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Vazamento de operações, central de espionagens: Mais detalhes vem à tona sobre investigações na SSP na gestão Carlesse

Foto – Esequias Araújo

Um relatório da Operação Éris, da Polícia Federal, divulgado nesta quarta-feira, 20,  mostrou funcionava o esquema de uma central de espionagem instalada na Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO), para ‘monitorar’ qualquer investigação sobre o ex-governador e a gestão de Mauro Carlesse (PSL), que renunciou antes de sofrer um processo de impeachment.

Segundo o relatório, o grupo seria responsável não apenas por vazar informações, mas também verificar a existência de grampos telefônicos contra o grupo do ex-governador.

Na segunda-feira, 18, seis delegados e quatro agentes da Polícia Civil tiveram o afastamento prorrogado por mais 60 dias.

Durante as investigações, a Polícia Federal apontou ainda que os ‘chefes’ do grupo eram o ex-secretário de Segurança Pública, Cristiano Sampaio Barbosa, atual coordenador-geral de pesquisa e inovação da Secretaria Nacional de Segurança Pública e o delegado Ênio Walcacer de Oliveira Filho, ex-diretor de inteligência da Polícia Civil.

A Polícia Federal constatou que o o grupo estava usando o manual de procedimentos da Polícia Civil para fazer o monitoramento de quaisquer ações que de alguma forma, pudessem prejudicar o Governo.

Na época o manual foi alvo de protestos e chamado de Decreto da Mordaça, pois entre as proibições, estavam a de fazer buscas em órgãos públicos sem conhecimento e autorização do Delegado-Geral de Polícia.

A transcrição de uma conversa foi divulgada pela TV Anhanguera e g1 to, em primeira mão, mostra que Cristiano Sampaio e Ênio Walcacer queria repreender agentes da Polícia Civil.

  • Cristiano Sampaio: Temos que apurar esses desvios. Se não houver reprimenda, vão continuar fazendo.
  • Ênio Walcacer: Entendo que os atores da Dracma têm que ser separados.
  • Cristiano Sampaio: E vamos ver se fazemos essa coletiva na próxima semana.
  • Ênio Walcacer: Está sendo feito.

A conversa foi gravada em abril de 2019 e meses depois, a Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial contra a Administração Pública (Dracma) foi extinta e delegados que investigavam Carlesse foram transferidos.

Outro trecho da conversa entre os acusados, revela que havia monitoramento em operações da Polícia Civil e da Polícia Federal.

  • Ênio Walcacer: Chefe, notícias de uma grande operação essa semana.
  • Cristiano Sampaio: Mesma unidade? Capital?
  • Ênio Walcacer: Parece que continuação daquela da Seinfra.
  • Ênio Walcacer: Dr. bom dia! Há possibilidade de termos mais uma operação contra o governo em curso, creio que capitaneada pela Decor, estava tendo uma reunião entre [três delegados] e outros.
  • Cristiano Sampaio: Ok. Vamos permanecer atentos.
  • Ênio Walcacer: Além disso, informações que esses dias [um delegado] estaria monitorando algumas casas e alvos do governo na região central de Palmas.
  • Ênio Walcacer: Manter [o delegado] no 1º Dpc abarca a área do palácio, Assembleia, secretarias e a residência de 90% das autoridades que ele monitora..

O delegado Ênio Walcacer afirmou que só vai se manifestar nos autos do processo, quando e se for chamado.

A defesa do ex-governador Mauro Carlesse disse que vai se posicionar apenas no processo.

A Gazeta tenta contato com a defesa de Cristiano Sampaio e ressalta que o espaço está aberto para posicionamento.

*Com informações da TV Anhanguera e g1 to

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