Um dos endereços alvos de busca e apreensão da Operação Imhotep da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira, 2, é de Irisfran de Sousa Pereira, chefe de gabinete do deputado estadual Amélio Cayres (SD). Na decisão que autorizou a operação, a PF afirma ver ‘relação de proximidade’ entre o servidor e integrantes da suposta quadrilha. Um dos elementos utilizados pelo delegado Allan Reis de Almeida para sustentar a afirmação é o fato de que nomes de parentes de Irisfran de Sousa foram usados na abertura de uma das empresas investigadas. Se trata da Coopertransmed, que transporta estudantes pela zona rural até escolas da região em várias cidades.

A PF prendeu quatro pessoas na operação:

  • João Paulo Silveira – Já era investigado pela Polícia Civil na operação ONGs de Papel. Ele é apontado como o verdadeiro dono da Coopertransmed.
  • Jacianny Amaral Maciel Silveira – Esposa de João Paulo e supostamente responsável por gerenciar pagamentos da empresa.
  • Joaquim Alves da Silva Júnior – Segundo a PF, era o braço direito de João Paulo e também tinha relação com a cooperativa.
  • Dagna Martins da Cruz Sousa – Pregoeira nas cidades de Sampaio, Aguiarnópolis e Augustinópolis que teria ajudado o grupo nas fraudes.

Durante as audiências de custódia, o juiz decidiu por conceder prisão domiciliar para Jacianny e Dagna e manter as prisões preventivas de João Paulo Silveira e Joaquim Alves. As duas mulheres terão que cumprir uma série de medidas cautelares.

Outro lado

A Prefeitura de Palmeiras do Tocantins informou que a Polícia Federal fez buscas no local para averiguar documentações referentes a processos licitatórios, com a empresa intitulada Cooperativa de Trabalho dos Transportadores e Médicos do Norte e Nordeste do Brasil.

A prefeitura informou também que toda a documentação solicitada foi exposta e que a investigação não tem relação com a atual gestão municipal ou com os servidores do município.

O gabinete do deputado Amélio Cayres ainda não comentou a decisão. A defesa de João Paulo Silveira e Jacianny Amaral Maciel Silveira disse que só vai se manifestar após a audiência de custódia.

A defesa de Dagna Martins declarou que acompanhou o caso, o depoimento dela na Polícia Federal de Araguaína e que a prisão foi na verdade meio de apurar informações e colher declarações acerca da investigação. Disse ainda que por se tratar de inquérito que tramita em segredo de justiça, não prestará informações acerca dele. Declararou também que a cliente não praticou nenhum delito e que provará sua inocência no curso da ação penal. Se houver a denúncia por parte do Ministério Público Federal.

Investigação

A investigação teve início com a notícia apresentada por um morador de uma das cidades do Bico do Papagaio, narrando irregularidades na contratação de uma falsa cooperativa de transporte. Ainda segundo ele, os sócios da instituição eram assessores parlamentares de um deputado do Tocantins.

A Polícia Federal e Controladoria Geral da União identificaram através das investigações uma organização criminosa que fraudou, mediante pagamento de propina, mais de 20 processos licitatórios. Cinco empresas ligadas ao grupo criminoso foram favorecidas.

Conforme a CGU, no decorrer das investigações, foi apurado que entre os anos de 2017 e 2018 a cooperativa de fachada, cujo capital social é de R$ 6,5 mil, foi favorecida por empenhos em 19 municípios, totalizando mais de R$ 16,6 milhões, em contratos superfaturados e prestados de forma integral por terceiros. O dano aos cofres públicos apurado é de aproximadamente de R$ 2,8 milhões.

*Com informações no G1 TO