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EDITORIAL: Outra perda e uma constatação: Tocantins precisa urgente de um programa de proteção das histórias e legados quilombolas

Foto – Arquivo Familiar

Maju Cotrim/ Editora Chefe Gazeta do Cerrado e autora do livro “Guerreiras populares quilombolas”

Infelizmente mais uma perda para o Estado. Uma perda que não é só do Quilombo Mumbuca, mas do Tocantins. Dona Laurintina nos seus mais de 110 anos morreu neste domingo, 10, e sustentava aquela comunidade de sabedoria assim como fez a irmã, dona Miúda.

Protegida e respeitada pela comunidade, lembro quando passei por lá há exatamente um ano e queria entrevista lá para meu livro “Guerreiras Populares Quilombolas” e em razão de sua saúde recuamos porque o que mais importa é preservá-la. E assim a comunidade fez bravamente.

Ela foi parteira, conselheira, aquela que sustentou, como disse a líder Railane, as raízes da comunidade. Mulher que precisa ter seus ensinamentos aprendidos nas escolas e também fonte de inspiração para todos nós!

Foto – Arquivo Familiar

Infelizmente Dona Laurintina, Maurício, Dona Miúda e tantos outros líderes quilombolas, muitos deles patriarcas, matriarcas, griôs se vão e um Estado formado pela luta quilombola e dos negros não tem um programa de proteção e cuidado destas histórias vivas. Um programa que acompanhe, dê assistência, catalogue e cuide dos idosos quilombolas. Cuidar de quem escreve a história e luta por suas comunidades é uma obrigação do Estado.

Um Estado que não cuida nem valoriza seus líderes sociais populares não preserva sua história! Por muitas vezes o Estado nem lamentou a morte de protagonistas sociais: um descaso de representação social!

Os griôs quilombolas precisam ser preservados com olhar de saúde, assistência e acima de tudo de valorização. O Tocantins ainda precisa evoluir nisso! E urgente! Sem as raizes não se constrói um futuro melhor!

Dona Laurintina vive através de seu legado! Que o Tocantins em suas 44 comunidades quilombolas reconhecidas dê o cuidado social e amparo que os líderes merecem e que historicamente por vezes é invisibilizado!

Não dá para se conformar com um vácuo de valorização social! Tocantins precisa evoluir muito em suas políticas de inclusão!

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