A tradicional e mítica saga dos azarões, o tipo de historia que no cinema sempre nos traz emoção, assim podemos descrever a historia do julgamento de Paris feito em homenagem ao bicentenário da independência americana em 1976, alguns dos mais tradicionais vinhos de Bordeaux e Borgonha na Franca contra as desconhecidas novidades da costa oeste dos Estados Unidos.
Hoje os condados de Napa e Sonoma da Califórnia, EUA, são instituições do vinho reconhecidas mundialmente, e há 40 anos atrás eram ilustres desconhecidos. O cenário de exploradores e aventureiros que víamos nos filmes do Velho Oeste não estava muito longe da realidade. Eram pioneiros que imaginaram que aquele terreno montanhoso e árido poderia ser propício para plantar uvas viníferas.
Do outro lado tínhamos plantações seculares , verdadeiras lendas do mundo do vinho, os tintos como os Château Haut-Brion
e Château Lafite Rothschild
e os clássicos Chardornnays da região oeste Francesa estavam na ponta da língua de pretenciosos mundo afora, não que sejam ruins,
mas até aquele momento eram considerados inatingíveis, principalmente quando se pensava nos emergentes produtores de vinhos (EUA, Chile, Argentina, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia principalmente) de vez em quando os Italianos, quem sabe um Vega Sicilla espanhol, mas um vinho estadunidense jamais.
Até que um belo dia, um negociante de vinhos inglês radicado em Paris, resolveu diversificar, pensando mais em Marketing do que em causar uma revolução, viajou ate a Califórnia para escolher 10 vinhos para sua loja, só que acabou se surpreendendo com o que viu e provou, assim, a luta de Davi contra Golias estava marcada e fora iniciada em plena capital francesa.
O júri contava com nomes indiscutíveis nesse meio, desde o dono do Domaine de la Romanée-Conti (provavelmente o produtor dos vinhos mais caros do dito pais europeu),
sommeliers de restaurantes 3 estrelas no guia Michelin como Taillevent e Tour d Argent e uma única mulher editora da mais importante revista de vinhos francesa. A degustação as cegas se provou eficiente e surpreendente, os americanos venceram.
Entre os brancos o grande vencedor foi o Chateau Montelena 1973 com 132 pontos,
estre os tintos o Stag’s Leap CASK 23 Cabernet Sauvignon (que inclusive quase me fez perder um voo) com 127,5 pontos,
a surpresa e a expressão de poucos amigos dos franceses foi marcante, o rei estava deposto e o mundo começava a descobrir que nem sempre o mais caro e necessariamente o melhor. Boa semana e bons vinhos.