No dia 24 de abril, o periódico Journal of Geophysical Research, mantido pela União Americana de Geofísica, publicou uma pesquisa conduzida por um grupo de cientistas que parece ter resolvido um enigma que os intrigava desde 2017. No estudo, chamado “Atmospheres”, os pesquisadores indicam ter encontrado a causa de um gigantesco buraco no meio do gelo da Antártida.
Chamados de polínias pelos especialistas, esses buracos não são tão incomuns, mas quando esta polínia foi descoberta, em setembro de 2017, tinha mais de duas vezes a área da cidade de São Paulo. No final de outubro do mesmo ano, quando atingiu sua área máxima, chegou a medir quase o tamanho da Irlanda.
Polínia Maud Rise (Fonte: NASA Worldview/Reprodução)
De acordo com os cientistas, a imensa polínia foi causada, possivelmente, por um poderoso ciclone que se formou no mar de Weddel, na Antártida, antes de migrar para o leste, no mar de Lazarev. A polínia surgiu na região sobre a montanha submarina chamada Maud Rise. Anteriormente, polínias com essas dimensões só foram registradas na década de 1970 e no mesmo local, o que sugere que o evento não foi um acidente.
Como surge uma polínia gigante
David Holland, do Instituto de Pesquisa da Abu Dhabi, da Universidade de Nova York, e principal autor do estudo, explicou que o ciclone empurra o gelo, criando um buraco nas geleiras. Nesse movimento, a água da superfície, mais fresca, pode se misturar à água do fundo do oceano, que está mais morna.
Esse processo pode durar meses, enquanto o gelo continua a derreter e o buraco vai aumentando, até que a água da superfície volte a se resfriar a ponto de congelar novamente, fazendo o buraco regredir.
Para Torge Martin, meteorologista e modelador climático do Helmholtz Center for Ocean Research em Kiel, Alemanha, o estudo “Atmospheres” agrega uma indispensável contribuição para explicar a ocorrência das polínias.
Os cientistas ainda afirmaram que polínias dessa magnitude podem se tornar mais comuns, já que o aquecimento global intensifica o surgimento de ciclones na Antártida. Com isso, as correntes oceânicas poderiam sofrer drásticas alterações.
Fonte: TecMundo
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