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Mal passada, ao ponto ou bem passada: existe ponto certo para comer carne? Veja aqui na Gazeta

Seja no churrasco, no prato feito do dia a dia ou no almoço de domingo, a carne é um ingrediente quase sempre presente no prato do brasileiro. O item é considerado uma das principais fontes de proteína na alimentação.

De acordo com a mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, o consumo médio de carnes nos domicílios no Brasil supera os 20 kg anuais. Entre os diferentes tipos de carne, a bovina é a mais escolhida, representando quase 65% do consumo anual.

Apesar da forte presença na alimentação do brasileiro, a carne também pode ser considerada um alimento polêmico. Afinal, faz mal comer muita carne? Carne com gordura, pode comer ou não? Os nutricionistas explicam essas e outras questões envolvendo esse alimento.

1 – Pode descongelar a carne fora da geladeira?

 

Não! O descongelamento desse tipo de alimento deve ser feito dentro da geladeira. Isso porque, ao expor as carnes, que são ricas em nutrientes, à temperatura ambiente, cria-se um meio perfeito para a cultura de microrganismos prejudiciais à saúde.

Assim, é essencial cuidar do armazenamento e descongelamento da carne.

“Há um maior risco de proliferação de bactérias e transmissão de doenças quando há o descongelamento em temperatura ambiente. Nesse caso, é mais provável que a pessoa tenha uma intoxicação alimentar, por exemplo”, detalha Cinthia Cazarin.

 

2 – Comer carne malpassada faz mal?

 

Pode fazer. No caso da carne malpassada, a preocupação está relacionada à chance de contaminação, principalmente por parasitoses.

Cinthia Cazarin, professora doutora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, explica que quando não se conhece a procedência da carne, sua ingestão malpassada ou crua pode trazer muitos riscos.

Nesses casos, é importante garantir que a carne que será ingerida foi produzida em um local certificado. Isso evita a contração da salmonella, por exemplo.

3 – Carne bem passada pode causar problemas de saúde?

 

Sim. No caso a ingestão da carne bem passada, o problema está no cozimento em altas temperaturas. O presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Durval Ribas Filho, afirma que a carne extremamente passada favorece um aumento do potencial cancerígeno do alimento.

“O ideal é que no processo de assar a carne não tenha aquelas crostas escuras. As crostas possuem substâncias potencialmente cancerígenas chamadas de aminas heterocíclicas”, alerta Durval.

Além de evitar a ingestão de uma carne mais tostada, o presidente explica que também é importante reduzir o consumo de carne com muita gordura.

“A carne com gordura saturada não é recomendada porque pode favorecer o aumento de doenças cardiovasculares. A gordura saturada é caracterizada por ser semissólida e esbranquiçada”, comenta Durval Filho.

 

4 – Tem ponto certo para comer carne?

 

Do ponto de vista da saúde, sim! Uma vez que tanto a carne malpassada como a extremamente bem passada podem trazer riscos à saúde, os nutricionistas recomendam que o ideal é optar pela carne ao ponto.

Assim, se evita a exposição a altas temperaturas e o risco de contaminação por falta de cozimento.

Cinthia comenta que é benéfico optar por modos de preparo que tornem sempre a carne mais úmida. “Quando se cozinha na panela de pressão, por exemplo, o calor é úmido, então não há a formação dos compostos que são tóxicos”, avalia.

Também é preciso se atentar ao pré-preparo desse alimento. Além de buscar sempre conhecer a procedência da carne, o uso de condimentos é essencial. Mais do que tornarem o sabor mais agradável, os temperos diminuem a formação dos compostos tóxicos.

5 – Comer muita carne faz mal?

 

Sim. O consumo excessivo desse alimento pode aumentar o risco de desenvolver algumas doenças do coração, cânceres, diabetes e obesidade.

Além disso, a produção da carne gera um grande impacto ambiental, algo que também é levado em consideração para um estilo de vida mais saudável.

Semíramis Domene, nutricionista e professora do Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva da Unifesp, orienta que a busca por uma alimentação saudável passa pela redução do consumo de alimentos de origem animal e aumento da ingestão de vegetais.

Ela explica que, no mundo, as dietas ainda se baseiam muito nos produtos animais. De forma geral, o consumo é muito acima do ideal, tanto pelos impactos desse alimento na saúde, como pelas consequências da produção para o meio ambiente.

“Nosso conceito de saudável mudou. A gente quer sim que a comida ofereça nutrientes e energia na cota certa, mas, ao mesmo tempo, que promovam um pequeno impacto ambiental”, explica.

Fonte: G1

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