Equipe Gazeta do Cerrado

A servidora do Município de Chapada de Natividade, Maria Otacília Oliveira de Jesus renunciou ao cargo efetivo de Assistente Administrativa e alega perseguição política por parte do prefeito da cidade, Joaquim Ursino.

Ela fez uma carta de renuncia para o prefeito. A servidora tomou a decisão de abrir mão do cargo para o qual eu concursada após ter sua cessão para o Estado revogada por parte da gestão. Ela era diretora de escola Estadual Fulgêncio Nunes.

“Não consigo vislumbrar nenhuma explicação plausível por parte de vossa excelência para a revogação de minha cessão, uma vez que esta, não onerava o município, pois era com ônus total para o Estado, dificulta ainda mais o entendimento, quando analisamos a real situação dos servidores municipais, que se encontram amontoados cumprindo suas carga horária sentados em bancos nos corredores dos órgãos, sendo assim me recuso a ser mais uma pessoa sem função determinada, não justifica o meu retorno neste momento, pois iria apenas onerar ainda mais o nosso município, sem falar que vossa excelência somente revogou o ato de cessão e me notificou para retorno, após meu nome ser publicado no Diário Oficial, para o cargo de Diretora Escolar, o que pode ser entendido como “Perseguição”, palavra esta que faço questão de desconsiderar, por não mais importar”, alega.

Ela afirmou à Gazeta que teme continuar sendo perseguida pelo prefeito. Nossa equipe tentou falar com o gestor por telefone mas não conseguiu.

Veja a íntegra da carta de renuncia da servidora:

Chapada da Natividade, 19 de março de 2019.

A Sua Excelência o Senhor,

JOAQUIM URCINO FERREIRA

Prefeito Municipal de Chapada da Natividade-TO.

Carta de Renúncia

Cumprimento-o cordialmente, em atenção a notificação expedida por Vossa Excelência, no dia 15/03/2019, onde me noticiou da revogação da cessão ao Estado do Tocantins, cessão esta que fora concedida por Vossa Excelência até o ano de 2020.

Após ler tal notificação, de imediato, confesso que fiquei muito triste, não pelo fato de ter que retornar ao meu cargo efetivo, mas em perceber que o gestor municipal, pessoa que deveria zelar pela inclusão dos Chapadenses nos cargos de chefia, não suporta vê-los em tais condições, isso me fez refletir e pude entender vossa ilustre decisão, pois é público e notório que não há sequer “um” Chapadense ocupando cargo de chefia em vosso mandato.

Não consigo vislumbrar nenhuma explicação plausível por parte de vossa excelência para a revogação de minha cessão, uma vez que esta, não onerava o município, pois era com ônus total para o Estado, dificulta ainda mais o entendimento, quando analisamos a real situação dos servidores municipais, que se encontram amontoados cumprindo suas carga horária sentados em bancos nos corredores dos órgãos, sendo assim me recuso a ser mais uma pessoa sem função determinada, não justifica o meu retorno neste momento, pois iria apenas onerar ainda mais o nosso município, sem falar que vossa excelência somente revogou o ato de cessão e me notificou para retorno, após meu nome ser publicado no Diário Oficial, para o cargo de Diretora Escolar, o que pode ser entendido como “Perseguição”, palavra esta que faço questão de desconsiderar, por não mais importar.

Ressalto nobre gestor, de forma bem resumida algumas das motivações que me fizeram tomar esta decisão.

Sou filha de lavradores, com muito amor e orgulho, chapadense, quilombola, Sou mulher, mãe de três filhos, fui criada aqui mesmo, estudei e concluí o ensino médio no colégio Estadual Fulgencio Nunes, onde ocupo o cargo de Diretora, fui uma jovem normal. Com anseios e sonhos, me lembro excelência, que no ano de 2003, quando estava desempregada e grávida do meu segundo filho, recebi em casa, a visita de vossa esposa, a mando de vossa Excelência, para me convidar para trabalhar no Colégio Estadual Fulgencio Nunes, diante da situação que me encontrava, não hesitei e aceitei, trabalhei por seis meses e até hoje não recebi um centavo, nunca assinei nenhum contrato, e sempre que o procurava o senhor se negava. Naquela situação de mulher grávida e desempregada, tinha tudo pra desistir, mas não desisti, aproveitei para me dedicar ainda mais no que eu realmente queria. No ano de 2011, consegui ser aprovada neste concurso municipal, ainda assim achei que podia mais, fui então para Dianópolis estudar numa Universidade o curso de Direito, me formei então em 2017, e bem no finalzinho deste ano, por questões familiares tive que voltar, por ironia do destino em janeiro 2018, fui convidada a ser Diretora do justo Colégio “FULGENCIO NUNES”, aceitei e trabalhei duro excelência. Neste ano de 2019, novamente fui convidada a continuar na Direção, de imediato não aceitei, mas ao pensar com calma vi que era a decisão mais acertada, pois desta forma posso permanecer na minha cidade e perto dos meus.

Como é do conhecimento de vossa excelência, sabemos que há dentro do Ordenamento Jurídico, procedimentos chamados de “remédios constitucionais” que facilmente me resguardaria o direito a permanência no meu cargo, acontece que eu como uma boa “QUILOMBOLA”, forte e acostumada com a luta, sinto que preciso alçar novos rumos e alcançar novos objetivos. Como bem sabe, o bom quilombola não mais aceita cabresto, “somos donos dos nossos destinos e nós mesmo é que decidimos o que queremos ser e fazer”.

Diante de toda situação exposta, comunico a vossa excelência a decisão que tomei em renunciar ao cargo efetivo de Assistente Administrativo, Essa decisão é irrevogável e irretratável, a partir da data de hoje, solicito o desligamento total do quadro de servidores efetivos deste município.

No mais senhor gestor, deixo aqui, meus sinceros votos de respeito e de boa sorte, luz e sabedoria nesta sua gestão, não se esquecendo nunca que vivemos num país democrático, onde o respeito pelas decisões do próximo devem prevalecer.

Respeitosamente,

Maria Otacília Oliveira de Jesus