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Tocantinense concorre ao prêmio de melhor atriz coadjuvante no 51º Festival de Cinema de Gramado

Mercês Campelo em cena do filme 'O Barulho da Noite' Fotos: Divulgação

Aos 57 anos, a araguainense Mercês Campelo está concorrendo ao prêmio de melhor atriz coadjuvante no 51º Festival de Cinema de Gramado (RS) por sua interpretação no filme “O Barulho da Noite”. Mercês recebeu a notícia com emoção e surpresa. “Eu não acreditei, nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que seria indicada”, contou a artista.

“O Barulho da Noite” ficou entre os seis filmes selecionados de 300 produções de audiovisual que foram indicados para o 51º Festival e o único da competição dirigido por uma mulher. O troféu Kikito é uma das maiores premiações do cinema brasileiro. O longa também está concorrendo em mais de seis categorias.

A programação do festival teve início no dia 11 e segue até 19 de agosto, data de anúncio dos vencedores. No filme, Mercês interpretou a Dona Vicensa, uma senhora equilibrada, que observa tudo e funciona como amparo e líder para o grupo. “Ela é conselheira, muito esperta, amada por todos e muito respeitada”, disse a atriz.

Mercês contracenou ao lado dos atores globais Marcos Palmeira, Emanuelle Araújo e Tonico Pereira. O elenco conta ainda com Patrick Sampaio e os artistas tocantinenses Wertemberg Nunes, Cícero Belém, Chico Chocolate, Alicia Santana, Anna Alice Dias e a participação de Antista do Acordeon e Foliões do Divino Espírito Santo de Natividade.

O convite

O filme tem a produção e direção da cineasta tocantinense Eva Pereira, que fez pessoalmente o convite para Mercês Campelo participar do filme. Na adolescência, Eva morou em Araguaína, fez aulas de teatro com Mercês e, desde os 11 anos, é fã do trabalho da araguainense após presenciar ela interpretando um poema.

“Era tão contagiante, tão mágico vê-la em cena. Ficou no meu imaginário e, quando eu escrevi o roteiro, lembrava da Mercês, ela seria a personagem principal, mas, até o processo de gravação, 15 anos depois, tive que fazer adaptações”, relata Eva.

Rotina e preparação na vida real

Mercês é mãe de três filhos, casada e com uma rotina de cuidados domésticos. Ela relata que, mesmo com os vários papéis que exerce na vida real, os ensaios aconteciam em meio às muitas interrupções. “Minha casa parece uma rodoviária, toda hora chega alguém, nas horas vagas eu ensaio sozinha, os vizinhos começam a achar que estou ficando doida, mas eu não me importo”, conta.

A preparação para o papel durou três meses e o período de gravação com a artista levou 15 dias. O longa foi filmado em uma fazenda nas proximidades de Palmas e trata-se de um drama familiar que se passa na zona rural. A obra conta a história de Maria Luiza, de sete anos, que passa por sentimentos de medo e melancolia ao ver a família se desestruturar com a chegada do novo ajudante de roça do seu pai.

Carreira

Mercês começou a atuar durante a juventude, em 1987, e fez parte da primeira turma do Grupo Ciganu’s de Teatro e Dança, pioneiro na cidade. “Sinto que nasci com o sangue artístico, eu gostava de cantar, dançar, queria aprender piano, mas na época o teatro amador era mais acessível, não exigia tanto a questão financeira, pois éramos muito pobres”, relembra.

Para ela, o sentimento de estar no palco ou de atuar é de liberdade. “É uma sensação maravilhosa, me sinto livre por viver uma nova vida, permear outras emoções e poder me transformar em uma outra pessoa. É um ‘faz de conta’ maravilhoso”, compartilha Mercês.

Antes de aposentar-se, ao longo da sua vida, a araguainense buscou conciliar o teatro com a carreira de professora da rede estadual. “As reuniões do grupo eram de noite e nos finais de semana. Mas eu também gostava de educar, pois o professor também é um artista, ele tem uma plateia que precisa do seu papel em sala de aula”, compara Mercês.

Adaptações

Segundo a atriz, iniciar a carreira artística no teatro foi uma forte base para interpretar a Dona Vicensa. Mesmo com a experiência, ela precisou fazer adaptações. “Trabalhei a tonalidade da voz, porque no teatro, falamos muito com as expressões e gestos, há muitos exageros. Na televisão, as emoções são mais contidas e a vantagem são os cortes de cena, se esquecer a fala, corta, no teatro não tem isso”.

Apoio cultural

A Prefeitura de Araguaína, por meio da Secretaria do Esporte, Cultura e Lazer, está custeando as passagens da artista até Gramado (RS) e Mercês reconhece a importância desse apoio. “Se fosse para tirar do meu bolso, provavelmente eu não sei se conseguiria por ser uma despesa muito grande, principalmente nesse período. Tem que comprar roupas de frio, é uma adaptação, tudo novo”, agradece a atriz araguainense.

Ela ainda elogia as ações realizadas nos últimos anos voltadas ao segmento. “Sem esse suporte da Prefeitura, ficaria muito mais difícil. Tudo que é evento, a Secretaria da Cultura está presente, estamos sentindo o Município mais próximo da comunidade artística”, completa Mercês.

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