Nesta data de 21 de abril, dia de Tiradentes, patrono das Polícias Militares, a Polícia Militar do Tocantins presta homenagem a esses dedicados profissionais destacando dentre tantas boas histórias e grandes exemplos, algumas lições de vida de policiais militares que merecem ser compartilhadas.
Usuários de drogas ou álcool quase sempre são pessoas discriminadas, marginalizadas pela sociedade. Elas entram em um caminho na maioria das vezes sem volta e nem sempre encontram apoio ou alternativas para sair do vício. O policial militar, subtenente Marivaldo Pereira Amorim, 51 anos, lotado no 2º Batalhão da PM em Araguaína, resolveu fazer diferente e escolheu ajudar essas pessoas. O militar fundou a “Associação Cuidar”, uma entidade sem fins lucrativos que visa a recuperação e reintegração de dependentes químicos. Criou também o projeto “Sopa com Palavra”, que consiste em servir refeição aos moradores de rua e dependentes químicos, além de realizar doações de cestas básicas à famílias carentes de Araguaína e região.
Desde o ano de 2002 o subtenente Marivaldo desenvolve um trabalho de acompanhamento e encaminhamento de dependentes químicos para centros de recuperação, onde são acolhidos e tratados. Segundo o militar mais de 400 pessoas já foram atendidas ao longo dos anos, entre homens, mulheres e menores.
A repercussão positiva dessas ações o faz acolher mais pessoas, que já ouviram falar de seu trabalho e o procuram em busca de ajuda para si ou algum familiar. “Junto com a honrada profissão de policial militar, que exerço com grande satisfação há 29 anos, ajudar essas pessoas é minha grande missão na vida, uma tarefa árdua que abracei com amor e sacrifício”, explica o militar.
É com muito carinho que ele relembra como essa missão começou: “há quinze anos o jovem mecânico que cuidava do meu carro foi a primeira pessoa a quem ajudei. Ele era alcoólatra e devido o vício foi abandonado pela família e se tornou mendigo. Eu e minha esposa o acolhemos em nossa casa e cuidamos dele como filho. Ele foi encaminhado para tratamento em clínica de dependentes químicos e com apoio conseguiu dar a volta por cima. Hoje Elton Bezerra de Alencar tem uma vida totalmente diferente. É um exemplo de homem e profissional. Assim como tantos outros ele é a prova de que a recuperação é sim possível”.
Esporte
No extremo norte do Tocantins, na região conhecida como Bico do Papagaio, uma dupla de policiais militares desenvolve voluntariamente desde o ano de 2004, em escolas públicas da cidade de Augustinópolis, um projeto social que fomenta a cidadania através da prática esportiva. O tenente Auricélio da Cruz Sousa, 37 anos, e o subtenente Rivanaldo Sousa, 38 anos, lotados no 9º Batalhão da PM, viram no handebol uma forma de interagirem com os jovens em situação de vulnerabilidade social e os aproximarem da figura do policial militar.
O projeto “Handebol na Escola, Futuro Nas Mãos” já atendeu cerca de 300 alunos desde a sua implantação. Funciona em parceria com o Colégio Manoel Vicente de Souza, que cede o espaço físico da unidade, e com apoio da Escola Augustinópolis. Conta atualmente com aproximadamente 60 alunos, com idades que variam entre 11 e 18 anos, do ensino médio e fundamental. Desenvolve a capacidade física e habilidades motoras, contribuindo para a diminuição da exposição aos riscos sociais por meio da disciplina esportiva e estimula a qualidade de vida (autoestima, integração social e saúde) através do esporte e atividade em grupo.
O tenente Auricélio sente orgulho em lembrar de alunos que já passaram pelo projeto e graças ao incentivo e apoio encontrados conseguiram, como eles mesmos gostam de dizer: “vencer na vida”. O aluno egresso, Fagno Mendonça, atualmente está concluindo o curso de engenharia na cidade de Goiânia, já trabalha na área e sempre que vem à cidade de Augustinópolis faz questão de visitar o projeto para realizar doações e agradecer aos militares que fizeram parte de sua história de vida. “Nossa maior satisfação é saber que o pouco que fazemos, mesmo diante de dificuldades, tem um reflexo tão grande na vida desses jovens”, comenta o tenente Auricélio.
“Sentimo-nos orgulhosos em participar da vida desses jovens, em contribuir de alguma forma para que eles se tornem pessoas de bem e cidadãos conscientes. O esporte nos aproxima deles e a partir daí estabelecemos uma relação de confiança, na qual a figura do policial militar passa a ser um exemplo de vida, colaborando principalmente na disciplina, civismo, moral e senso de responsabilidade”, ressalta o subtenente Rivanaldo. O militar destaca ainda alunos que fizeram parte do programa e também se tornaram policiais militares, como os irmãos, sargento Edvan Aguiar de Paiva e o soldado Erlan Aguiar de Paiva.
Por amor
O subtenente Jadivon de Souza Costa, de 42 anos, atua há 24 anos na Polícia Militar e há 15 se dedica também a trabalhos sociais para atender pessoas carentes. Desde 2008, o subtenente Costa, como é conhecido, trabalha na Base Comunitária do 5º Batalhão em Porto Nacional, onde tem desenvolvido, juntamente com colegas de profissão e o apoio de parceiros, diversos projetos sociais. Dentre as atividades estão: palestras educativas, atendimentos familiares, além das campanhas: Natal solidário, com a doação de cestas básicas e CNH Solidária, para aquisição de carteira de habilitação gratuita.
Ao falar sobre as diversas situações vivenciadas por meio de ações solidárias, o subtenente Costa relembra o caso de uma família carente, composta pela mãe e seis filhos. Ao receber uma cesta básica do projeto Natal Solidário a matriarca agradeceu de coração dizendo que a doação iria auxiliar na sobrevivência de sua família naquele momento. Refletindo sobre as ações realizadas, o militar revela que “o pouco que podemos fazer pelas pessoas, fazemos por amor. As doações e os projetos solidários sempre chegam num momento de necessidade”, disse.
Para o subtenente, as ações sociais realizadas pelos policiais militares buscam melhorar as condições de vida da população e dar oportunidade para que a comunidade não veja a PM somente como um aparelho repressor do Estado, mas que além da farda, veja que os militares também são seres humanos, que se preocupam com o dia-a-dia das pessoas.
Valores
Em Palmas, o tenente Walber Pereira Lima de 46 anos exerce há 28 anos o trabalho operacional na Polícia Militar. Há mais de três anos também desempenha a função de coordenador de Polícia Comunitária no 6º Batalhão em Palmas, onde está à frente de projetos sociais que visam atender crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social na região sul da capital. Por meio da inserção em atividades esportivas como artes marciais, atletismo, futebol, jiu jitsu, e ainda, aulas de música, atualmente, cerca de 600 crianças e adolescentes são atendidos diretamente, por meio da escolinha comunitária.
Para o tenente Walber, atender crianças e adolescentes é poder contribuir não somente para a mudança do presente, mas também para o futuro delas, e ainda de suas famílias. “Temos diversas situações em que vemos como a vida das crianças e adolescentes podem ser modificadas quando elas ouvem uma palavra de incentivo, de que ela vai superar determinada situação, e de que é possível mudar sua realidade. O apoio incondicional de uma pessoa é essencial no processo de mudança de uma realidade que tem pouco a oferecer”.
O tenente fez menção a uma das vezes em que visitou uma instituição do sistema socioeducativo, que reeduca menores de idade que praticaram ato infracional, e devido às aulas de violão e conversas informais com os reeducandos, um deles, em especial, sentiu que poderia traçar um novo rumo para sua vida. “Esse rapaz fez uma reviravolta, abandonou a reincidência criminal e hoje trabalha e estuda. O nosso trabalho preventivo não faz somente com que as pessoas abandonem ações errôneas, mas também resgata valores sociais e familiares, melhorando as condições de vida deles”.
Libertar
Lotada no 4º Batalhão da Polícia Militar (4º BPM), sediado em Gurupi, a tenente Shirley Rocha Albino participa ativamente dos projetos comunitários da Polícia Militar. Atualmente ela é a coordenadora regional do Programa Educacional de Resistência às drogas e a Violência (Proerd) no 4º BPM e ainda Presidente do Conselho Municipal Antidrogas, além de trabalhar em escalas operacionais. Mesmo com tantas atribuições inerentes às funções que desempenha, a tenente ainda consegue doar parte do seu tempo como voluntária de um projeto voltado para recuperação de pessoas com dependência química.
A tenente Shirley, que ingressou na PM em 2001 e há 15 anos presta serviço na cidade, expressa com carinho sua contribuição para a “Associação Casa Resgatando Vidas Maanaim”, uma entidade sem fins lucrativos e que oferece um espaço para tratamento de dependentes químicos. O atendimento é feito na antiga Escola Agrícola João Tiago, em Gurupi, onde o acolhido que está passando pelo processo de recuperação recebe ensinamentos cristãos e com apoio dos voluntários tem a oportunidade de restaurar a dignidade. Anualmente cerca de 70 internos são beneficiados pelo projeto, além das famílias que também recebem apoio ao longo do tratamento.
A oficial atua como assistente social na entidade, momento em que se dedica a fazer triagens, ministrar palestras e realizar atendimentos individuais aos acolhidos. De um jeito carismático a tenente afirma que gosta da aproximação com a comunidade, principalmente de grupos que estão mais suscetíveis a passar por problemas com violência e drogas. “Dói meu coração ao ver uma mãe chorando por ter um filho no mundo das drogas”, disse Shirley, que também é mãe de três filhos.
Durante a importante missão de resgatar vidas, a tenente relatou um fato marcante: “um acolhido me abraçou chorando e perguntou se poderia pedir a benção para mim, porque a partir daquele dia eu seria como uma mãe na vida dele. Hoje o jovem está trabalhando, é missionário e continua me pedindo a benção. É uma atitude que me faz permanecer acreditando no ser humano e persistir ajudando o próximo com amor”.
A dedicação e a maneira entusiasmada da policial tratar os problemas sociais que afligem a sociedade é destaque em sua Unidade de trabalho e tem o reconhecimento dos colegas da Corporação.
Na linha de frente para proteger o cidadão
Prestes a completar 12 anos na Corporação, o sargento Abderramã Carvalho Setúbal, 36 anos, lotado no quadro operacional do 1º Batalhão representa bem a classe homenageada. Ele ingressou na Polícia Militar no dia 21 de abril de 2006 e diz que sempre identificou-se com a área de segurança, vendo na Instituição uma oportunidade de trabalho.
De família simples, o sargento veio da zona rural de Conceição do Araguaia, no Pará, e fixou residência em Palmas em 2002, quando passou em um concurso da Guarda Metropolitana, onde permaneceu por quatro anos. “No ano de 2006 eu e alguns colegas ficamos sabendo do concurso da PM. Resolvemos fazer e eu passei”, afirma Setúbal.
O sargento Setúbal carrega consigo, como todos os policiais militares, a missão de proteger o cidadão, colocando, muitas vezes, sua vida em risco para isso. Segundo ele, um dos momentos mais marcantes da sua carreira foi quando precisou agir rapidamente para cessar uma tentativa de suicídio numa quadra localizada na região norte de Palmas. “Quando nós entramos no quarto, a moça estava com uma faca no pescoço e quanto mais nos aproximávamos, mais ela se feria. Foi quando tive que agir rapidamente para impedir que ela se machucasse ainda mais”, conta o militar.
Agradecimento do comando
“E estes são alguns dos vários exemplos que a polícia militar possui. Estes heróis e suas lições de vida seguem os valores militares, de servir à comunidade, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo integral devotamento à manutenção da ordem pública inclusive nos horários de folga. A Polícia Militar sente-se honrada com estas personalidades, referenciais cívico-militares e por meio deles agradecemos e parabenizamos todos os nossos policiais militares nesta data tão simbólica de 21 de abril. A PM é o reflexo de nossos heróis de farda”, declarou o comandante-geral da Polícia Militar do Tocantins, coronel Jaizon Veras Barbosa.