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Sons da Terra: Músico lança app que reproduz sons de instrumentos tipicamente tocantinenses

Foto – Elias Oliveira

Com a ideia de oportunizar as pessoas o acesso a um pedaço da cultura musical do Tocantins por meio do celular, o músico e produtor Yuri de Almeida Guardiola, 29 anos, apresenta o aplicativo Sons da Terra, uma plataforma interativa que reproduz sons de instrumentos tipicamente tocantinenses através de um aplicativo para telefone.

Na atual versão (1.0.0), disponível para o sistema operacional Android, apenas um instrumento pode ser acessado até o momento, a Viola de Buriti, também conhecida como Viola de Vereda. De acordo com o artista, outros instrumentos serão incluídos ao longo das próximas versões.

Assim como foi feito com a Viola de Buriti, os futuros instrumentos que serão inseridos no aplicativo irão trazer um pouco da sua história, de uma forma que apresentem conteúdos científicos e passíveis de validação. Além da parte histórica, são apresentadas fotos dos instrumentos, artistas e eventos culturais para introduzir o usuário à realidade de cada um dos artefatos culturais. Também são disponibilizados contatos de produtores, fabricantes e projetos sociais relacionados à cultura do instrumento.

Surgimento

Como produtor musical, Yuri Guardiola conta que faz uso frequente dos chamados samples, que são sons recortados de algum trecho de determinada música, usados para criar uma nova melodia com uma nova roupagem do som. Além disso, o produtor afirma que utiliza outras mídias digitais que reproduzem instrumentos musicais tradicionais como baterias, guitarras e baixos para elaborar músicas autorais ou fazer mixagens e versões.

É a partir disso, segundo explica, que surge a ideia de transformar as mídias “normais” e repetitivas em mídias de instrumentos únicos e próprios, com timbres nunca ouvidos anteriormente. O produtor comenta que timbres próprios como da viola de buriti, dos pandeiros de folia, dos tambores de barro, do tambor roncador ou da rabeca de buriti ainda não foram ou são pouco explorados de forma digital por meio de samples. Dessa forma, a ideia do projeto inicial foi a de gravar, editar e masterizar esses samples para disponibilizar em alguma plataforma ou plug-in.

Mestrado

Com a ideia ainda latente, Yuri Guardiola conta que surgiu a necessidade de criar um produto como atividade fim do seu mestrado em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia Para a Inovação na Universidade Federal do Tocantins. Nasce então o embrião do projeto da plataforma virtual Sons da Terra.

“Com forma de organizar a vontade com a necessidade um aplicativo foi então idealizado para juntar uma coisa com a outra. Com o plano em mente fui atrás de fazer o planejamento e estruturação de todo o projeto para desenvolver da melhor forma possível. Justamente durante a fase de planejamento, surgiu a oportunidade de inscrição no edital da Lei Aldir Blanc promovido pela Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (ADETUC). O projeto foi então contemplado e o benefício foi encaminhado para que iniciássemos o trabalho de projetar o aplicativo”, comentou.

Produção

Foto – Elias Oliveira

Yuri Guardiola ressalta que além de sua organização e coordenação, o aplicativo foi desenvolvido com auxílio do tatuador Darte Favarin, que ficou responsável por todas as artes e telas da aplicação, teve a gestão e administração da advogada Amanda Freire, e contou com o desenvolvimento tecnológico de Gabriel Henrique Ribeiro Aires.

“O aplicativo traz um visual de uma vegetação típica encontrada no estado do Tocantins, com amplas serras, vegetação arbustiva e rios. A estética é voltada para a introdução do usuário e sua imersão nos contextos culturais. Os instrumentos são representados em formato 3D vetorizado, buscando uma correlação de proporções das medidas, mas ao mesmo tempo aplicando certa liberdade criativa para torná-los mais agradáveis para os mais diversos públicos”, explica o produtor.

O músico explica ainda que aplicativo Sons da Terra possui uma parte interativa em que o usuário pode se conectar diretamente com a musicalidade de cada instrumento, sendo possível a reprodução dos sons de forma individualizada ou conjunta de cada uma das notas e acordes presentes no instrumento. Dessa forma, o usuário passa a ser o próprio compositor e é possibilitado de conhecer os timbres únicos presentes nos artefatos culturais apresentados.

“A produção deste produto, bem como, a criação de sua marca, elaboração de identidade visual, promoção social e a relativa proteção intelectual de todos os itens abordados têm como objetivo retomar a importância cultural musical tocantinense através de meios virtuais. É um resgate cultural que intenta a conservação de parte da tradição instrumental tocantinense. Uma forma de preservar para eternidade tradições que se encontram em constante perigo de extinção”, ressalta.

Difusão de conhecimento

Para o produtor musical, ao disponibilizar os instrumentos e músicas regionais em formatos digitais, como no caso do aplicativo Sons da Terra, é possível tornar ampla a difusão do conhecimento que até então só poderia ser receptado através de viagens aos lugares específicos em que são produzidos e tocados os instrumentos. A disponibilidade gera a alternativa de utilização da ferramenta por profissionais das mais diversas áreas como educação básica, músicos e produtores, o que na visão dele, irá fortalecer o consumo e servindo de base para uma possível propaganda relacionando os fabricantes de instrumento.

Segundo explica Yuri Guardiona, o foco inicial está em setores ligados à cultura regional tocantinense e educação, entretanto, será possibilitado o uso profissional dos instrumentos servindo de base para produtores musicais e DJ´s.

Futuro

Ainda que inicialmente o aplicativo se restrinja à cultura tocantinense, o músico espera que o projeto embarque no maior número de estados brasileiros possíveis, o que pode servir de base, também, para a criação de mapas culturais digitais. “Auxiliar o resgate cultural à tecnologia é o grande desafio, o que pode ser facilitado com a mescla das ciências sociais aplicadas à criação de marcas e aplicativos, o que pode levar modernização de processos inicialmente estáticos”, disse antes de afirmar que o aplicativo é resultado de múltiplos estudos e parcerias, o que demandou uma produção de alta complexidade, alinhando atores diversos como: financiadores, engenheiros de software, produtores musicais, instrumentistas, designers gráficos e gestores que conjuntamente criam soluções para os conflitos cognitivos e práticos.

O projeto tem o apoio do Conselho Regional da Ordem dos Músicos do Brasil no Estado o Tocantins (OMB-TO).

Fonte – Assessoria

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