.

Segundo o The New York TimesEu Sei Por que o Pássaro Canta na Gaiola esteve entre as obras mais vendidas dos Estados Unidos por dois anos.

O mais recente livro da autora publicado no Brasil é Mamãe & Eu & Mamãe (Editora Rosa dos Tempos, R$ 37,90, 176 páginas), sétima autobiografia da escritora, que compartilha como a relação com sua mãe foi construída ao longo dos anos. O livro faz parte da lista de favoritos de várias ativistas dos direitos das mulheres, como a atriz Emma Watson.

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2. Ainda assim, eu me levanto

Still I Rise é seu poema mais famoso e foi publicado pela primeira vez em 1978. Desde então, se tornou um símbolo da resistência do movimento negro e foi recitado por diversos representantes da causa, como a tenista Serena Williams, a cantora Nicki Minaj e a apresentadora Oprah Winfrey.

Essas e algumas outras declarações foram compiladas no doodle do Google feito em comemoração ao 90º aniversário da ativista.

Assista abaixo Maya Angelou recitando o famoso poema, que é também um dos favoritos dos nossos leitores. Ative as legendas do vídeo nas configurações.

3. Síndrome do Impostor

Apesar de toda a relevância do seu trabalho, Maya Angelou devia sofrer do que os psicólogos chamam de Síndrome do Impostor, um sentimento de farsa que persegue muitas pessoas notáveis e as leva a pensar que não são boas o bastante para merecerem o reconhecimento que têm.

“Eu escrevi 11 livros, mas toda vez que publico um, eu penso ‘oh-oh, eles vão descobrir agora. Eu enganei todo mundo e agora vão me descobrir’”, desabafou a autora durante uma entrevista.

4. A escrita foi sua principal ocupação, mas não a única

Antes de consolidar sua carreira como escritora, teve diversas ocupações ao longo da vida. Foi garçonete, prostituta, cantora, atriz, dançarina em Paris, editora de revista no Egito e professora em Gana.

Além de ser uma literata bem-sucedida, sua carreira como atriz também lhe rendeu destaque, como em 1973, ano em que foi indicada ao Tony, o Oscar do teatro, por seu papel na peça Look Away. Na década de 1990, participou também dos filmes Colcha de Retalhos e Sem Medo no Coração, estrelado por Janet Jackson.

5. Relacionamentos abusivos

Ao longo de sua vida, sofreu diversos abusos. Aos 8 anos, foi estuprada pelo namorado de sua mãe. Quando o denunciou, o homem foi encontrado morto, o que deixou a menina ainda mais abalada, pois imaginara que suas próprias palavras o haviam matado. Por um tempo, permaneceu em silêncio.

Anos mais tarde, ainda adolescente, deu à luz seu único filho, o também escritor Guy Johnson.

Apesar de não gostar de tocar no assunto enquanto dava entrevistas, Angelou dizia que, durante o tempo em que vivia em profissões instáveis, se casou ao menos três vezes. Tinha medo de que pensassem que era frívola por causa do número de relacionamentos que teve.

6. Lutou pela igualdade racial por toda a vida

Com uma história marcada por muita luta, ela atuou no movimento negro desde os anos 1960, ao lado de grandes lideranças da causa.

Após passar um tempo na África, Maya retornou aos Estados Unidos para trabalhar com Malcolm X, no período em que o ativista trocara sua abordagem do nacionalismo negro pelo pan-africanismo socialista. Pouco tempo depois de retornar, Malcolm X foi assassinado.

“Depois de sua morte, a esperança e eu fomos ambas jogadas ao chão”, descreveu a escritora. Alguns anos mais tarde, começou a trabalhar para Martin Luther King em Washington.

7. Reconhecimento

Em 2011, a ativista recebeu a maior honraria civil dos Estados Unidos, a Medalha Presidencial da Liberdade, entregue pelas mãos de Barack Obama, primeiro presidente negro do país.

Em 2016, foi lançado o documentário Maya Angelou, e ainda Resisto, que ganhou prêmios em festivais de cinema nos EUA, na Irlanda e no Canadá e está disponível no catálogo da Netflix. Assista ao trailer abaixo (legendas em inglês).

Por: Revista Galileu
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