A Uber adquiriu há cerca de dois meses a startup norte-americana de bicicletas “Jump” por US$ 100 milhões, algo como R$ 391 milhões, de olho na fatia de mercado das bicicletas elétricas compartilhadas. O serviço que foi lançado primeiro em São Francisco e Washington (EUA), e onde há 250 delas rodando pelas ciclovias, está prestes a chegar à Europa seguindo a trajetória das bicicletas de aluguel de empresas como as chinesas “Ofo”, “Mobike” e norte-americana “Limebike”, que já atuam no velho continente disponibilizando bikes elétricas para aluguel.
Durante o NOAH 2018, um evento de tecnologia sediado em Berlim, na Alemanha, que acontece esta semana e fala entre outros assuntos sobre cidades conectadas, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, reafirmou os planos da empresa de expandir seus serviços para além dos tradicionais carros contratados por aplicativos. A ideia é atuar não apenas na capital alemã, onde as elétricas devem chegar até o começo do segundo semestre, mas também em diversas outras capitais europeias, onde as vermelhinhas são prometidas para chegar nos meses seguintes.
As bicicletas da Jump não possuem estações para recarga ou de estacionamento, e atualmente podem ser alugadas nos Estados Unidos através de um aplicativo pelo valor de US$ 2 dólares – o equivalente a R$ 7,80 – pelo período de 30 minutos. Quando o ciclista finaliza seu pedal, ele simplesmente estaciona a bicicleta em qualquer lugar e a deixa para o próximo usuário.
Mas, segundo a agência de notícias Reuters, apesar da investida da Uber ser uma boa alternativa aos veículos automotores que despejam quantidades enormes de CO2 no ambiente, a estratégia chega a causar certa indignação. É que a Europa está infestada de serviços do mesmo tipo, oferecidas por até oito empresas distintas. Apenas em Berlim haveria algo como 18 mil bicicletas sendo contratadas por usuários de aplicativos todos os dias. Outra ocorrência comum é o fato das bikes serem frequentemente abandonadas pelas calçadas e pelos parques europeus, tornando-se assim alvo fácil de vandalismo.
Ao que tudo indica, o movimento seria mais uma forma de a Uber tentar reconquistar mercados europeus cada vez mais preocupados com o meio ambiente, depois de a companhia de tecnologia ter sido colocada em uma espécie de lista negra no “centro do mundo”. Um bom exemplo é a briga protagonizada com o governo inglês para que a companhia volte a operar em Londres, depois da acusação de falta de responsabilidade corporativa, que inclui a falha em examinar seus motoristas não reportando ofensas criminais e agressões sexuais, de acordo com as autoridades britânicas.
Isso sem falar nos inúmeros confrontos com a justiça e com a classe de taxistas em diversos países da Europa, uma vez que a Uber se declara uma plataforma de tecnologia e de comunicação, ao invés de um serviço de carona, o que a exime de regulamentações em vigor para empresas desse ramo. Ainda assim, entregar bicicletas compartilhadas para os europeus pode ser tão estratégico quanto a decisão da empresa de lançar o serviço de carro elétrico de aplicativo “Uber Green”, que já existe na cidade de Munique e também é prometido para capital Berlim até o final do ano.