Após a publicação do Manual de Procedimentos da Polícia Civil, que estabelece limitações à atuação policial e proíbe críticas ao governo, alguns delegados começaram a denunciar a situação de delegacias e as condições precárias de trabalho. Imagens publicadas em uma rede social mostram um prédio alagado e os agentes trabalhando no escuro por falta de lâmpadas.
O decreto assinado pelo governador Mauro Carlesse (PHS) foi publicado no Diário Oficial desta segunda-feira (11) e está sendo chamado de ‘Lei da Mordaça’. O texto determina proibições no repasse de informações para a imprensa. Além de impedir os delegados de criticarem autoridades públicas e limitar o cumprimento de mandados judiciais em repartições públicas.
Um vídeo publicado pelo delegado Bruno Boaventura, um dos responsáveis pela investigação do escândalo do lixo hospitalar, mostra uma delegacia alagada em Araguaína. Ele é um dos delegados regionais exonerados dos cargos de chefia durante as investigações do escândalo.
O mesmo delegado postou fogos do prédio com infiltrações e diversos produtos apreendidos amontoados. As imagens foram feitas na Delegacia de Investigação Criminal de Araguaína (Deic) há cerca de 15 dias.
Segundo funcionários, depois disso a unidade foi levada para um novo prédio e até a mudança foi custeada pelos delegados e agentes.
Delegado mostrou condições de delegacia no norte do Tocantins — Foto: reprodução/Instagram
Nesta segunda-feira, 11, pouco antes do governo publicar as proibições à Polícia Civil, a Justiça decretou o despejo de várias delegacias especializadas da capital por falta de pagamento do aluguel.
O prédio que abriga a delegacia de combate à corrupção de Palmas, por exemplo, deve ser desocupado em 15 dias. A dívida do Estado com o dono do local seria superior aos R$ 200 mil.
O presidente do sindicato dos policiais civis, Mozart Felix, também denunciou a situação das delegacias no estado. “[…] Nos não temos serviço de manutenção nas delegacias, serviço de conservação, de limpeza, tivemos problemas recentes com falta de pagamento dos aluguéis de viatura ou de combustível de viatura, mas nada disso é levado em consideração”, afirmou.
Também nesta segunda-feira (11), o delegado Guilherme Rocha divulgou que todos os auxiliares de serviços gerais e funcionários que faziam o serviço de vigilância da Delegacia de Crimes a Administração Pública (Dracma) foram exonerados.
Entenda
O decreto do governador Mauro Carlesse (PHS) que estabeleceu diversas limitações para a Polícia Civil segue recebendo críticas por parte dos delegados. Alguns chegaram a classificar as normas como ‘Lei da Mordaça’.
A medida vem após uma série de atritos entre a Polícia Civil do estado e o Palácio Araguaia. O conflito começou após o governo exonerar delegados que investigavam políticos próximos ao governador de cargos em delegacias regionais.
O Palácio Araguaia sempre negou que estivesse interferindo no trabalho da polícia, mas a questão acabou indo parar nos tribunais.
Fonte: G1