Especial Gazeta do Cerrado

De acordo com os dados da Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins (SESAU-TO), em 2016 foram notificados em todo Estado 1.474 casos de leishmaniose visceral em humanos e confirmados 220 casos da doença. Na capital durante todo ano passado foram notificados 225 casos e confirmados apenas 15.

A doença que é popularmente conhecida com calazar, afeta principalmente os cães. Em 2016 foram feitos 45.605 exames em animais de todo Estado sendo que 8.706 apresentaram resultado positivo para a leishmaniose. Palmas é responsável por cerca de 30% dos casos notificados em animais com 14.775 exames e 3.118 positivações.

De janeiro a julho deste ano de 2017 já foram confirmados 124 casos da doença em humanos em todo Estado para 1.081 notificações. Em Palmas, no mesmo período já foram notificados 164 casos e confirmados 17.

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No primeiro semestre de 2017 foram examinados 23.757 cães no Tocantins, com exames positivos em 5.089 animais, enquanto que na capital foram confirmados 1.227 casos de calazar para 5.388 notificações da doença.

Os dados foram apurados pela Gazeta do Cerrado junto á Sesau.

O que é Calazar?

A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Leishmania e transmitida pela picada do mosquito-palha. Esse tipo de leishmaniose afeta os órgãos internos, geralmente baço, fígado e medula óssea. Algumas pessoas não apresentam sintomas. Em outras, os sintomas podem incluir febre, perda de peso e inchaço do baço ou fígado. Existem medicamentos para eliminar os parasitas. Se não forem tratados, os casos graves costumam ser fatais.

A leishmaniose visceral (VL), também conhecida como Calazar é a forma mais grave da leishmaniose, sendo a segunda doença parasitária que mais mata no mundo (apenas a malária é mais mortal). Assim como a doença de Chagas e a doença do sono, o Calazar é uma das doenças tropicais negligenciadas (DTNs) mais perigosas, que, se não for tratada, chega a ser fatal em mais de 95% dos casos

O calazar é endêmico em 47 países e aproximadamente 200 milhões de pessoas correm o risco de serem infectadas. É altamente endêmica no subcontinente indiano e no leste da África. Estima-se que 200 a 400 mil novos casos de VL ocorram anualmente no mundo. Mais de 90% dos novos casos ocorrem em 6 países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia, Sudão do Sul e Sudão.

O que causa o calazar?

A leishmaniose é causada pelo protozoário parasita Leishmania que é transmitido pela picada de mosquitos infectados. O parasita ataca o sistema imunológico e, meses após a infecção inicial, a doença pode evoluir para uma forma visceral mais grave, que é quase sempre fatal se não for tratada. A Leishmaniose, em geral, também está ligada a mudanças ambientais como o desmatamento, construção de barragens, sistemas de irrigação e urbanização.

Sintomas do calazar

Inicialmente, os parasitas da leishmaniose causam feridas no local da picada do mosquito. A doença, quando progride, se manifesta de dois a oito meses após a infecção e se caracteriza por acessos irregulares de febre, perda de peso, fraqueza, aumento do baço e do fígado, e anemia.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado combinando os signos clínicos com os testes serológicos e parasitológicos. Os testes mais efetivos para diagnóstico de leishmaniose são invasivos pois demandam amostras de tecido, gânglios linfáticos ou da medula espinhal. Esses testes requerem instalações laboratoriais e especialistas que não estão disponíveis imediatamente em áreas endêmicas e com poucos recursos.

O método mais comum para diagnosticar o Calazar é o teste da tira reagente. Entretanto, esse método é muito problemático. Em áreas endêmicas, pessoas podem ser infectadas pelo calazar, mas podem não desenvolver a doença. Assim, nenhum tratamento será demandado.

Infelizmente, o teste da tira reagente detecta apenas se o paciente é imune ao calazar. Então, se o parasita estiver presente, o teste vai apontar que a pessoa tem a doença. Por isso, não pode ser usado para verificar se o paciente está curado, se foi reinfectado ou se teve uma recaída.

Tratando o calazar

O Calazar é uma doença tratável e curável. Todos os pacientes diagnosticados precisam  de tratamento rápido e completo.

Existem diferentes opções de tratamento para o Calazar, com efetividade e efeitos colaterais variados. Antimônios penta valentes são, normalmente, o grupo de medicamentos de primeira linha, administrados como tratamento de 30 dias de injeções intramusculares. Enquanto antimônios são bastante tóxicos e representam um risco aos pacientes que recebem o tratamento, aqueles que são curados do Calazar quase sempre desenvolvem imunidade vitalícia. Pesquisadores esperam identificar formas de simplificar os regimes de tratamento, melhorar a segurança e reduzir o risco de resistência a medicamentos.