A busca por aceitação social aponta para um novo perfil de pessoas com vício em crack. A pesquisadora da Universidade de São Paulo, Patricia Hochgraf, relata que a busca por um corpo que se enquadre nos padrões de beleza tem feito, principalmente mulheres, recorrerem ao crack, como um subterfúgio para emagrecer de forma rápida.

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Patricia é médica psiquiatra, e em seus relatos indicou o atendimento de mulheres, que nunca haviam utilizado qualquer tipo de droga, lícita ou ilícita, dependentes do crack. Elas buscaram na droga uma forma de emagrecimento, medida conhecida vulgarmente como a dieta do crack, que acabou acarretando em suas vidas uma diversidade de problemas.

Uma reportagem veiculada pela TV Record neste domingo, 2 de abril, durante o Repórter em Ação, confirmou essa triste realidade. A equipe de jornalismo da emissora foi a chamada cracolândia em São Paulo, uma das maiores cenas de uso de drogas do país, para entrevistar algumas pessoas que enfrentam, uma doença mais grave que a obesidade: a dependência química.

A matéria contou o caso de um jovem que buscou na droga o alívio da rejeição por conta do excesso de peso. Em todos os casos, mostrados pelo programa, o emagrecimento foi apenas ilusório, e hoje eles tentam se livrar do vício para recuperar a vida que perderam.

Patologia
Considerada transtorno mental, em que o portador do distúrbio perde o controle do uso da substância – e consequentemente vê vida psíquica, emocional e física se deteriorar gravemente – a dependência química deve ser tratada com ajuda de profissionais e especialistas. Os portadores de transtorno biopsicossocial não escolhem ter a doença, e assim como ocorre com outras doenças, o dependente químico pode buscar ajuda para controlar sua adição e entender o ciclo da doença.

Segundo um levantamento nacional realizado sobre álcool e drogas, o Brasil tem hoje 2 milhões de usuários de crack. Uma droga que se alastrou silenciosamente país a dentro, chegando a áreas rurais e até indígenas.

Municipalismo
Para a Confederação Nacional de Municípios (CNM), que trabalha com a temática desde 2011, há muito a ser feito. A política de drogas existente ainda condena a população mais vulnerável e com pouco estudo. Percebe-se uma lacuna nas áreas de tratamento e reinserção social do usuário de drogas. Existe a necessidade de aproximar as três esferas de governo para implementar uma política que contemple a todos.