Uma pergunta que deve passar na cabeça de cada futura mãe: Cafeína na gravidez faz mal para o bebê?

De acordo com a associação brasileira da indústria de café, cada brasileiro consome em média 83 litros de café por ano. Uma xícara de café possui em média de 60 mg a 150 mg de cafeína. Uma dose de café forte é capaz de aumentar a acuidade mental e sensorial em minutos, elevar a energia e aumentar o ritmo cardíaco. No entanto, uma xícara de café não é a única fonte de cafeína. Substâncias como chá verde, refrigerantes de cola, guaraná, chocolate, energéticos, remédios do tipo analgésicos, medicamentos contra gripe e inibidores de apetite também possuem cafeína – o psico-estimulante mais consumido no mundo. Contudo, ela pode oferecer sérios riscos à saúde quando consumida em excesso e grávidas e médicos devem estar atentos, pois o consumo exagerado de cafeína pode trazer complicações ao bebê em todas as fases da gravidez.

Isso porque a cafeína atravessa a placenta e a barreira hematoencefálica (estrutura que protege o sistema nervoso central), e por isso pode ser encontrada no líquido amniótico, no sangue do cordão umbilical, no plasma e na urina do bebê. Desde os anos 70 foram realizados diversos estudos que analisam a influência da cafeína na gravidez. Eles relacionam o abuso da substância com redução do crescimento fetal, prematuridade, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo.

Se você gosta muito de café, não se desespere. Você não precisa cortar totalmente a cafeína de sua dieta, basta controlar sua quantidade. Alguns pesquisadores sugerem que o consumo de gestantes se mantenha abaixo de 300 mg por dia. Já a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, defende que a ingestão deveria se manter abaixo de 200 mg diários (correspondente a duas xícaras de café coado ou uma xícara e meia de café expresso). Também existe a opção de café descafeinado. Saiba mais sobre ele na matéria: “Café descafeinado faz bem ou mal?”.

Apesar da divergência quanto a dose, a dica é maneirar no consumo e sempre consultar seu obstetra sobre alterações em sua dieta.

Por ser um estimulante, a cafeína não afeta somente a forma como a mãe se sente; também afeta a forma como o bebê se sente. Ela altera o ritmo cardíaco e o metabolismo, podendo fazer mal para o organismo do bebê e interferir no crescimento e desenvolvimento de células fetais.

De acordo com um estudo do departamento de obstetrícia e ginecologia da Univerdade de Medicina de Tohoku, no Japão, mulheres que consomem mais que cinco xícaras de café por dia têm maior incidência de aborto, parto prematuro, anormalidades cromossômicas, má formações congênitas e crescimento reduzido do feto. Outro estudo, publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology, confirma que grávidas com um consumo elevado de cafeína estão mais suscetíveis a sofrerem um aborto espontâneo no primeiro ou segundo trimestre quando comparadas com mulheres que não ingerem cafeína.

Um trabalho do Institut de Neurosciences des Systèmes (INS) investigou os efeitos do consumo da cafeína durante a gestação e a lactação em camundongos. Os pesquisadores concluíram que a ingestão de cafeína atrapalha o processo de construção do cérebro e causa um desequilíbrio. A substância proporciona um atraso de vários dias na migração de um grupo específico de neurônios gabaérgicos (que secretam ácido gama-aminobutírico, principal neurotransmissor inibitório do cérebro) para o hipocampo (região cerebral relacionada com memória e percepção espacial). Como consequência desse desequilíbrio, os filhotes se tornaram mais propensos a sofrer de epilepsia e apresentar convulsões febris, além de possuírem memória espacial menos eficiente.

A ingestão intensa de cafeína também está relacionada com com modificações em proteínas cruciais para o desenvolvimento e maturação das sinapses, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizada em roedores.

Outros estudos relacionam o consumo intenso de café com arritmia nos bebês e com um aumento do risco da criança desenvolver leucemia.

Nós sabemos que “somos aquilo que comemos”, mas isso ganha proporções ainda maiores durante a gravidez. Tudo aquilo que você ingere não só afeta a saúde da mãe, mas também do bebê. Por isso também é importante prestar atenção na alimentação durante o período gestacional. Hábitos alimentares, remédios, rotina de exercícios, estado psicológico, tudo deve ser levado em consideração. Serão esses elementos que irão nutrir o corpo da mulher e uma nova vida.

fonte: Ecycle

 

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