Unir as belezas da capital tocantinense à tradição das aldeias
indígenas do Estado esse é o objetivo de um projeto de etnoturismo que
foi apresentado nesta semana por empresários do trade turístico a um
grupo de convidados que incluiu representantes da Agência do
Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc),
produtores culturais e turistas, entre outros.

O ponto de partida foi a apresentação do projeto Vivências Tribais
Krahôs, que visa a formatação de roteiros etnoturísticos às aldeias da
Terra Indígena Kraolândia, situada nos municípios de Goiatins e
Itacajá, ao norte do Estado. “Apesar de ser um projeto de base
comunitária, nós temos o foco de retorno enquanto produto turístico”,
explicou o empresário Marcos Luz, diretor comercial da empresa Tekoá,
ressaltando que mesmo em processo de formatação, o projeto já é um
sucesso. “A aldeia se tornou uma grande parceira”, comemorou.

“Quando se destrói a identidade de um povo, se destrói a própria
vida”, ressaltou lembrando que as lideranças da aldeia Manoel Alves
afirmam que a localidade está mais limpa, a saúde dos moradores
melhorou, o consumo de álcool reduziu e os jovens estão motivados.
“Nós temos um propósito além do mercado, de promover o que chamamos de
‘troca justa’, após séculos de exploração. Além disso, esse projeto é
uma vitrine internacional”, comemora Luz.

A superintendente de Turismo da Adetuc, Maria Antônia Valadares,
concorda com o empresário. “O etnoturismo no Tocantins tem grande
potencial de atração do turista internacional, já que há uma demanda
grande de visitantes que buscam o turismo de experiência no Brasil”,
ressaltou.

Mas para chegar a este ponto ainda será preciso muito trabalho.
Parceiro no projeto, Fernando Schiavini, indigenista há mais de 40
anos, 32 deles dedicados ao povo Krahô, lembra que este povo tem uma
cultura belíssima e vive na maior área de cerrado preservada do país,
com 302 mil hectares demarcados. São 3.500 indígenas habitando em 32
aldeias. “O turismo nos Krahô é algo perseguido há muito tempo; eles
são bons anfitriões, são universalistas, o que estamos tentando fazer
é levar profissionalismo, mas com muito respeito”, explicou.

Neste feriado prolongado, um grupo será levado para a aldeia, onde
acompanhará o ritual de fim de luto, chamado PàrCahàc. Segundo
Schiavini, a proposta do projeto é seguir as festas do calendário
Krahô, para que não ocorram mudanças no modo de vida local e ao mesmo
tempo se arrecade fundos para estes mesmos eventos. O indigenista
enfatizou ainda que esta será a primeira vez que o ritual é realizado
para um não índio, o professor universitário e indigenista Vanderlei
Mendes, falecido há um ano. “Segundo a tradição, o espírito fica
próximo à família por um tempo, o ritual é a sua despedida
definitiva”, revelou.

Já o empresário de Palmas, proprietário de três flutuantes, Fernando
Macedo, lembrou que a parceria com a Tekoá e outras empresas de
turismo visa à criação de uma conexão dos turistas com a Capital, que
ainda é vista por muitos somente como ponto de passagem. “Queremos ser
parte integrante do turismo, fazer parcerias para que o turista que
vai ao Jalapão ou outra região turística saia do hotel e conheça os
atrativos de Palmas durante sua estadia na cidade”, concluiu.