O ex-governador Mauro Carlesse também concedeu entrevista à Gazeta do Cerrado nos 35 anos do TO. Ele renunciou ao cargo de governador após ser afastado por investigações e denúncias.

Ele começou falando o que considera que foi o ponto forte do tempo que governou. “Sem dúvidas nosso maior legado foi a reorganização das contas do Estado. Quando assumimos em 2018 faltava tudo. Servidores recebendo salários em atraso, fornecedores sem receber, faltava medicamentos, faltava até combustível para as viaturas da Polícia, rodovias em estado precário, obras paradas há muitos anos, isso só pra resumir”, disse

“Em 2019, conseguimos reenquadrar o Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal – saímos de mais 58% de gastos com folha de pagamento para 41%. Resgatamos a credibilidade do Estado. Voltamos a conseguir recursos para investimentos, retomamos obras que estavam paradas há quase 10 anos, colocamos em dia as dívidas com os municípios, passamos a pagar os salários dos servidores públicos adiantado. Enfrentamos a Pandemia e instalamos mais de 500 leitos pra atender as pessoas com COVID. Entregamos mais de 200 mil cestas de alimentos para a população ter segurança de enfrentar a pandemia”, comentou.

Ele seguiu relatando: “Consolidamos e ampliamos a Unitins, criando um curso de Medicina gratuito no Bico do Papagaio. Entregamos a Cidade da Polícia Civil. Fizemos concurso para a Polícia Militar e Bombeiros, renovamos a frota de toda a Segurança Pública, compramos armas novas e munição. Deixamos as Polícias com os melhores equipamentos e tecnologia. Entregamos mais de 400 ônibus e mais de 500 máquinas para os municípios, resolvemos o buracão de Araguaína e a curva da Morte em Palmeirópolis, que ninguém conseguia. Fizemos mais de 200 pontes em estradas vicinais. Iniciamos o asfalto e deixamos os recursos para a construção do Jalapão. Retomamos, com dinheiro em caixa, as obras das Escolas de Tempo Integral, concluímos a primeira etapa do Hospital Geral de Gurupi. Iniciamos o Hospital Geral de Araguaina. Fizemos a ala Infantil do HGP e conseguimos desbloquear os recursos para terminar o Hospital Geral de Palmas”, citou.

Ele citou ainda: “Conseguimos os recursos e começamos as obras da nova ponte de Porto Nacional. Reconstruímos com obras de qualidade, mais de 400 quilômetros de rodovias-Como Palmas a Paraiso – Porto a Brejinho e até Aliança; mais de 300 km na região Sudeste do Estado que estavam intransitáveis. Além de deixar em caixa o recursos para construir a rodovia de Gurupi ao Trevo da Praia – de Lagoa da Confusão a Barreira da Cruz – a duplicação da rodovia de Araguaína ao Novo Horizonte. Deixamos assinada a duplicação de Palmas a Paraíso e estávamos fazendo o projeto para duplicar a rodovia de Palmas a Porto Nacional”, disse.

“Fizemos o projeto Tocando em Frente para destinar R$ 3 milhões para cada município, visando melhorar a qualidade de vida e gerar empregos a todos os tocantinenses”, disse.

Carlesse argumentou ainda: “Deixamos um planejamento para os próximos 30 anos para o Estado, com vários projetos importantes, com quase R$ 2 bilhões em caixa para executar. Enfim, fizemos o que precisava ser feito. Com atitude, coragem e muita responsabilidade para salvar o nosso Estado. Infelizmente, não deixaram que concluíssemos o nosso trabalho, para fazer do Tocantins um Estado muito melhor”, disse.

Maior dificuldade

“O mais difícil é o sentimento de revolta que dá na gente de ver o quanto o Tocantins estava mal administrado. Sem rumo. Sem projetos. Com um potencial enorme. Precisou vir um cara de fora da política, no caso eu, um empresário, pra colocar o Estado de novo no caminho certo. Tomar as decisões que precisavam ser tomadas. Ter atitude. Enfrentamos uma pandemia, mas graças a Deus já tínhamos organizado as contas do Estado e já tínhamos crédito com as equipes médicas e com os fornecedores e conseguimos cuidar do nosso povo”, comentou.

Para Carlesse, a organização das contas do Estado foi sua marca . “Pois isso resultou na volta da credibilidade e viabilizou os novos projetos e os que estavam parados. Se não fosse a reorganização das contas, o Tocantins estaria vivendo os piores momentos de sua história”, disse.

O que você considera o maior desafio?

“O maior desafio hoje é manter o Estado organizado e desenvolver os projetos, para gerar empregos e oportunidades. O Tocantins precisa abandonar esse modelo de politicagem, se quiser ser um estado desenvolvido. Quem gera empregos é a iniciativa privadas não o Estado. Temos visto que desde que saí o cabide de empregos voltou. Já tá subindo o índice da folha de novo e se não mudar, vai voltar ao que era até 2018, sem dinheiro pra investimentos”, alegou.

Mensagem dos 35 anos do TO

“O Tocantins é uma terra maravilhosa, que eu amo. Tem um povo bom, que acolheu a todos nós que viemos pra cá pra viver e pra investir. Temos que agradecer a todos que lutaram para que o Tocantins fosse criado. Foi uma luta de muitos. E em especial ao nosso eterno governador Siqueira Campos, pois se ele não tivesse a liderança e o pulso firme na tomada de decisões, não teríamos chegado até aqui. Minha mensagem aos 35 anos do TO é seguir com o trabalho. Pois o Tocantins tem tudo pra ser o melhor Estado do Brasil. Tem terras férteis, tem água em abundância, tem florestas, tem o Jalapão, o Cantão, a Ilha do Bananal, o Bico do Papagaio, riquezas naturais que só tem aqui. Temos que preservar e saber gerar riquezas para nossa gente”, disse.

E agora?

Questionado se Pretende disputar um novo cargo político nas próximas eleições ele disse:
“Essa é uma decisão pra ser tomada em grupo e a depender do momento. Meu desejo é sempre trabalhar pelo Tocantins”, disse.

Obs: A série trouxe entrevistas com vários ex governadores do Tocantins

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