Os povos Indígenas Karajá e a Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju), por meio da Diretoria de Direitos Humanos, representaram o Tocantins na 1ª Multiação Araguaia/Tocantins, através do programa de saúde mental realizado entre os dias 13 e 17 de fevereiro, nas Aldeias Macaúba (Karajá), em Lagoa da Confusão (TO) e Hawolara (Tapirapé), em Santa Terezinha (MT). O evento contou com a organização do Ministério da Saúde, e o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) e demais entidades de base aos povos indígenas.
A referida ação teve o objetivo proporcionar momentos de interação entre os povos, troca de experiências, passando pelos seguimentos da educação, educação em saúde, disciplina, arte, valorização da cultura indígena, socialização e relações sociais dentro do processo ao qual estão inseridos. Além de sensibilizar a comunidade sobre a valorização da diversidade cultural dos povos indígenas e refletir o conjunto das reivindicações dos direitos sobre a saúde dos povos indígenas.
Para Maria Vanir Ilídio, diretora de Direitos Humanos da Seciju, ter saúde, no caso dos indígenas, é ter assegurado os direitos culturais, pois suas existências estão intimamente ligadas aos seus hábitos e costumes, ao direito de poder usufruir seus territórios. “Um encontro como esse, em que apoiamos, nos faz contextualizar o sofrimento mental dos nossos povos, e principalmente entender a complexidade de ser/estar dos indígenas”, ressalta.
De acordo com o psicólogo Wesley Leão, coordenador do projeto Multiação, o álcool e outras drogas têm entrado na comunidade indígena. “Com a entrada dessas substâncias químicas nas aldeias, pesquisas apontam o desenvolvimento de depressão, prostituição, casos de suicídio, e também de outros fatores que contribuem para que a comunidade passe por momentos difíceis”, afirma.
O psicólogo lembra ainda que o melhor caminho, pensando em atenção básica, é a prevenção. “Com a 1ª Multiação além prevenirmos a depressão, prostituição e o suicídio nas comunidades, buscamos também precaver essas questões com os jovens para que possamos não só disponibilizar ferramentas terapêuticas ocupacionais, mas inserir a conscientização entre os povos”, explica Leão.
A 1ª Multiação Araguaia/Tocantins contou com a presença de médicos, dentistas, psicólogos e enfermeiras que realizaram palestras, dinâmicas, danças, jogos, entre outras atividades, com o objetivo de levar uma conscientização ampliada às comunidades e uma melhor qualidade de vida, tanto mental, quanto física aos povos indígenas.