Cerca de 2 mil mulheres, de 110 povos indígenas distintos do Brasil estão reunidas em Brasília nesta terça-feira (13), para a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas. Com o tema “Território: nosso corpo, nosso espírito”, elas marcham contra o governo Bolsonaro e em defesa da demarcação de terras indígenas.
Organizada pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o evento, que teve início no último dia 9, com o Fórum Nacional de Mulheres, conta com a participação de cerca de 2 mil mulheres ― que compareceram à marcha.
Célia Xacriabá, 30, uma das organizadoras da marcha e representante da Apib, considera que, além de um significado político, a marcha é um espaço de troca.
“Nossa expectativa é de que trocas de narrativa, de história, da memória, possam fortalecer; ser um alimento para que elas voltem fortalecidas, que pensem no processo de gestão do território; no seu ser professora, parteira, raizeira, que essa troca de possa servir como conhecimento e cura”, diz.
A organização estima a participação de mais de 300 etnias, que se uniram no fim da manhã desta terça ao protesto contra o contingenciamento de verbas para a educação ― marcado para acontecer em várias capitais pelo Brasil.
A Polícia Militar estima em 1.500. Para a marcha, o governo autorizou o uso da Força Nacional. Até o momento, não houve confusão.
No dia 14, a Marcha das Mulheres Indígenas se junta à Marcha das Margaridas, realizada desde 2000 pelas mulheres do campo — quilombolas, ribeirinhas, trabalhadoras rurais e que combatem a mineração e seus efeitos. São esperadas 100 mil mulheres.
Contra Bolsonaro, pelas terras
Ações recentes do governo federal têm colocado questões indígenas em pauta. O presidente Jair Bolsonaro já defendeu a mineração em terras indígenas, questionou o assassinato de um índio no Amapá e tentou transferir da Funai (Fundação Nacional do Índio) para o Ministério da Agricultura a demarcação.
Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve a suspensão da medida provisória que transferiu a demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura. Assim, voltou a ser atribuição da Funai (Fundação Nacional do Índio), ligada ao Ministério da Justiça.
Nesta segunda (12), durante viagem ao Rio Grande do Sul, Bolsonaro afirmou que “cocozinho petrificado de um índio” pode atrapalhar licenciamento de obras e que é preciso integrar indígenas à sociedade, segundo a Folha.
“Quando falam em terminal de contêiner, vale a pena. Há anos um terminal de contêiner no Paraná, se não me engano, não sai do papel porque precisa agora também de um laudo ambiental da Funai. O cara vai lá, se encontrar —já que está na moda— um cocozinho petrificado de um índio, já era. Não pode fazer mais nada ali. Tem que acabar com isso no Brasil. Tem que integrar o índio na sociedade e buscar projeto para nosso país”, disse o presidente.
Ainda nesta segunda, cerca de 300 mulheres indígenas ocuparam o prédio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) em Brasília, para chamar a atenção do governo para a municipalização dos serviços de saúde à esta população e pedir a saída de Silvia Waiãpi, da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena).
Veja 15 imagens da 1ª Marcha das Mulheres Indígenas:
fonte: Huffpost