Uma série de áudios contendo ataques misóginos proferidos pelo professor Robledo Leobas à vice-prefeita Juliana Gastaldi Lopes Fernandes (PT) tornou-se motivo de investigação policial nesta semana. A vice-gestora de Ponte Alta do Tocantins registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) após receber os conteúdos ofensivos, e confirmou que registrará outro BO, assim que uma nova ata notarial ficar pronta.
Nos áudios, divulgados em um grupo de Whatsapp intitulado “conservadores”, Leobas utiliza palavras de baixo calão e xingamentos contra a vice-prefeita, desferindo ataques grosseiros e desrespeitosos. Apesar do propósito inicial do grupo ser a discussão de política nacional, o professor envia continuamente mensagens fora de contexto e ofensivas, segundo relatos de participantes.
Entre os insultos proferidos, Leobas chama a vice-prefeita de “zero esquerda”, “desgraçada” e faz comentários misóginos, sugerindo que a capacidade das mulheres está ligada apenas à sua anatomia. A conduta do professor gerou indignação e preocupação, levando a vice-prefeita a tomar medidas legais.
A Constituição Federal e a Lei Orgânica do Município são claras quanto às atribuições do vice-prefeito, que não incluem poder de gestão, apenas substituindo o prefeito em casos específicos. A vice-prefeita, em sua defesa, afirma que a conduta de Leobas ultrapassou os limites da civilidade e deve ser responsabilizada.
Foi realizada uma ata notarial para documentar os fatos, enquanto as autoridades competentes investigam o caso. As falas do professor foram consideradas caluniosas e incitadoras de ódio, representando uma violação grave. A comunidade local exige que a justiça seja feita e que condutas desse tipo não passem impunes.
À Gazeta, Juliana disse que ao ouvir os áudios ficou indignada pela falta de respeito a sua pessoa e para com todas as mulheres que estão no espaço político. “O ataque me deu forças para levantar essa bandeira! No dia a dia várias mulheres sofrem ataques misóginos, independente do lugar em que ocupa”, pontuou.
“É fácil atacar os outros e depois justificar que tem ansiedade!”, disparou a vice-prefeita.
Juliana ainda destacou que ficou se perguntando se realmente vale a pena estar no meio político. “Não estou fazendo nada de errado qual a justificativa para tudo isso?”, indagou.
“Mas o sentimento de desânimo passou rápido!! Entendi que é o contrário! Estamos no caminho certo! Nós não queremos tomar o lugar dos homens, queremos dividir os espaços, queremos somar!!”, finalizou Juliana.
O PT Tocantins emitiu uma nota de repúdio
A Secretaria Estadual de Mulheres do PT/TO, vem por meio desta repudiar veementemente o ataque misógino contra a vice-prefeita de Ponte Alta do Tocantins a Companheira Juliana Gastaldi.
É revoltante a notícia de mais uma violência contra uma companheira que desempenha suas funções democráticas que corajosamente se dedica a política e luta por um Tocantins mais justo.
Dessa vez por áudios com teor misógino proferidos pelo professor Robledo Leobas, atacando de forma vil e desrespeitosa a integridade e dignidade da vice-prefeita Juliana Gastaldi. Tais atos, além de repugnantes, revelam uma intolerável violência política de gênero, que não podemos tolerar em nenhuma esfera da sociedade.
A violência de gênero contra mulheres na política é uma realidade alarmante que precisa ser combatida com urgência. Situações como essa destacam a necessidade de reforçarmos nossa luta contra o machismo e a misoginia dentro das estruturas políticas e decisórias.
É inadmissível que em pleno 2024, uma mulher que ocupa um cargo político seja alvo de ataques baseados unicamente no fato de ser mulher. O discurso de ódio proferido pelo agressor é não apenas ultrajante, mas também reflete uma realidade lamentável na qual nós mulheres somos constantemente desrespeitadas e diminuídas em suas capacidades profissionais e políticas, um ataque direto a vice-prefeita mas que atinge a todas nós que lutamos diariamente por mais mulheres na política nos espaços de decisão.
Expressamos nossa solidariedade à vice-prefeita Juliana Gastaldi e reforçamos nosso compromisso na luta contra todas as formas de violência contra a mulher na política, seja ela física, psicológica ou verbal.
O Coletivo Estadual de Mulheres do PT/TO exige a responsabilização e punição do agressor conforme a lei. É imperativo que a democracia seja pautada pelo diálogo e pelo respeito mútuo, e que todas as mulheres possam exercer seus cargos públicos sem o temor de sofrerem violência ou discriminação de gênero.
Não podemos aceitar nenhuma tentativa de silenciamento feminino no espaço político e de poder, reiteramos o quanto é fundamental que haja mais mulheres na política, pois QUANDO SE É MULHER, TUDO É POLÍTICA. A presença das mulheres nos espaços de poder é essencial para garantir uma representação verdadeiramente democrática e para promover uma cultura de respeito, ética e tolerância.