O novo programa social Criança Feliz, realizado no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), tem início com um problema de subfinanciamento, agravando a já difícil realidade enfrentada pelos Municípios. O alerta consta de estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), que apresenta os contrastes existentes no programa, tanto em relação ao financiamento quanto ao escopo técnico da ação.

criança feliz

A entidade calculou o porcentual de investimento do governo federal em relação ao custo real aos Municípios. A Lei Orçamentária Anual de 2017 prevê a autorização de aproximadamente R$ 328 milhões para as ações do Programa Criança Feliz neste ano. No entanto, estimava da CNM – que considerou duas hipóteses de remuneração aos profissionais – aponta que os Municípios que aderirem ao programa gastarão, no mínimo, mais do que o dobro do valor repassado pelo governo federal apenas com a folha de pagamento das equipes de referência.

O programa determina o repasse a Municípios com até 20 mil habitantes, por exemplo, de um teto mensal de R$ 5 mil. Porém, os gestores municipais terão – na melhor das hipóteses – um gasto de aproximadamente R$ 14 mil por mês relacionadas apenas ao pagamento de pessoal. Para Municípios de outra faixa a situação se agrava. Os de médio e grande porte têm um teto de cofinanciamento federal de R$ 10 mil por mês, mas deverão gastar quase R$ 57 mil.

A Confederação alerta que o programa não engloba os custos de operacionalização. O recurso se concentra apenas em uma parte do custeio – o pagamento de pessoal –, deixando de lado as demais despesas. Além disso, o Criança Feliz apresenta uma série de ações já realizadas pela política de assistência social, tais como as relacionadas ao fortalecimento de vínculos executados em programas como Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif).

Falta de normatização
A CNM alerta, ainda, que o Criança Feliz é mais um programa criado por meio de resolução e decreto. E ambas não levam em consideração fatores complementares necessários para garantir o funcionamento do programa, e, assim, garantir o atendimento à população. Dessa forma, as lacunas em relação a questões como reajustes em seu financiamento indicam a possibilidade dos valores de cofinanciamento federal serem congelados.

Veja, aqui, o estudo completo.