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Tocantins registra mais de 80 casos de leishmaniose em humanos e tema é debatido durante Fórum na Capital

Fórum sobre Leishmaniose é realizado em Palmas - Divulgação

Os números de casos de leishmanioses preocupam os profissionais de vigilância e controle de zoonoses de todo o Estado que fazem um alerta à população quanto à prevenção e combate. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), de 2007 a 2017 foram registrados 191 óbitos em humanos causados por leishmaniose visceral (calazar), sendo que 25% correspondem a crianças menores de um ano. Os dados foram apresentados durante o IV Fórum das Leishmanioses de Palmas que acontece nesta quinta, 18, no auditório principal do Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra).

Nas três maiores cidades do Tocantins, os números também preocupam. Em Araguaína, de janeiro a setembro deste ano, foram registrados 28 casos de leishmaniose visceral em humanos. Em Gurupi, em 2017 foram 25 casos e em 2018, 15 casos de janeiro a setembro deste ano. Em Palmas, só em 2018, em humanos foram 21 casos de leishmaniose tegumentar, 25 casos de leishmaniose visceral, sendo um óbito e 1.483 casos de calazar em cães.

O secretário municipal de Saúde (Semus), Daniel Borini, considera que o enfrentamento às leishmanioses se concentra em duas frentes. “Considerando que nos últimos três anos saltamos de 16 casos em 2016 para 31 em 2017 e 25 em 2018 até o momento, devemos atuar na prevenção visando a redução dos números de casos e tratamento oportuno daqueles que precisam ser tratados”, ressalta, referindo-se aos casos da incidência da doença em humanos.

A gerente da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses de Palmas (UVCZ), Betânia Costa, reforça que tanto a leishmaniose visceral quanto a tegumentar são endêmicas na Capital e que a prevenção é fundamental. “Não deixar que o mosquito faça proliferação nas residências, eliminar todos os possíveis criadouros e cuidar dos cães. Quintais com matéria orgânica em decomposição, terrenos com muita folha, com muito terra, com fezes de animais, com sujeira; todos esses lugares são propícios para transmissão dessa doença”, complementa.

Para o assessor técnico das Leishmanioses da Sesau, Júlio Bigeli, a grande estratégia para romper com esse cenário de óbitos por calazar é o diagnóstico precoce. “As equipes de saúde, principalmente na Atenção Primária precisam detectar esses casos no início, onde os sintomas são muito sutis, uma anemia muito leve, sinais de fraqueza e palidez bem sutis. É ali que o médico precisa estar atento e iniciar o tratamento preconizado”, ressalta.

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Experiências

Em Araguaína, Ketren Gomes é médica veterinária e atua no CCZ como responsável técnica pelo controle das leishmanioses. Além de ministrar palestra mostrando as iniciativas adotadas no município, ela também inscreveu alguns trabalhos científicos no fórum com destaque para A inserção do serviço social no controle das Leishmanioses no município de Araguaína (TO).

“A partir do momento que a gente faz a detecção de uma de vulnerabilidade social, a gente precisa da inserção, por exemplo, dos profissionais de serviço social, que a partir daí conseguem dar continuidade a ações que a gente precisa ampliar para dar andamento às atividades de combate”, considera, explicando que em Araguaína, essa iniciativa promove a inserção dessas pessoas com leishmaniose visceral nos programas sociais possibilitando o recebimento de cestas básicas e da cesta verde (frutas e verduras). “Quem faz o tratamento precisa estar bem alimentado porque a medicação é forte, além disso, uma boa alimentação aumenta a imunidade dessas pessoas”, complementa.

De Gurupi, o fiscal de zoonoses, Francisco Vieira traz como experiência exitosa o encoleiramento de cães. “Até 2012 a situação era estável, mas a partir de 2013 começaram a surgir vários casos. Nos anos de 2014 e 2015 tivemos o ápice do programa de encoleiramento, nós distribuímos mais de 10 mil coleiras e com esse projeto houve um incentivo por parte das pessoas para levar seus animais para serem examinados. O uso das coleiras é uma forma de reduzir a infecção canina e consequentemente a transmissão em humanos”, constata.

O evento é organizado pela Secretaria Municipal de Saúde, através da UVCZ e com a parceria da Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp). A programação do IV Fórum das Leishmanioses segue a tarde com palestras, apresentação dos trabalhos inscritos e mesa redonda.

Programação da Tarde

Programação segue durante esta quinta-feira – Divulgação

14 horas – Avaliação do impacto da utilização de coleiras impregnadas com deltametrina a 4% no controle da leishmaniose visceral: relato da experiência do município de Gurupi (TO) com Francisco Vieira da Costa – CCZ de Gurupi

14h45 – Situação atual e perspectivas para os programas de vigilância e controle das leishmanioses no Brasil com a MSc. Marcia Leite de Sousa Gomes da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e também colaboradora da Organização Panamericana da Saúde

15h45 – Intervalo – Momento para Mostra de Banners

16h15 – 8 Toques para a Leishmaniose: Metodologia ativa para capacitação de profissionais médicos e enfermeiros  com o MSc. Julio Gomes Bigeli da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins

16h30 – Discussão – Mesa redonda

17h45 – Encerramento

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