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Variante Delta no TO: Especialistas ressaltam a importância de acelerar vacinação e alertam sobre relaxamento de medidas

Variante indiana Delta – Imagem – Reuters/Direitos Reservados

Lucas Eurilio

A variante indiana Delta da Covid-19 foi identificada no Brasil pela primeira vez em pacientes na cidade São Luís (MA) em maio deste ano. Eles estavam em um navio que ficou atracado no litoral do Maranhão.

De lá pra cá, a variante tem se espalhado por alguns Estados e chegou ao Tocantins, que confirmou nesta terça-feira, 17,  um caso da doença pela variante da Índia, em Palmas.

O paciente é um homem de 36 anos que foi atendido da Unidade Básica de Saúde (UBS) da 530 Norte, em julho deste ano. Segundo a Prefeitura da capital, ele teve apenas sintomas leves, está em isolamento domiciliar e não evoluiu para uma forma mais grave da doença. A Semus continua monitorando o rapaz.

Nesta quarta-feira, 18, a Gazeta do Cerrado conversou com o médico, professor da UFT,  assessor do Ministério da Saúde em Brasília e Conselheiro Nacional de Saúde, Neilton Araújo.

Ele explicou que o aparecimento da Delta e de novas variantes ainda é fruto da grande circulação do Coronavírus.

“No mundo todo, com exceção de poucos países, há uma enorme lentidão na vacinação, por falta de vacinas e por falta de vontade política de seus dirigentes, além da enorme desigualdade econômica e social existente. O aparecimento da variante Delta e de outras variantes, são frutos da grande circulação do vírus, que deve produzir o agravamento da Pandemia no Brasil e no Tocantins, tal como já se observa no Estados Unidos, Israel e alguns outros países, até com alta cobertura de vacinas”, disse ao Gazeta.

Neilton explicou também que a transmissibilidade da variante delta é maior, mais grave e afirmou que a situação não é pior porque apesar da vacinação lenta,  está sendo efetivada. O conselheiro ressaltou que é necessário acelerar a imunização.

“A transmissibilidade da variante Delta é gravemente maior do que as demais, e a situação só não está sendo pior porque as vacinas continuam sendo efetivas, especialmente na prevenção de casos graves e na redução de mortes. Como medida urgente, é necessário acelerar a vacinação para toda a população, e em áreas mais pobres, no Brasil e no Mundo, sobretudo é extremamente importante manter as demais medidas de proteção e prevenção como uso de máscaras, distanciamento social, ambientes seguros (escolas, comércio, transporte etc)” alertou.

O médico criticou a abertura total em São Paulo e de outras cidades que vem adotando a mesma medida. Neilton explica que é um grave equívoco.

“A abertura total que São Paulo e outros locais  do Brasil estão adotando é um equívoco grave. Vai aumentar a contaminação de muito mais pessoas e criar oportunidades pra outras variantes aparecerem. Por enquanto as variantes novas parecem não ser resistentes às vacinas, mas esse risco aumenta na medida que outras novas variantes e mutações podem aparecer. Penso que ainda é necessário, e muito oportuno mesmo, ampliar a divulgação de informações corretas, com uma adequada campanha de comunicação, e garantir uma boa mobilização da sociedade, priorizando principalmente a proteção do trabalhadores de serviços essenciais e as populações mais vulnerabilizadas”, finalizou.

Durante uma live promovida pela jornalista jornalista Glês Nascimento, o secretário Daniel Borini tirou algumas dúvidas sobre a variante Delta.  O secretário ressaltou que é de extrema importância o apoio e a consciência dos palmenses.

“A nova variante do vírus reforça que as pessoas devem continuar com os mesmos cuidados já estabelecidos para evitar a contaminação pela doença”

Clique aqui para assistir a live

Mutações da Gama em cidades tocantinenses

Todas as amostras contaram com a presença da variante Gama / Foto: Divulgação/UFT

Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) descobriram a mutação da variante Gama em pelo menos 15 municípios do Estado.

Segundo Fabrício Campos, pesquisador e professor do curso de Engenharia e Bioprocessos e Biotecnologia (Gurupi), as variantes apresentaram novas mutações.

“Essas variantes encontradas apresentam novas mutações, sendo a maioria, 25 delas classificadas como P.1.7, 10 como P.1 clássica e uma como P.1.2. Esses dados mostram uma disseminação da P1 e surgimento de novas variantes Gama”, explicou.

As amostras em que foram identificadas as mutações foram colhidas nas cidades de: Araguaína, Aurora do Tocantins, Combinado, Conceição do Tocantins, Dois Irmãos do Tocantins, Filadélfia, Formoso do Araguaia, Gurupi, Lagoa da Confusão, Miracema, Palmas, Paraiso do Tocantins, Porto Nacional, Rio Sono e Santa Maria do Tocantins.

Fabrício também alertou sobre o relaxamento das medidas para o controle da disseminação do novo coronavírus através das variantes.

“Os 15 municípios demonstram que há uma dispersão do vírus por todo o estado, e isso está relacionado com o número de amostras. Então, em todos esses municípios temos a circulação da variantes Gama e de novas variantes derivadas da Gama demostrando que ainda não é o momento de relaxar com as medidas de proteção”, ressaltou Campos.

Variante Delta

Apesar da variante Delta estar avançando pelo Brasil e ter sido registrada sua circulação em vários estados, a variante Gama (antiga P.1) ainda continua sendo a predominante no país.

Conforme o pesquisador da Fiocruz e professor imunologista da Universidade Federal da Bahia (UFBA),Ricardo Khouri,  disse ao Bem Estar do G1, a transmissão da Delta acontece internamente e apesar dos casos estarem aumentando, não há um surto da variante indiana.

Ricardo explixou ainda que é necessário ficar em alerta com as mutações da variante Gama.

“É importante manter a vigilância, mas não significa que a delta já se expandiu e tem uma predominância no nosso país”.

Os Estados que registraram casos de Covid pela variante Delta são: Rio de Janeiro (431) Alagoas (2), Ceará (16), Distrito Federal (87), Espírito Santo (7), Goiás (14), Maranhão (7), Mato Grosso (12), Minas Gerais (20), Pará (3), Paraná (56), Pernambuco (7), Rio Grande do Sul (119), Santa Catarina (38), São Paulo (231) e Tocantins (1).

Vacinação contra a Covid-19 no Tocantins

Aplicação de vacina contra a Covid – Foto – Antônio Gonçalves

O Tocantins segue lento na imunização contra a Covid. De acordo com os dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-TO), atualmente o estado imunizou com as duas doses, o total de 18, 44% dos tocantinenses.

Mesmo com a lentidão, o Governo do Tocantins tem se esforçado para avançar na imunização. Ao todo, o estado recebeu 1.412.800 milhão, distribuiu 1.193.328 milhão e aplicou 1.033.646 milhão de doses.  (Veja o vacinômetro abaixo).

Divulgação SES-TO

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