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Homem que tentou matar a esposa a tiros em lavoura de soja é preso no oeste do TO

Violência contra a muher - Paula Fróes/GOVBA

Crime aconteceu no dia 3 e vídeo de desabafo da vítima viralizou nas redes sociais – Foto – Paula Fróes/GOVBA

Lucas Eurilio

Após a repercussão do vídeo de Irene Almeida Chaves nas redes sociais – onde ela detalhes como quase foi assassinada  e conseguiu escapar-  o ex-marido Jonas Bukoski de 39 anos, foi preso nesta quarta-feira,14, em Araguacema, região do Vale do Araguaia, oeste tocaninense. (Veja o vídeo no final da matéria)

O caso é grave e a vítima felizmente teve sorte de não fazer parte da triste estatística de feminicídio – em um dos países que mais mata mulheres, o Brasil – no entanto outros traumas ficam e é necessário buscar ajuda.

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Antônio Onofre Oliveira da Silva Filho, o casal vivia há 11 anos em uma união estável.

Como mostrado pelo Gazeta do Cerrado no dia 12/01, Irene contou no dia 3 de janeiro viveu um dos piores momentos de sua vida – o que já vinha acontecendo há anos.

Ela detalhou que no dia 3, dia do aniversário da filha de 8 anos, o agressor se irritou ao vê-la-chorar por não conseguir ficar distante das três filhas, após ser obrigada a ir para a cidade e sair da Fazenda onde morava com as filhas e o agressor.

Ele disse que era pra eu ir embora no domingo a noite. Chegando a hora de vir embora eu fiquei triste, não sabia quando ia poder ver milhas filhas, ficar com elas. As meninas estavam deitadas comigo alí assistindo e eu chorando. Ele chegou e gritou – tá pronta? – Dai ele me viu chorando e começou a falar que sempre era aquele drama. As meninas começaram a chorar muito depois disso”.

Irene contou que o que se seguiu nas últimas horas após as meninas irem para seus quartos foi uma luta para tentar sobreviver.

“As meninas foram para os quartos delas e ele começou a me agredir com murros, socos, aí minha filha mais velha veio pra tentar fazer ele parar, aí ele saiu um pouco,, mas voltou e dizia – hoje tu vai morrer – . Pegou uma faca e me colocou dentro da caminhonete. Rodamos a lavoura. Ele rodou, rodou comigo que se hoje me perguntarem onde é, não faço a mínima ideia, se for pra chegar lá, e não sei. Ele mandou eu descer da caminhonete e mandou eu me ajoelhar, pegou a arma, puxou um cartucho e falhou. Botou outro cartucho, puxou o gatilho e falhou de novo. Aí ele botou outro cartulho e no terceiro tiro, eu senti que queimou a minha cabeça. Eu coloquei a mão e vi aquele sangue e saí correndo”

Na gravação é possível ver a vitima está muito abalada e precisou se esconder até o último dia 9, quando o vídeo foi publicado.  

“Enquanto eu corria, ele foi atrás de mim e disse que tentou do jeito mais fácil, sem dor, mas que não deu, então, iria ser na faca mesmo, porque estava sem munição. Eu saí correndo e pedindo muito pra Deus me salvar. Pedi pra não deixar eu morrer ali daquele jeito. Eu pensava, Deus,, não me deixa morrer, eu quero ver minhas filhas. Aí eu corri pra uma mata e consegui me esconder. Eu não parava na mata, ficava andando de um lado pro outro. Qualquer barulho eu me assustava pensando que era ele”. 

Na mata por quase dois dias

O delegado Antônio Onofre Oliveira da Silva Filho contou que após a tentativa de feminicídio em uma lavoura de soja,  a vítima disse em depoimento que chegou a atravessar um rio a nado, improvisar calçados com o sutiã e acabou sofrendo vários ferimentos, além dos já causados pelas agressões.

Depois de quase dois dias na mata fechada, Irene foi resgata por um casal de agricultores que moram em um assentamento próximo ao local onde o crime aconteceu.

Conforme o relato da própria vítima, o ex-marido tentou atirar três vezes, na terceira, ela foi atingida e a bala ficou alojada na cabeça.

A mulher precisou ser encaminhada para o Hospital Municipal de Araguacema e depois transferida para o Hospital Regional de Paraíso do Tocantins.

O responsável pelas investigações tomou conhecimento dos fatos e por conta do risco à vida da vítima, ele entrou com pedido de mandado de prisão no judiciário.

Segundo as informações, o agressor se apresentou na delegacia dias depois e tinha negado a tentativa de feminicídio.

“Ele será indiciado pelo crime de Feminicídio Tentado, crime previsto no art. 121, §2º, VI, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal Brasileiro”, disse Antônio Onofre

Ainda de acordo com o a autoridade policial, também durante seu depoimento, ela relatou que há muito tempo sofria agressões físicas, morais e psicológicas, do marido.

Este fato, infelizmente ainda comum em nosso país, deve ser combatido e denunciado para que novos casos não se repitam. Apesar do sofrimento passado e das sequelas físicas e psicológicas que permanecerão, conseguimos preservar a vida da vítima e conseguimos elucidar esse crime bárbaro que causou muita comoção em toda a população da cidade de Araguacema. A Polícia Civil reafirma o compromisso de combater todas as formas de violência, notadamente contra mulheres”, afirmou.

O agressor está preso na Cadeia Publica de Araguacema onde permanece à disposição da Justiça.

Veja o vídeo de Irene

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