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STF nega liberdade a advogado preso em operação que investiga suposto esquema de venda de sentenças

Defesa de Thiago Sulino de Castro afirmou que vai recorrer da decisão que negou habeas corpus. Operação afastou magistrados e servidores suspeitos de operarem organização criminosa.

Policiais federais entrando na sede do Tribunal de Justiça do Tocantins durante operação — Foto: Tamyra Pinheiro/TV Anhanguera

O Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido de habeas corpus para Thiago Sulino de Castro, advogado preso durante a Operação Máximus, que apura suposto esquema de venda de sentenças no Judiciário Tocantinense. A operação foi realizada pela Polícia Federal (PF) no dia 23 de agosto e ele está preso em Palmas.

Houve o cumprimento de dois mandados de prisão e mais de 60 de busca e apreensão em gabinetes de desembargadores, juízes e servidores públicos, entre outros endereços de investigados. Foram afastados o desembargador Helvécio de Brito Maia Neto e o juiz José Maria Lima. O outro preso é Thales André Pereira Maia, filho de Helvécio.

 

O habeas corpus foi protocolado para que Thiago pudesse responder ao processo em liberdade. Mas foi negado no dia 30 de agosto, pelo ministro do STF Dias Toffoli.

O advogado Eduardo Ubaldo Barbosa, que faz parte da defesa de Thiago Sulino, informou que não há motivo para a prisão e que a polícia não indicou elementos que comprovem a relação do cliente com o esquema. (Veja nota na íntegra no fim de reportagem)

Conforme denúncia do Ministério Público Federal, o advogado é acusado de atuar em conjunto com Thales intermediando negociações entre advogados, partes e membros do Judiciário, recebendo valores ilícitos nas operações do grupo. A dupla, supostamente, atuava na liderança da organização criminosa.

Ao negar o habeas corpus, o ministro afirmou que não identificou possível ilegalidade ou abuso de poder na prisão, conforme alegou a defesa.

 

“Esta Corte registra precedentes no sentido de ser legítima a constrição cautelar que tenha por fim resguardar a ordem pública quando evidenciada a necessidade de se interromper ou diminuir a atuação de integrantes de organização criminosa. […] Ante o exposto […] nego seguimento ao presente habeas corpus”, destacou Dias Toffoli.

Viaturas descaracterizadas da Polícia Federal na frente do Fórum de Palmas — Foto: Ana Paula Rebhain/TV Anhanguera

Relembre a operação

 

A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou a operação aponta o desembargador Helvécio de Brito como principal vínculo entre os investigados no esquema. A investigação apura os crimes de corrupção ativa, exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

As ordens de busca e apreensão ocorreram no Tocantins, nas casas dos suspeitos, no Fórum de Palmas e na sede do Tribunal de Justiça, além de outros estados.

Por meio de interceptação de mensagens por aplicativos e outros documentos, os policias federais chegaram até a informação conversas entre os investigados. Além de supostamente cobrar propina para beneficiar empresas em processos judiciais, o desembargador é apontado como influenciador da escolha de membros do quinto constitucional para compor órgãos do Judiciário e também é acusado de favorecer decisões sobre questões fundiárias do Governo.

O juiz José Maria, ouvidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e também afastado na operação, é acusado de proferir decisões favoráveis, com ajuda de um assessor, mediante pagamento de propina quando atuava na 2ª Vara dos Feitos das Fazendas e Registros Públicos da Comarca de Palmas.

Agentes da PF deixando casa do desembargador João Rigo com armas — Foto: Claudemir Macedo/TV Anhanguera

Os federais também cumpriram mandados de busca em uma casa do desembargador João Rigo Guimarães e apreenderam duas armas de fogo, em Araguaína. Ele afirmou na época que não teve acesso à decisão do STJ e por não ter conhecimento de nada ainda, não havia como se manifestar. Mas “assim que tiver conhecimento, no momento oportuno ele vai se manifestar”.

A investigação sobre o suposto esquema de venda de sentenças começou após uma mudança de voto por parte de um desembargador em um processo de conflito fundiário. A denúncia foi feita por uma advogada após receber um pedido de ‘reforço’, de outro advogado, para garantir um voto em julgamento.

Veja posicionamento do advogado Eduardo Ubaldo, que faz a defesa de Thiago Sulino:

Não há qualquer motivo para a prisão de Thiago Sulino de Castro. Inclusive, a própria Autoridade Policial nem sequer indica qualquer elemento concreto em relação a Thiago no tópico específico do requerimento de prisão. Confiamos que a ilegalidade será brevemente corrigida. Já foi solicitada a reconsideração da decisão.

(Fonte: g1 Tocantins)

 

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